sábado, 22 de maio de 2010

ΨTRANSTORNOS ALIMENTARES 3


*TRATAMENTO OBESIDADE: Admite-se que a porcentagem de gordura corporal deve situar-se entre 15 e 18% para o sexo masculino e entre 20 e 25% para o sexo feminino. Podem ser considerados obesos os homens com percentual superior a 25% e as mulheres com mais de 30%.

- Considerar os fatores psicológicos envolvidos na obesidade é importante, tanto para se pensar sobre suas causas, quanto em seu tratamento. A hiperalimentação pode refletir um distúrbio ansioso, um distúrbio afetivo, um transtorno alimentar (do tipo compulsão alimentar) e mesmo um desarranjo na dinâmica familiar.

- Não é raro constatar mães (ou pais) que super alimentam seus filhos, talvez como uma espécie de compensação para outras emoções; seja de culpa, seja por frustrações passadas, seja como manifestação distorcida de amor...

- A hiperfagia (excesso de fome) pode ser uma resposta a situações de estresse, pode ainda servir para compensar dificuldades na interação social, nos conflitos sexuais e nas relações interpessoais.

- As pessoas magras normalmente pensam na comida , quase só quando sentem fome. As obesas, por outro lado, costumam pensar em comida o tempo todo e se sentem estimuladAs à comer nas mais variadas circunstâncias, no horário das refeições, num shopping center, ao sentirem cheiro de comida ...

- Todo paciente obeso deve, antes de iniciar qualquer tratamento sério, passar por um exame clínico completo, eventualmente complementado por alguns exames laboratoriais, para que possa se assegurar de não ser portador de doenças que se acompanhem de obesidade, como é o caso, por exemplo, do hipotireoidismo.

- O tratamento da obesidade simples, por sua vez, de baseia no tripé dieta, exercício físico e estabilidade emocional.

- Quando está envolvida uma razão emocional para a obesidade, podemos estar diante de um círculo vicioso: ansiedade (ou depressão), comer demais, obesidade, mais ansiedade (ou depressão), voltar a comer demais... e assim por diante.

- Por outro lado, uma das atitudes mais incorretas em relação à obesidade é, de um dia para o outro, cortar tudo e passar à dieta zero.
- Considerando que a grande maioria dos obesos são consequências da persistência de erros alimentares, é importante um diagnóstico nutricional e uma orientação dietética profissional, com o objetivo de mostrar o valor calórico de cada alimento e elaborar um cardápio adaptado à vida e rotina da pessoa.

- Segundo Mary Lane Almeida, para o tratamento da obesidade infantil, algumas orientações para os pais:
1. Não proibir alimentos, apenas determinar a porção a ser servida;
2. Estabelecer horários;
3. Ensinar a comer devagar e mastigar os alimentos;
4. Não fazer refeições assistindo televisão;
5. Diminuir gradativamente a quantidade de alimentos;
6. Não proibir sanduíches, desde que elaborados com alimentos pobres em gorduras;
7. Mude o hábito alimentar familiar se preciso;
8. Estimule atividade física regular;
9. Consulte um especialista na área ao menor sinal de perda de controle alimentar.

- Andrea Karla de Lima Alves, elabora a seguinte lista:
1. Cortar calorias nas refeições: os pais não devem superalimentar seus filhos à mesa. Se o cardápio é sempre muito calórico, talvez seja hora de repensar os hábitos alimentares da família em benefício da criança. Estudos comprovaram que os hábitos alimentares dos pais contribuem para o desenvolvimento da obesidade em crianças em idade escolar.
2. Limitar os lanchinhos: os pais não devem forçar seus filhos a comerem frutas e vegetais, ao invés disso, eles devem limitar a oferta de "guloseimas". A criança dificilmente aceitará frutas ao ter biscoitos e outras massas ao seu alcance.
3. Limitar Fast-foods: os pais devem reduzir gradativamente as saídas para lanchonetes;
4. Introduzir atividades físicas: a atividade física é indispensável para a criança queimar calorias reduzindo seu excesso de gordura.
5. Redução do tempo de TV: Estudos têm mostrado a relação direta entre assistir TV e a obesidade infantil.

DIETAS E EXERCÍCIOS
- Nenhuma proposta de tratamento pode ser considerado inválido se não incluir um plano nutricional individualizado, com vistas à diminuição na ingestão calórica. Trata-se de uma especialização dos profissionais nutricionistas.
- A maior dificuldade de tratamento está na indisposição e desinteresse das pessoas, tanto em relação à dieta, quanto aos exercícios. A maioria acredita que existem "remedinhos" milagrosos que fazem perder o peso. Aliás elas sempre lembram alguma amiga que consultou um determinado médico, o qual receitou uma certa fórmula e, plim-plim, sua amiga emagreceu 12 quilos.
- Algumas mulheres insistem em dizer que "não comem quase nada", apesar de obesas. Quando falamos nos exercícios, se apressam a dizer que não têm tempo e que a lida doméstica já é um "exercício e tanto". Gostam de fazer parecer ao médico que seu caso é, realmente, uma coisa misteriosa, um desafio à medicina. Aí, então, vem a frase final: "- Ah doutor, se eu não tiver algum remédio para ajudar, sei que não vou conseguir emagrecer."

TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
- O grande problema da psiquiatria é em relação ao que se espera dela. Uma coisa é verdadeira; o tratamento psiquiátrico, como qualquer outra área da medicina, é tão mais eficiente quanto mais clara é a doença a ser tratada. Isso quer dizer que o sucesso é proporcional à doença, ou seja; havendo doença a psiquiatria é eficiente, tanto na cura como no controle, não havendo doença a ser tratada, não acontece nada.

- Se a obesidade é resultado de anos seguidos de erro alimentar, de falta de vontade para uma dieta equilibrada, de falta de exercícios e vida sedentária, não se pode esperar muito da psiquiatria;

Por outro lado, se há diagnóstico de Transtorno Alimentar, seja Bulimia, Compulsão Alimentar, já se pode esperar uma atuação psiquiátrica melhor.

- No estresse, por exemplo, algumas pessoas desenvolvem um quadro de hiperfagia (comem demais). Trata-se de uma tentativa do organismo em compensar a necessidade aumentada de glicose, na ansiedade generalizada, além de ser possível que as pessoas tenham as crises de comer doces, outras vezes elas podem ter crises de comer qualquer coisa que faça volume. Chegam até a levantar à noite para limparem a geladeira. Isso pode ser um quadro de Transtorno Alimentar Noturno.

- Atualmente acha-se em estudo uma outra categoria comum de Transtorno Alimentar; o Transtorno do Comer Compulsivo ("binge-eating disorder"), na qual os pacientes apresentam episódios de voracidade fágica. As pessoas com este transtorno apresentam frequentes crises, durante as quais sentem que não podem parar de comer. Comem depressa, às vezes às escondidas.

ANOREXÍGENOS
- O fármaco ideal para tratamento da obesidade é ainda hipotético; trata-se de um medicamento capaz de emagrecer, sem privar os prazeres da mesa e nem alterar os hábitos alimentares. Esta droga ideal seria inócua e isenta de efeitos colaterais mesmo em longo prazo.. Infelizmente, até hoje isso não existe.

- Muitos trabalhos científicos publicados (Gastro News) documentam que os métodos não-cirúrgicos, isoladamente, não têm sido efetivos em obter uma perda de peso a longo prazo em adultos gravemente obesos.


Entretanto, o uso de medicamentos que inibem o apetite, chamados de anorexígenos, foi preconizado recentemente como tratamento a longo prazo dessa doença crônica. Sobre outras drogas anorexígenas, como é o caso da dietilpropiona, a associação com transtornos cardíacos não é documentada.

- Um dos agravantes para o insucesso dos tratamentos não-cirúrgicos da obesidade grave tem sido a alta taxa de desistência. Um terço dos pacientes desistem precocemente e a perda de peso final costuma ficar, acanhadamente, na média de apenas 1,5 kg.

- As anfetaminas representam o principal grupo das substâncias que inibem a fome. Sintetizadas pela primeira vez em 1887, as anfetaminas são drogas consideradas estimulantes, ou seja, estimulam ou aceleram o funcionamento do cérebro e do sistema nervoso central.
- De acordo com suas características farmacológicas, além de inibidoras de apetite, em doses altas as anfetaminas podem provocar um estado de grande excitação e sensação de poder. Seu uso ilícito se dá sob os nomes populares de bolinha, bola, rebite, etc.

O controle da comercialização das anfetaminas começa na década de 1970, quando elas passam a ser consideradas drogas psicotrópicas, sendo portanto ilegal seu uso sem acompanhamento médico adequado.

- As anfetaminas provocam dependência, podendo acarretar tolerância, que é quando há necessidade de aumentar-se a dose para se obter o mesmo efeito. Sua interrupção brusca pode causar a síndrome de abstinência, com grande mal-estar, tontura, irritabilidade, ansiedade aguda e outros sintomas do Sistema Nervoso Autônomo. Portanto, é imperioso o acompanhamento médico para os tratamentos que envolvem as anfetaminas.

- No mercado farmacêutico os nomes comerciais das anfetaminas são:
Dietilpropiona ou AnfepramonaDualid, Inibex, Hipofagin, Moderine
Femproporex
Lipomax, Desobesi
Mazindol
Dasten, Absten, Moderamin, Fagolipo, Inobesin, Lipese
- Os fabricantes desses produtos costumam acrescentar nas bulas que se trata de medicação adjuvante das dietas hipocalóricas, durante o tratamento de obesidade. Alguns até alertam para que a utilização desta classe de drogas deverá ser por tempo limitado a 4 semanas, somente para auxiliar a adesão à dieta hipocalórica e que o benefício que substâncias desta classe podem oferecer deve ser considerado à luz da relação custo-benefício.

- Não obstante, em doses adequadas e tomando-se o cuidado de uma supervisão médica continuada, além do uso concomitante de outros psicotrópicos compensadores dos efeitos colaterais, o tempo de tratamento pode ser bastante mais elástico. Para obesidade mórbida, entretanto, seu uso está sendo cada vez mais abandonado.

- A Dietilpropiona (Anfepramona) é o derivado anfetamínico mais utilizado no Brasil. Apesar da Anfepramona ser um anorexígeno potente, apresenta poucos efeitos colaterais.
- A Anfepramona age como neurotransmissor da noradrenalina, sendo o mais potente anorético. Seu local de ação predominante é nos núcleos hipotalâmicos laterais inibindo a fome. Porém, a Anfepramona tem um importante potencial de dependência, quando usado inadvertidamente e em doses altas.

- Outra anfetamina é o Femproporex, o qual também parece ser bem tolerado. É um anorexígeno de ação semelhante a Dietilpropiona, agindo como inibidor do centro da fome hipotalâmico, tendo a noradrenalina como neurotransmissor.

- No Brasil usa-se também o Mazindol, um derivado da imidazolina que se assemelha farmacologicamente aos antidepressivos pelo fato de bloquear a recaptação da noradrenalina e da dopamina.

MEDICAMENTO SEROTONINÉRGICO

- A serotonina é uma substância formada a partir da hidroxilação e descarboxilação do aminoácido triptofano que se distribui amplamente nos reinos vegetal e animal. Existem no hipotálamo ventro-medial receptores para serotonina relacionados com a indução da diminuição da ingestão alimentar. Os medicamentos a base de Dexfenfluramina foram retirados do mercado pela possibilidade de provocarem lesões de válvulas cardíacas.

Fluoxetina: A Fluoxetina é um antidepressivo com propriedades anoréticas. Inibe a recaptação de serotonina nas terminações sinápticas.

- Atualmente, muitos casos de obesidade podem ser abordados como um fenômeno psicossomático. A obesidade considerada "reativa" é aquela com etiologia emocional e, normalmente, se caracteriza como fenômeno "io-io" ou "sanfona", tendo em vista seu aspecto cíclico de emagrecimento-gordura.

- Inerente a este tipo de obesidade, reativa e cíclica, têm sido encontrado casos de depressão e ansiedade - Utilizando-se da escalas de Hamilton para depressão e para ansiedade, Resch et al (10) estudaram 29 obesos. A prevalência de transtornos por gula ou compulsão para comer foi de 57% e de bulimia nervosa foi de apenas 3%. O tratamento de todos foi com fluoxetina, um antidepressivo inibidor seletivo da recaptação de serotonina, associado à Terapia Cognitivo Comportamental. Os resultados foram bons.

Sibutramina: A Sibutramina tem tanto uma ação serotoninérgica, inibindo a recaptação da serotonina, como também um efeito catecolaminérgio. Aumentando a serotonina a Sibutramina aumenta a sensação da saciedade, agindo também sobre a compulsão alimentar, enquanto que, aumentando outras catecolaminas, promove um efeito inibidor na sensação de fome.  No Brasil a Sibutramina tem os nome comerciais de Reductil e Plenty. 

 (Qualquer medicamento só utilizar sob prescrição médica!) 
(Fonte: Ballone GJ - Tratamento Psiquiátrico da Obesidade, in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2005.)

(Fatima Vieira - Psicóloga Clínica)

domingo, 16 de maio de 2010

Ψ DISTÚRBIOS PSICOSSOMÁTICOS 3

Ψ ENTENDENDO A CEFALÉIA
abordagem COGNITIVO COMPORTAMENTAL

- É reconhecida a necessidade de que o tratamento da dor crônica envolva profissionais de várias áreas. Esse reconhecimento da multidimensionalidade da dor crônica fez surgir, a partir dos anos 50s,
Centros Multidisciplinares, para o tratamento da dor crônica. Esses centros são cada dia mais frequentes em muitos países.
- O sucesso terapêutico requer esforço multidisciplinar, englobando várias áreas do conhecimento humano, que incluem a neurologia, a psicologia, a psiquiatria, a anestesiologia, a fisiatria, além da enfermagem.
- A abordagem Cognitivo-Comportamental tem sido cada vez mais utilizada para o tratamento da cefaléia persistente e outras dores crônicas, por considerar, as relações entre indivíduo e ambiente, procura articular o mundo interno do doente (cognições, pensamentos sentimentos e emoções) aos aspectos cognitivos afetivos e comportamentais do indivíduo, e seu mundo externo (comportamento individual e sociedade, resposta ambiental).
- Para isso busca instrumentalizar o doente para uma convivência com a dor menos penosa, além de fornecer toda a informação sobre o que é a doença, os fatores desencadeantes, as dores consequentes e o uso de medicamentos preventivos. Dor de cabeça ou cefaléia, é definida como sensação dolorosa na cabeça, pescoço e face. Existem mais de 150 tipos e podem ser primárias (causadas por distúrbios bioquímicos no cérebro que levam ao mau funcionamento dos neurotransmissores e/ ou receptores como a enxaqueca) ou secundárias (causada por problemas em qualquer região do corpo, podendo ter inúmeras causas). As cefaléias primárias são elas próprias o sintoma e a doença do indivíduo. As cefaléias quando crônicas (que duram meses ou anos) tornam-se profundamente problemáticas ou incapacitantes, transformando em grande sofrimento a vida dos indivíduos. A cefaléia crônica é, um grande desafio para os profissionais que buscam ajudar os indivíduos que se encontram nessa condição álgica. Apesar de existir várias formas de tratamento, nem um deles isolado pode resolver todos os tipos de dor. Por isso, na abordagem do doente de dor crônica, é muito freqüente se associar vários tipos de tratamentos paralelos. Essa associação deve ser planejada entre os vários profissionais de saúde envolvidos.
- Através da Psicoterapia Cognitivo Comportamental, o doente é levado a analisar a ligação entre pensamento, emoção, comportamentos e fatores ambientais, que contribuem, tanto para o surgimento, quanto para a perpetuação dos sintomas da doença. Procura-se estimular a aderência ao tratamento, substituir comportamentos que possam desencadear crises de cefaléias por aqueles que possam preveni-las e diminuir a percepção da dor.
- É importante instrumentalizar o paciente para que os desencadeantes e consequentes ambientais, alimentares e emocionais sejam controlados pelo mesmo. Busca-se, desta forma, que o indivíduo que sofre de cefaléia possa desenvolver uma reestruturação cognitiva dando uma resignificação a sua condição de saúde. 
- Durante o tratamento psicoterapêutico, avalia-se e trata-se a depressão e a ansiedade, que geralmente estão associadas à cefaléia crônica. A terapia objetiva reduzir os sintomas da cefaléia crônica, promovendo e estimulando o doente a desenvolver estratégias de enfrentamento mais adaptativas e eficientes, mudando as cognições distorcidas a respeito da doença e diminuindo os comportamentos de esquiva e sintomas psicológicos (ex: depressão, ansiedade e estresse), além de melhorar a percepção da qualidade de vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Nevralgias Cranianas e Dor Facial. Tradução autorizada pela Sociedade Brasileira de Cefaléia e pela Sociedade Internacional de Cefaléia 1997.
Classificação e Critérios Diagnósticos das Cefaléia, BECK, Aaron et alli.
Terapia Cognitiva da depressão. Porto Alegre: Artes Médicas,1997.
BECK, Judith. Terapia Cognitiva - teoria e prática. Porto Alegre: Artes Médicas,1997. CARLSON, N. L. (1998) - Physiology of Behavior - Ally and Bacon - Needham Heights, MA, USA - pp. 205-213 - ISBN 0-205-27340-8.
GRAEFF, F. G.; BRANDÃO, M. L.(Eds) (1999) - Neurobiologia das Doenças Mentais - São Paulo - Lemos .
Winnicott, Donald Woods. A Importância do Setting no Encontro com a Regressão na Psicanálise(1964). In: Explorações Psicanalíticas; D. W. Winnicott/ Clare Winnicott, Ray Shepherd & Madeleine Davis; Trad.: José Octávio de Aguiar Abreu- Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1994.
Winnicott, Donald Woods. O Conceito de Indivíduo saudável (1989). In:Tudo Começa em Casa; Associação Brasileira de Medicina Psicossomática – Regional São Paulo - 2004 -
Cláudio José da Silva - Psicólogo, Geisa Quental - Médica; João Paulo Correia Lima - Psicólogo; Maria Aparecida Borges - Fisioterapeuta; Osvaldo Amorim – Engenheiro; Sônia Maria Estácio Ferreira – Psicóloga.
(Fatima Vieira - Psicóloga Clínica) 



sábado, 15 de maio de 2010

Ψ NÓS OS PACIENTES PSICOSSOMÁTICOS

                                                   ...  porque a dor da alma é a mais profunda...

"Estar cheio de vida é respirar profundamente, mover-se livremente e sentir com intensidade." (Alexander Lowen)

“Um funcionamento inadequado da psique pode causar tremendos prejuízos ao corpo, da mesma forma que, inversamente, um sofrimento corporal pode afetar a psique pois a psique e o corpo não estão separados, mas são animados por uma mesma vida. Assim sendo, é rara a doença corporal que não revele complicações psíquicas, mesmo quando não seja psiquicamente causada.” (Jung).

“Quando o sofrimento não pode expressar-se pelo pranto, ele faz chorar os outros órgãos.” (William Motsloy)

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Ψ DISTÚRBIOS PSICOSSOMÁTICOS 2




. Amigdalite - Emoções reprimidas, criatividade sufocada
. Anorexia - Ódio ao extremo de si mesmo
. Apendicite - Medo da vida, bloqueio do fluxo do que é bom.
. Arterosclerose - Resistência, recusa de ver o bem
. Artrite - crítica mantida por longo tempo
. Asma - Sentimento contido, choro reprimido
. Bronquite - Ambiente familiar "inflamado", gritos , discussões
. Câncer - Mágoa profunda, tristeza mantida por muito tempo
. Colesterol - Medo de aceitar a alegria
. Derrame - Resistência. Rejeição a vida
. Diabetes - Tristeza profunda. Amargura. Vida sem doçura
. Diarréia - Medo, rejeição, fuga
. Dor de cabeça - Autocrítica, falta de valorização
. Dor nos joelhos - Medo de recomeçar, medo de seguir em frente
. Enxaqueca - Raiva reprimida. Pessoa perfeccionista
. Frigidez - Medo, negação do prazer
. Gastrite - Incerteza profunda, sensação de condenação , idéias mal digeridas
. Hemorróidas - Medo de prazos determinados, raiva do passado
. Hepatite - Raiva, ódio. Resistência a mudanças
. Insônia - Medo, culpa
. Labirintite - Medo de não estar no controle
. Meningite - Tumulto interior, falta de apoio
. Nódulos - Ressentimento, frustração. Ego ferido
. Pele (acne) - Não perdoa a si mesmo
. Pneumonia - Desespero, cansaço da vida
. Pressão alta - Problema pessoal duradouro não resolvido
. Pressão baixa - Falta de amor quando criança
. Prisão de ventre - Preso ao passado, medo de não ter dinheiro suficiente
. Pulmões - Medo de absorver a vida
. Resfriados - Confusão mental, desordem, mágoas
. Reumatismo - Sentir-se vítima, falta de amor, amargura
. Rinite alérgica - Congestão emocional, culpa, crença em perseguição
. Rins - Medo de crítica, do fracasso, desapontamento
. Sinusite - Irritação com pessoa próxima
. Tireóide - Humilhação
. Tumores - Alimentar-se de mágoas,
. Úlcera - Medo de não ser bom o bastante
. Varizes - Desencorajamento. Sentir sobrecarregado
• Câncer - Mágoa profunda, tristezas mantidas por muito tempo.
• Fibromas - Alimentar mágoas causadas pelo parceiro.
• Ronco - Teimosia, apego ao passado.
(Fonte: Louise L. Hay)

Ψ DISTÚRBIOS PSICOSSOMÁTICOS1

Segundo Fenichel toda doença poderia ser considerada "PSICOSSOMÁTICA", visto não haver doença inteiramente "somática" livre de influência psíquica.

. A resistência contra as infecções bem como todas as funções vitais, são incessantemente influenciadas pelo estado emocional até a mais "psíquica das conversões pode basear-se em facilitação puramente "somática".

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Wulff descreveu uma neurose que não é rara em mulheres e que se relaciona com a histeria, a ciclotimia e as drogas.
. O comportamento de uma pessoa é influenciado continuamente pelas suas necessidades instintivas inconscientes um exemplo seria o pigarro forçado habitual persistente, seca a garganta e resulta em faringite. Ou seja,uma atitude pouco usual que tem raiz em conflitos instintivos inconscientes, gera certo comportamento, que por sua vez causa alterações somáticas dos tecidos. Estas alterações não são psicogênicas diretamente, mas o comportamento da pessoa que iniciou as alterações este foi psicogênico.
. Nas disfunções hormonais feminina os distúrbios psíquicos que antecedem a menstruação (TPM), possuem um fator somático, a saber, as alterações físicas que se produzem na fonte dos impulsos instintivos. Por outro lado, a significação inconsciente da idéia de menstruação e a reação psíquica a esta significação também podem alterar os fenômenos hormonais.
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Nos casos em que há transtornos, o sentimento corporal pré-menstrual representa tensão, retenção (às vezes gravidez), sujeira, ódio por vezes relaxamento, limpeza, em certos casos frustração de desejos de maternidade.
. As pacientes alternam períodos de depressão nos quais se "empanturram" (ou bebem) e se sentem "gordas","inchadas", "desmazeladas", "grávidas" e deixam o ambiente também em desordem. Alternando períodos em que sentem-se exuberantes, esbeltas e se comportam com uma certa vivacidade. Esses sentimentos às vezes mostram uma ambivalência em relação à figura materna e consequentemente uma rejeição à própria feminilidade.

.TRATO GASTRINTESTINAL: Um bom exemplo de TRANSTORNO PSICOSSOMÁTICO que a Psicanálise interpreta como resultado físico de uma atitude inconsciente é a úlcera péptica. A pessoa que tem atitude exigente RECEPTIVO-ORAL cronicamente frustrada e que a reprimiu, manifestando com frequência comportamento muito ativo do tipo da formação reativa, mostra inconscientemente "fome de amor" permanente.
A palavra "fome" neste contexto é literal. É uma fome permanente que faz com que essa pessoa proceda como procede alguém que está esfomeado. A mucosa gástrica começa a secretar, do mesmo modo que no caso de quem está esperando comida, sem que esta secreção tenha qualquer outra significação psíquica específica. A hipersecreção crônica é a causa imediata da úlcera, e esta é a consequência fisiológica incidental de uma atitude psicogênica, não é satisfação forçada de impulso reprimido.
 


. SISTEMA MUSCULAR: Os efeitos físicos do estado de represamento emocional refletem-se facilmente no sistema muscular. É como se quisesse contrabalançar com uma pressão muscular externa a pressão internados impulsos reprimidos que procuram descarga motora.
Fenichel cita o exemplo de uma paciente que achava difícil falar durante o tratamento psicoterapêutico. Ficava visivelmente espástica sempre que tentava falar. Sentia-se contraída principalmente o tórax eos membros. Nõ conseguia "descarregar"/falar. Passada uma hora da consulta em silêncio, sentia-se exausta como se tivesse feito exercícios físicos intensos.


. APARELHO RESPIRATÓRIO: Na asma brônquica infantil o ataque é o equivalente da angústia. É um pedido de socorro que a criança dirige à mãe, na qual ela tenta introjetá-la pela respiração a fim de se sentir protegida.
. De acordo com French e Alexander o ataque de asma é reação ao perigo de separação da mãe; Que o ataque é uma espécie de equivalente de ansiedade e raiva reprimidos; O perigo de perder a mãe e de ser deixado só, sentimento que acompanha o indivíduo a vida inteira se não for devidamente elaborado.
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Outros exemplos são resfriados comuns de repetição (o medo de resfriar-se atrai certas pessoas paradoxalmente para situações que as tornam suscetíveis).
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E a "tosse nervosa" é, às vezes, sintoma de conversão, ou seja, identificação histérica com uma pessoa que tosse ou recordações infantis de tosse orgânicas persistentes nos primeiros anos de vida.


. PRESSÃO SANGUíNEA: Caracterizam-se os casos de hipertensão essencial por extrema tensão instintiva inconsciente; inclinação para a agressividade, mostra-se em pessoas que à superfície parecem muito calmas, não dando saída aos seus impulsos. A tensão interna não realizada parece ser, um dos componentes etiológicos da HAS, atuando por influências hormonais resultantes de conflitos inconscientes através da vasomotricidade e dos rins. A mais frequente incidência de hipertensão essencial no homem moderno deve ligar-se à situação psíquica dos indivíduos que, depois de aprender que a agressividade é má, tem que continuar a viver num mundo em que se exige quantidade enorme dela.

. CORAÇÃO E APARELHO CIRCULATÓRIO: Segundo Fenichel, tanto a raiva, a excitação sexual quanto a ansiedade se manifestam fisiologicamente em alterações circulatórias funcionais.
. Considera-se o coração o órgão do amor: bate rápido na raiva e no medo, dá a impressão de pesado quando a pessoa está triste. Toda sorte de "emoção inconsciente" pode exprimir-se em aceleramento do pulso.
. As reações vasomotoras gerais como enrubescimento, palidez, desmaio e tonturas, são bastante comuns nas neuroses, isto porque as expressões vasomotoras são as que mais aparecem nas manifestações físicas de todos os afetos e as reações vasomotoras são canais fáceis para descargas de emergência sempre que se bloqueia a descarga muscular.

Nesta perspectiva, ainda destacam-se as cefaléias psicossomáticas resultantes de conflitos inconscientes (tensões musculares específicas durante o sono) e as cefaléias de conversão (essas exprimem fantasias de gravidez).
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A investigação de pacientes que sofrem de enxaqueca mostra que eles são emocionalmente instáveis, amedrontam-se e deprimem-se com facilidade além de inibições sexuais.

. A PELE: A tendência da pele a sofrer a influência de reações vasomotoras e estas por sua vez, sendo evocadas por impulsos inconscientes, pode ser compreendida sob o aspecto das suas funções fisiológicas gerais.
. Considera-se quatro características da pele como revestimento externo do organismo, representando a fronteira entre este e o mundo exterior:
1. A pele como função protetora geral que examina os estímulos que chegam e em caso de necessidade embota-os ou até rejeita-os. Do mesmo modo que os músculos ficam rígidos inespecificamente na luta com os impulsos reprimidos, as funções vasomotoras da pele também servem de "armadura". Terá a fisiologia de explicar
de que maneira as alterações vasomotoras resultam em errupção das dermatoses.
2. A pele é zona erógena importante, se o impulso a usá-la como tal for reprimido, as tendências recorrentes à estimulação cutânea e contra esta encontrarão expressão somática em alterações cutâneos. Além dos estímulos táteis e térmicos, também a dor pode ser fonte de prazer cutâneo erógeno. Os conflitos sadomasoquistas constituem com frequência a base inconsciente das dermatoses. Tem-se referido que as irrupções de psoríase, representam às vezes, impulsos sádicos que se voltam contra o ego.

3. A pele, superfície do organismo, é a parte que externamente se vê, daí ser a sede da expressão de conflitos que giram em redor do exibicionismo. Daí também se encontrarem na base de certas dermatoses os mesmos conflitos inconscientes que se encontram em fobias ligadas à beleza e à falta dela, nos casos de temor social e medo do palco e de exibicionismo perverso.
4. Equivalentes da ansiedade também se podem localizar como reações cutâneas. Em certos indivíduos, os sintomas torturantes dos pruridos devem ser resultado psicossomático da sexualidade reprimida.

BIBLIOGRAFIA: Otto Fenichel - "Teoria psicoanalitica de las Neurosis"
(Fatima Vieira - Psicóloga Clínica)

terça-feira, 11 de maio de 2010

ΨTRANSTORNOS ALIMENTARES 2





OBESIDADE: H Bruch confronta a ANOREXIA e a BULIMIA







  


       



 . Problema da obesidade deve ser abordado a partir de dois fatos essenciais que ninguém contesta: 
De um lado as ingestões alimentares excessivas aumentam o peso, enquanto que as restrições alimentares (baixas calorias) o diminuem. Por outro lado, cada indivíduo rege de modo particular do ponto de vista ponderal aos excessos e as restrições alimentares.

. Segundo Royer, a fisiopatologia das obesidades é obscura e é impossível falar-se de obesidade em geral.
. Ele assinala fatores múltiplos eventualmente associados à origem das obesidades infantis: Excesso de entrada de tecido adiposo secundário por hipofagia (psicógena, hipotalâmica ou ambiental); Por inatividade (psicógena, social, paralítica); Por neglicogênese (hipercorticismo); Deficiência do metabolismo dos lipídiops do tecido adiposo por anomalia do controle extrínseco (endócrino e neurossimpático) ou do metabolismo autônomo (defeitos enzimáticos).


. Meyer observa que apenas 10% das crianças cujos pais tem peso normal apresentam excesso de peso; contra 40% das que tem apenas um dos pais obeso e 80% daqueles cujo pai e mãe sofrem desta enfermidade; 70% das crianças obesas tem os dois pais obesos.

. H Bruch em seus primeiros estudos (anos 30), enfatizou um PERFIL PECULIAR de criança obesa e sua constelação familiar, tema retomado na década de 70, considerando a criança obesa como resultado de uma compensação pela imperfeição na vida dos pais. A mãe parece querer moldar a criança à sua imagem.

. O que é importante é saber se a compulsão alimentar e a inatividade física estão associadas não apenas à história somática, mas também ao ajustamento social pobre a uma imaturidade emocional ou a uma maturidade defeituosa e conhecer o valor que adquire a compulsão dentro desta desorganização.

. Sabe-se que a criança cujas outras necessidades estão reprimidas ou insatisfeitas reage através de uma solicitação alimentar crescente e um desejo de satisfação imediata à alimentação, equivalente ao amor, tem um valor de compensação de reconforto,
aparentemente submissa ela se torna na realidade um tirano que não suporta a recusa.


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Assim nos conflitos da vida social a compulsão alimentar pode tomar o lugar da agressividade e o peso passa a ter um valor simbólico, há o temor de perder a sua força pelo emagrecimento (a gordura como proteção).

 
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A obesidade pode estar ligada a um distúrbio de personalidade. Ser obeso tem importância para a criança, se não encontra solução para suas dificuldades a obesidade serve de "proteção" para seus problemas. Mais do que todos os outros, este tipo de obeso resiste à dieta e quando lhe é imposta, torna-se fonte de
uma grande tensão.


.
Existe o obeso cujo estado é consequência de experiência emocional traumatizante, na qual a compulsão e a obesidade tem a função de protegê-lo da angústia e da depressão. E o obeso cujo estado se caracteriza sobretudo por uma impossibilidade de suportar as frustrações ou retardamento nas gratificações.

  
BIBLIOGRAFIA:  J.  de  AJURIAGUERRA - "Manual de Psiquiatria Infantil"
( txt elaborado por Fatima Vieira - Psicóloga Clínica)

sábado, 1 de maio de 2010

Ψ TRANSTORNOS ALIMENTARES 1

... quando a autoimagem fica distorcidaANOREXIA/ BULIMIA
 Segundo SPITZ, (Psicanalista Austríaco - 1887/ 1974), o comportamento da criança frente ao seio da mãe passa por diversas fases:
. No oitavo dia de vida ela responde aos sinais que são inicialmente os de sensibilidade profunda ou do equilíbrio;. Até o início do segundo mês de vida a criança reconhece o sinal do alimento apenas quando tem fome;
. Por volta do fim do segundo mês, ela reage à presença do adulto que se lhe aproxima quando ela chora porque tem fome. Então ela pára de gemer, abre a boca ou avança os lábios. Esta reação já ocorre quando a criança espera a mamada. Ela responde a um estímulo exterior em função apenas de uma percepção interoceptiva nascida de uma pulsão insatisfeita. É importante observar que após este período a criança fixa invariavelmente os olhos no rosto da mãe. O objeto que a satisfaz e a pessoa que dá esta satisfação estão intimamente ligados.

. Por volta do terceiro mês a criança reage à percepção das mamadas por modificações motoras ou por movimentos de sucção.

ANNA FREUD, (Psicanalista, 1895/ 1982), distingue duas satisfações diferentes: A satisfação da fome saciada e a satisfação erótica oral;
. A atividade oral é ao mesmo tempo, uma fonte de satisfação e uma necessidade biológica de nutrição.
. Desde o segundo ano a criança diferenciará entre a mãe e o alimento mas esta relação persistirá no inconsciente.
. O ato de mamar não responde unicamente à satisfação trazida pela alimentação, proporcionando também um prazer em si.
. A criança descobre que a excitação da boca e dos lábios provoca prazer, mesmo sem alimento. Ela suga o polegar que faz funcionar seu
automatismo de sucção a fim de obter prazer na falta do seio materno.
. São numerosos os autores que enfatizam sobre o interesse que se deve atribuir ao tipo de alimentação da criança em sua organização psicológica posterior, já que é admitido que a atividade de sucção desempenha seu papel nas primeiras organizações emocionais e está no foco de suas primeiras fantasias.
. Seria importante saber se a criança tira mais vantagens do aleitamento pelo seio ou pela mamadeira e se seria similar quando a criança é alimentada pelo seio ou mamadeira pela mãe ou por outra pessoa permanentemente. Isto implicaria de fato, problemas sociais: a alimentação pelo seio é uma servidão ou uma necessidade?
O que é certo, é que pode haver no aleitamento artificial todo o ritual e a segurança que comporta o aleitamento pelo seio.
Segundo ANNA FREUD, a noção de desmame também permanece ambígua enquanto não se separa de um lado, a passagem da alimentação pelo seio para a mamadeira e, de outro lado a passagem do aleitamento do seio ou mamadeira para os alimentos sólidos.
. As recusas alimentares quando do desmame brusco ou demasiadamente tardio pode se manifestar pela criança sob
forma de cólera diante da comida, de insatisfação em relação aos novos sabores, de uma falta de espírito de descoberta sob o plano alimentar, de uma falta de prazer na zona oral.
. Por vezes o desmame provoca um resultado oposto, isto é, BULIMIA e
medo de ter fome.
MELANIE KLEIN (1882/ 1960), refere que a experiência do desmame é o objeto amado primitivo que é sentido como perdido e, consequentemente, a angústia depressiva são reforçadas. Todo recém nascido (humano ou animal) possui desde o início da vida os elementos necessários para adquirir o comportamento frente ao alimento. Estes alimentos são de duas ordens, uns instintivos, naturais e não condicionados e outros adquiridos, ligados à educação e condicionados.
. É importante distinguir a FOME
do APETITE. A FOME é um estado somático provocada pela privação do alimento e resolvido após a ingestão do mesmo. Já o APETITE é um estado consciente caracterizado por um desejo de alimentar-se estreitamente condicionado por uma experiência anterior e provocado pelo interesse experimentado por este ou aquele alimento.
OS DISTÚRBIOS OROALIMENTARES NO LACTENTE: A anorexia do segundo semestre no desenvolvimento do bebê é a mais frequente (entre o quinto e o oitavo mês), quando da supressão progressiva do leite e da introdução de um regime diversificado, época em que ocorrem modificações extremamente importantes na vida do lactente.
Pode ocorrer dois tipos de anorexia: ANOREXIA DE INÉRCIA - a criança não se interessa, nem coopera, por vezes nem mesmo deglute, o leite escorre passivamente ou ele vomita o pouco que engoliu.
. ANOREXIA de OPOSIÇÃO: se caracteriza por reação de agitação intensa, recusa, rejeição e vômito. A criança trava uma verdadeira luta com o adulto.
Ao fim de um certo tempo a criança condicionará seus hábitos aos dos pais e esses se deixam tiranizar ou reagem com hostilidade tiranizando-a, a fim de vencer a "luta". 

- ANOREXIA NA SEGUNDA INFÂNCIA: Ela se organiza sob forma de oposição frente a rigidez dos pais (exigências quantitativas ou qualitativas, severa ordenação das refeições, obrigação de manter o mesmo rítmo que os adultos).
. A evolução desta anorexia não é comumente grave do ponto de vista fisiológico, embora crie em geral, o modelo do comportamento alimentar posterior.
. De um modo geral, são os pais hiperansiosos e hiperprotetores ou rígidos que organizam (ou desorganizam), por suas condutas frente à alimentação a personalidade de seu filho de um modo frequentemente patológico.

 
- ANOREXIA NA ADOLESCÊNCIA: Foi descrita na segunda metade do séc. XIX por Lasègue e Gull, como ANOREXIA HISTÉRICA. Frequentemente os sintomas aparecem próximo à puberdade. caracteriza-se por redução alimentar por motivos variados, no início eletivas (determinado alimento já não agrada mais) ou quantitativas (se refere a qualquer alimento).
. A anorética minimiza seu problema, ela reconhece que não tem fome e que isto não a impede de se sentir bem. Inicialmente suas atividades continuam preservadas e aumentam gradativamente.
. Com o decorrer do tempo as relações sociais e amorosas vão se tornando superficiais; Posteriormente negam totalmente a realidade dos fatos, quando pressionada a anorética reage por uma dissimulação organizada, cospe os alimentos, mente sobre seu peso, provoca vômito e as restrições alimentares podem se alternar com a bulimia. A família começa a se alarmar, transformando o problema como centro das preocupações familiares, predominando a pressão, o controle e o desespero.

- ASPECTOS PSICODINÂMICOS: Os conceitos psicodinâmicos evoluíram com o tempo, hoje considera-se que algumas garotas desejam emagrecer para se aproximar de um ideal feminino etéreo, romântico seguindo o apelo da mídia.
. Pode tratar-se de uma reação frente a uma certa obesidade adquirida pela mãe no período da menopausa.
. Na anorexia a necessidade fundamental, vital - A FOME - cuja não saciedade provoca um prazer orgânico intenso é levada a seu ápice(orgasmo da fome), como se a seu nível mais profundo, o do instinto, a perversão atuasse, trazendo uma satifação à não satisfação,(masoquismo).
. Segundo Selvini-Palazzoli, "não encontramos nunca entre os anoréticos o desejo consciente ou inconsciente de suicídio e não podemos falar de uma verdadeira depressão. Eles não suprimem completamente os alimentos, eles reduzem de maneira absurda e brincam com a morte como criança que a concebem como um jogo na qual se escondem, comportando com seu corpo de maneira mágica sem contato com a relidade."

- EVOLUÇÃO: A síndrome psíquica acompanha-se de uma síndrome somática caracterizada por emagrecimento considerável, perdendo até a metade do peso, palidez, olheiras,amenorréia, envelhecimento precoce. Os exames de laboratório evidenciam diminuição do metabolismo de base, aumento colesterol, hipoglicemia, aumento da sensibilidade à insulina, anemia com diminuição da taxa de hemoglobina.
- QUANTO AO TRATAMENTO: O ISOLAMENTO - grande número de autores admite que é impossível tratar a anorética no meio familiar; não deve receber visitas; ter acesso a qualquer correspondência durante tempo necessário para que se processe alguma melhora.

- PSICOTERAPIA Psicanalítica ou Cognitivo Comportamental ou outras, inclui familiares; Terapia Medicamentosa Associada.

Ajuriaguerra - Manual de Psiquiatria
 (Fatima Vieira - Psicóloga Clínica)

COMPANHEIROS!





Primeiro de Maio é uma data de luta companheiro. De luta por milhões de trabalhadores, de todas as épocas. É um simbolo companheiro, um símbolo do movimento social universal dos trabalhadores, e não um movimento para se sentir bem, do individuo. Infelizmente o que as pessoas querem e fazem hoje com a dita liberdade individual não passa de uma concepção individualista de mundo, conceituada no inicio da modernidade, uma busca da liberdade de pensamento mas com preceitos do eu, e não do nós. Assim, companheiro, o primeiro de maio, é uma data histórica de luta dos trabalhadores, contra a burguesia que explora, e contra o individualismo que ilude e faz apenas ser gado marcado. (Orlando Ferretti - Geógrafo e Professor de Geografia, Doutorando em Geografia UFSC) http://geoexperiencias.blogspot.com/
"... mandar, deveria ser trocado pela palavra Amar.
Amar com boas atitudes, não julgando os outros como Ignorantes,
Ignorantes são aqueles que mais tem poder e Ousam,
Ousam mais em crescer a si próprio com a destruição do outro,
Outro, este deveria ser outro PRIMEIRO DE MAIO, onde a dignidade deveria ser igual para todo e qualquer ser trabalhador, empregado ou não.
Enfim, igual para todo ser humano que deseja ser entendido e respeitado
como gente e construtor de um mundo melhor!"

... respira a calma flor de um sonho

Uma vive e a outra olha
de cima pra essa imensidão
Num jardim não sei aonde
respira calma flor de um sonho
nascido aqui
Nesse quarto todo branco
onde lutas louca assim avenca
parida no seio de onde
respira a calma flor de um sonho
que espera aí
A nossa chuva molhando o jardim
dentro do corpo
dentro do outono
são flores de abril
A nossa chuva molhando o jardim
dentro do corpo
dentro do outono
dentro de mim

Avenca

Zé Geraldo/ Composição: Aroldo Santarosa