sábado, 25 de junho de 2011

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onde os homens se tornam deuses

PORÉM, TU NÃO DEVES TER MEDO... OS HOMENS PERTENCEM A UMA RAÇA DIVINA ...

 PROCURE GUIAR-TE PELA COMPREENSÃO DIVINA. E ASSIM QUE ABANDONARES ESSE CORPO FÍSICO SERÁS IMORTAL E DIVINO E NÃO MAIS MORRERÁS!
(Versos de ouro de Pitágoras - 580/ 500 ac)
- ZEUS na mitologia grega, é considerado o rei dos deuses, soberano do Monte Olimpo. Seus símbolos são o relâmpago, a águia, o touro e o carvalho e o cetro.
- Filho do Titã Cronos e Réia. Cronos engolia os filhos ao nascer, e quando nasceu Zeus, temendo por seu destino, Réia o entregou a Gaia para criá-lo. Foi amamentado pela cabra Amaltéia, que lhe ensinou uma poção que foi dada mais tarde ao seu pai Cronos que o fêz vomitar todos os filhos que ele havia engolido.
- Assim Zeus fêz renascer seus irmãos e assumiu o poder se tornando o rei dos deuses, criador do mundo e soberano dos homens, criando uma nova hierarquia de deuses.
- Agradecidos pela lição de responsabilidade e generosidade de Amaltéia, os deuses a transformaram na constelação de capricórnio.
- Simbólicamente representa a paternidade, o pai interior que incorpora todos os ideais espirituais e o código de ética. É descrito como um deus piedoso e protetor mas vingativo quando suas leis eram desafiadas. Ele também indica para ficar atento com a autoridade excessiva, a arrogância e a inflexibilidade.

EROS era o deus grego equivalente em ao deus romano Cupido. Filho de Afrodite e de Ares, (o deus da guerra), andava sempre com seu arco, pronto para disparar sobre o coração de homens e deuses. Teve um romance Psiquê, a deusa da alma.
EROS encarnava a paixão e o amor em todas as suas manifestações. Logo que nasceu, Zeus (pai dos deuses), sabedor das perturbações que iria provocar, tentou obrigar Afrodite a se desfazer dele. Para protegê-lo, a mãe o escondeu num bosque, onde ele se alimentou com leite de animais selvagens.
Eros era, em geral, tido como benéfico em razão da felicidade que concedia aos casais, mortais ou imortais. No pior dos casos, era considerado malicioso pelas combinações que fazia, situações em que agia orientado por Afrodite.

PROMETEU um titã, filho do também titã Jápeto e de Ásia. Prometeu teria nascido da união entre Hera e de seu amante, o gigante Eurimedonte. Foi o titã que criou os homens, com seu irmão Epimeteu. Segundo Hesíodo foi dado a Prometeu e seu irmão Epimeteu a tarefa de criar os homens e todos os animais. Na obra, Epimeteu atribuiu a cada animal os dons variados de coragem, força, rapidez, sagacidade;
- Quando chegou a vez do homem, formou-o do barro. Mas como Epimeteu gastara todos os recursos nos outros animais, recorreu a seu irmão Prometeu. Este então roubou o fogo dos deuses e o deu aos homens. Isto assegurou a superioridade dos homens sobre os outros animais. O fogo era exclusivo dos deuses.
- Como castigo, Zeus ordenou a Hefesto que o acorrentasse no cume do monte Cáucaso, onde todos os dias uma águia (ou corvo) dilacerava seu fígado que, todos os dias, regenerava-se.

- Prometeu foi libertado do seu sofrimento por Hércules que, após concluir os doze trabalhos dedicou-se a aventuras.
- Ao longo de séculos, vários autores retomaram a história de Prometeu e o colocaram como figura que representa a vontade humana por conhecimento (mesmo tendo que passar por cima dos deuses). A captura do fogo é visto como a busca do conhecimento pela ciência.
- Goethe escreveu um pequeno poema de 8 estrofes sobre a lenda de Prometeu intitulado de Prometheus (1774). Goethe descreve que este se nega a venerar deuses e, como ato de rebeldia, se prontifica a fazer homens segundo à própria imagem que não precisem venerar os deuses. Essa questão de rebeldia aos deuses e de criação de vida é um tema que permeia a sociedade moderna até hoje.
... Porém essa liberdade de criar homens sempre gerou polêmicas, como é o caso da clonagem, que começou com a ovelha Dolly e até hoje causa discussão entre as sociedade, sobre até onde o homem pode ir.
(Fonte: http.wikipedia.org/wiki/Prometeu)- POSÊIDON na mitologia grega, deus do mar, conhecido pelos romanos como Netuno. Os símbolos associados a Posídon com mais freqüência eram o tridente e o golfinho.
- Como primeiro filho de Cronos e Réia era um dos principais deuses do Olimpo e, de acordo com certas tradições, é irmão mais velho de Zeus. Primordialmente Zeus terá obrigado seu pai Cronos a regurgitar e restabelecer a vida aos filhos que este sistematicamente engolia, e entre os salvos está Poseidon, como o irmão mais novo. Quando atinge a maturidade, ter-se-á apaixonado por Hália, e desse romance nascem seis filhos e uma filha, de nome Rodo, daí o nome da ilha de Rodes.
... Na Ilíada, Poseidon aparece-nos como o deus supremo dos mares, comandando não apenas as ondas, correntes e marés, mas também as tempestades marinhas e costeiras, provocando nascentes e desmoronamentos costeiros com o seu tridente.
- Geralmente, Poseidon usava a água e os terremotos para exercer vingança, mas também podia apresentar um caráter cooperativo. Ele auxiliou bastante os gregos na Guerra de Tróia.
- Os navegantes oravam a ele por ventos favoráveis e viagens seguras, mas seu humor era imprevisível. As inúmeras aventuras amorosas de Poseidon foram todas frutíferas em descendentes, seus filhos tal como os de seu irmão Hades, são todos maléficos e de temperamentos violentos. Os filhos que teve com Halia cometeram tantas atrocidades que o pai teve de os enterrar para evitar-lhes maior castigo.

APOLO - Filho de Zeus e da titanide Leto, irmão gêmeo de Ártemis. Depois de Zeus, era o mais venerado de todos os deuses da Antiguidade Clássica. Apolo teve um grande número de amores, masculinos e femininos, mortais e imortais, tendo sido rejeitado por alguns ou alguma tragédia interrompia o romance.
- Apolo era sinônimo de luz física e espiritual. Era tido como eternamente jovem e de beleza sem igual entre os Deuses. Era o mais belo dos deuses, senhor das artes, música e medicina. Julgou ser superior a Cupido, esse pra provar seu poder, disparou uma flecha de ouro no coração de Apolo e ele se apaixonou pela ninfa Dafne; mas no coração de Dafne o Cúpido disparou uma flecha de chumbo; isto fêz com que Dafne rejeitasse Apolo, embora ele sempre a perseguisse.
- Dafne era filha do Deus Rio Peneu e pediu ao pai que a ajudasse a se livrar de Apolo. Atendendo ao pedido, Peneu transformou a filha em uma planta, o loureiro. Inconformado com a perda da amada, Apolo passou a usar uma coroa com as folhas de louro, que se tornou seu símbolo para sempre e passou a ser oferecida aos vencedores dos jogos.
- Apolo gerou com Corônis o filho Asclépio, que se tornou um mestre na arte de curar e ressuscitar os mortos. Com isso, Asclépio ameaçava o poder soberano de Zeus, e causava insatisfação em outros deuses, pois os mortos nas guerras sempre retornavam, roubando os súditos de Hades. Por isso, Asclépio foi morto pelo raio de Zeus.
- Apolo foi condenado a um ano de trabalhos forçados junto ao rei mortal Admeto. Sendo bem tratado pelo rei durante sua expiação, Apolo ajudou-o a ter uma vida mais longa e ensinou a música, a dança, as artes e ofícios, os jogos atléticos, a caça.
- Os deuses vendo que Apolo tornava muito aprazível a vida dos mortais, resolveram levá-lo novamente ao Olimpo.
- MORPHEUS o deus dos sonhos, representado com asas, rápido e silencioso. Encarregava-se de induzir os sonhos a quem dormia e de adotar uma aparência humana para aparecer neles, especialmente igual aos entes queridos, permitindo aos mortais fugir por um momento do olhar dos deuses.
- Morpheus dorme em uma cama de ébano em uma gruta pouco iluminada, rodeado de flores de dormideira, que contêm alcaloides de efeitos sedantes e narcóticos.
- Inadvertidamente, Morpheus revelou os segredos aos mortais através de seus sonhos, e por isso foi fulminado por Zeus. Do seu nome procede o nome da droga Morfina, por suas propriedades que induz à sonolência e tem efeitos análogos ao sonho. E toda noite Morpheus vem nos abraçar e nos fazer sonhar, por isso se diz que dormir bem é estar nos braços de Morpheus.
- Durante o sono somos transportados para outro mundo onde em incríveis sonhos podemos realizar façanhas, encontrar aqueles que já morreram ou encontrar desconhecidos, subir aos céus, voar e descer aos infernos. Toda essa experiência que ocorre enquanto dormimos constrasta com a imobilidade que nos domina, parecendo que quem dorme se encontra com Thânatos, ou deixou de viver. Disso resultava que na antiguidade pensasse que através do sono se podia enxergar além da vida e encontrar com os ntepassados mortos.

- Freud, o precursor dos estudos mais avançados dos sonhos, julgava que os instintos, quando reprimidos, tendem a se manifestar através dos sonhos. Isto numa linguagem simbólica representativa do desejo; nossa personalidade gravitaria em torno da auto-afirmação, do desejo do domínio.
- Jung, que descobriu que nos recessos do inconsciente, existe uma infra-estrutura feita de imagens ou símbolos que integram a mitologia de todos os povos. São os arquétipos, reminiscências de caráter genérico que remontam a fases muito primitivas da evolução.
- HIPNOS, filho de Nix - a noite e Erubus - a escuridão, era o deus grego do sono e da sonolência; Era irmão gêmeo de Thanatus, o deus da morte. Hypnos seria o responsável pelo descanso restaurador de todas as criaturas terrestres, enquanto Thanatus pairava sobre a superfície.
- Hypnos se uniu a uma das Cárites, Pasítea, e com ela teve mil filhos, os Oneirois . De todos eles, três eram responsáveis por distribuir os sonhos a quem dormia; e uma filha distribuia os sonhos aos acordados: - Ícelus criador dos pesadelos;- Morpheus - criador dos sonhos;

- Phantasos e Phobetor - criador dos objetos inanimados que aparecem nos sonhos;- A Phantasia, era a única filha, criadora dos monstros e devaneios.
- Como atributos um chifre contendo ópio, um talo de papoula e outras plantas hipnóticas. Trajava peças douradas enquanto seu irmão gêmeo, Tânatos - a morte, usava tons prateados.
- Hypnos vivia num palácio dentro de uma caverna, onde o sol nunca alcançava, nem oe ruídos, e assim viveu sempre em tranquilidade, em paz e em silêncio.
- No meio do palácio existia uma bela cama, cercada por cortinas pretas onde Hipnos descansava, e Morpheus, seu filho e principal auxiliar, cuidava para que ninguém o acordasse.
- De Hypnos provém a HIPNOSE, um estado alterado de atenção, que pode ser induzido, possibilitando fenômenos espontâneos como em resposta a estímulos verbais ou de outra natureza, como toques ou sons. - Segundo especialistas, a hipnose provém de uma forma intensa de pensar, com conseqüências no corpo e na atividade neural. Como o cérebro não distingue atenção concentrada e a realidade, o corpo responde como se a experiência fosse real. Na prática, significa entrar em contato direto com as emoções; é como abrir uma janela para estabelecer um diálogo com o inconsciente.
- A hipnose é tão antiga quanto o próprio homem. Os egípcios, os romanos e os astecas já utilizavam a técnica no tratamento de doentes. Para os ocidentais, a hipnose moderna começou com o médico alemão Franz Anton Mesmer, no século 18, com o mesmerismo. Mas as maiores descobertas aconteceram na segunda metade do século 19, graças aos trabalhos de clínicos como Charcot, Liebeault e Bernheim. A hipnose foi o ponto de partida de Freud e dos primeiros psicanalistas.
- Durante muito tempo se confundia a hipnose com o sono, devido ao relaxamento físico enquanto a pessoa está em transe. O transe hipnótico é, um estado de consciência alterado, mas simultâneo a um estado natural; se quiser, a pessoa se lembra de tudo o que acontece à sua volta durante uma sessão.
- O método é aprovada pelos conselhos federais de psicologia, medicina e odontologia, que regulamentam o uso da hipnose como recurso terapêutico, que já é utilizado em muitos hospitais. DISTÚRBIOS QUE PODEM SER TRATADOS COM HIPNOSE: Tem aplicações úteis para tratamentos de doenças psicossomáticas, Transtornos do do pânico, fobia, e depressão, Anorexia nervosa, Ansiedade, Asma, Bulimia, Dependência de drogas, álcool e cigarros, Dificuldades de aprendizagem, Distúrbios sexuais, Dores, Gagueira, Insônia, Obesidade, Síndrome do pânico, Sonambulismo, Stress e Stress pós-traumático, Timidez, Transtorno Obsessivo- Compulsivo (Toc).
- HADES é o deus do submundo e das riquezas dos mortos n a mitologia grega. O nome Hades era usado freqüentemente para designar tanto o deus quanto o reino que governa, nos subterrâneos da Terra. Ele é também conhecido por ter raptado a deusa Perséfone filha de Deméter.
- Segundo a lenda, o poder de Hades, Zeus e Posídon era equivalente. Hades era um deus de poucas palavras e seu nome inspirava tanto medo que as pessoas procuravam não o pronunciar.
- Era descrito como austero e impiedoso, insensível a preces ou sacrifícios, intimidativo e distante.
- O nome Plutão "o rico" (pois era dono das riquezas do subsolo) ou "o distribuidor de riqueza", que se tornou corrente na religião romana, era também empregado pelos gregos, e apresentava um lado bom, pois era ele quem propiciava o desenvolvimento das sementes e favorecia a produtividade dos campos. Como divindade agrícola, seu nome estava ligado a Deméter e junto com ela era celebrado nos Mistérios de Elêusis que eram os ritos comemorativos da fertilidade, das colheitas e das estações.
- Assim, Hades não é inimigo da humanidade, como o são Ares e Cronos. O deus raramente deixava seu mundo e não se envolvia em assuntos terrestres ou olímpicos. Deixou o seu reino apenas duas vezes; uma para raptar Perséfone, a quem tomou como esposa e outra para curar-se, no Olimpo, de uma ferida provocada por Héracles.
- Na mitologia grega o Mundo dos mortos, chamado apenas de Hades, é o local no subterrâneo para onde vão as almas das pessoas mortas (sejam elas boas ou más), guiadas por Hermes, o emissário dos deuses, para lá tornarem-se sombras. É um local de tristeza.
 

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wikie/Hades
(Fatima Vieira - Psicóloga Clínica)

domingo, 19 de junho de 2011

"O Amor é o Espírito da Carne"


Do amor à primeira vista:
O amor exige tempo
para definir-se, plasmar-se.
O amor não nasce amor,
como da semente não nasce a flor.
 

Da Poesia:
Poesia sem amor,
Não tem vida
É como flor de papel
Falta-lhe a seiva, o viço, o perfume


Do verdadeiro amor:
O que nasce da compreensão
Ou que o que envolve
Volúpia ou beleza?
Uma coisa não exclui a outra,
se completam.


O verdadeiro amor
é aquele cuja compreensão
nasce de um permanente ajuste
nos planos intelectual e moral,
mas identificados pelos desejos.


O Amor é o Espírito da carne.

J.G.de Araújo Jorge
(do livro O Poder da Flor, Editora Vecchi, 1969) 
(Fatima Vieira - Psicóloga Clínica)

somos todos um...


Fale ele Italiano,
russo ou chinês,
se lhes estenderes
franca e livremente a mão:
- Será teu irmão.


Fale ela Italiano,
russo, japonês
ou francês, ou o idioma que for,
Se a tomares nos braços
e beijar-lhe a boca:
- Será teu amor!


Fale ele português,
inglês ou castelhano,
tenha nascido na Ásia,
na África, Oceania,
ou seja americano.
Se ao seu lado estiveres
na hora do perigo,
- Será teu amigo.

 J.G. de Araújo Jorge
imagem: Leonid Afremov
(Fatima Vieira - Psicóloga Clínica)

... e confundiu o seu direito legítimo sobre o fruto da árvore que plantou

imagem: Sergio Surkamp
Onde vai o homem buscar tanto fel
(onde encontra a abelha tanto mel?)
Conte-nos Poeta!
Em sua ignorância, gerando atritos de interesses, a ambição e a inveja. No período neolítico o homem criou uma instituição a PROPRIEDADE nascida de um erro elementar: confundiu o seu direito legítimo sobre o fruto da árvore que plantou, com seu direito ilegítimo sobre a terra onde plantou a árvore que deu o fruto.
O dia em que o homem chegar a compreender que não é dono de nada, absolutamente nada, nem da própria vida que carrega e que os bens que fazem a felicidade devem estar ao alcance de todos e partilhados, sem que haja espoliações, secará a fonte do fel. O Homem como as abelhas destilará mel em suas colmeias.
Volta então, para o teu lar, para o teu campo, teu escritório ou tua oficina e larga essa arma assassina, que te trará remorsos, ou quem sabe?
- horror... e viva em paz com teu trabalho, com os teus amigos, com o teu amor!
“A humanidade é uma só, o mesmo sangue vermelho, o mesmo leite branco, os mesmos desejos, anseios o mesmo pó”.
(trechos compilados do livro O Poder da Flor, Editora Vecchi, 1969)
J G de Araújo Jorge
(Fatima Vieira - Psicóloga Clínica)

se o amor não puder fazer de você um poeta, então nada o fará (Osho)

Vivia no mais belo pinheiral e sentia-se orgulhoso de ter a sua volta os pinheiros mais frondosos, mais antigos e sábios que lhe brindavam com mil contos da atualidade e do seu passado mais remoto. Eles, por sua vez, invejavam sua juventude, seu frescor, sua doce fragrância, sua alegria.


Fazia-os voltar aos tempos em que brotaram de um pinhão, mas isso há tanto tempo que nao tardaram em voltar aos seus fartos ramos e a seus grossos troncos, à sua velhice. Ele era ainda um jovem pinheiro delgado que sonhava ser como eles. Conforme foi crescendo, os mais velhos o faziam saber que o mais alto dentre eles teria o sol a seu favor, dando-lhe o calor necessário para florecer na primavera. E cresceu o quanto foi possível. Um belo dia, não se sabe porque, notou que lhe tremiam os ramos, sem brisa ou vento que os pudessem mover. Pensou se seria normal, mas não se atreveu a perguntar e, dia após dia, sentia seus ramos tremerem, derrubando as próprias pinhas. Temeroso que fosse algo raro, contagioso, resolveu calar-se sofrendo no âmago de seu ser. Os demais o viam mover-se, balançar-se de maneira estranha, pensando que talvez o sol o tivesse embebedado com seu calor, que de tanto beber logo iria cair ou, talvez, fosse mal de amor, daqueles que machucam a alma. Mas ninguém lhe inquiriu quando o viram chorando ao longe e passou desapercebido seu coração de madeira nobre rompendo-se em mil pedaços, isolando-se cada dia mais e mais em sua infinita tristeza.
Um dia afinal, o pinheiro olhou para cima, buscando alguma razão, uma saída, mas sua mirada em nada se parecia com a de antes. Fazia tempo que não crescia, não estendia seus ramos ao amanhecer buscando o doce calor do dia; há muito não queria ver seu amigo e por isso se alegrou tanto o sol ao vê-lo aparecer.
- Que se passa contigo, bom amigo? Perguntou-lhe o sol. O pobre pinheiro derramou-se em explicações do que lhe acontecia últimamente:
- Já não sou mais quem tu lembras, algo em mim está mal. Se prestares atenção verás minhas folhas tremendo sem razão, minhas raízes estão rígidas e me custa muito falar; há ocasiões em que perco a força, pareço um bêbado e quedo ao solo.
O sol, ao dar-se conta de sua profunda tristeza, o acariciou com o mais cálido de seus raios e pegando-lhe por um dos ramos deu-lhe um doce beijo: “Falarei com a lua. Do céu ela é a mais sábia.”
No dia seguinte o sol voltou ao local a procura do pinheiro. Perguntou aos demais e todos lhe indicaram um platô sombrio do bosque onde ele jazia chorando.
- Amigo pinheiro, não te preocupes tanto! E, enxugando-lhe a resina que de seus olhos fluia, explicou:
- “Falei com a lua. Teu tremor é devido a um mal chamado Ataxia. É uma doença um tanto rara, que poucos conhecem, rechaçada pelos ignorantes. Sei que entre os humanos há muita dor, pois a lua enxuga as lágrimas das pessoas que buscam em sua luz uma saída, um amigo que as entenda melhor, um ouvido que simplesmente as escute, uma mão prá segurar, um consolo, alguma solução, mas entre essa espécie há muita desunião e o que para uns é algo condenável, mau e desprezível, para outros parece ser o fim de sua agonia e uma vida melhor".

(...) o sol, prevendo sua curiosidade, respondeu: - Não é mortal, meu doce amigo, nem irás contagiar alguém.”
Enquanto falavam, um pintassilgo passou voando rasante ao solo e ao ouvi-los pousou em um galho. Sem poder evitar, deixou cair várias lágrimas, achando injusto que alguém sofresse por algo que se podia evitar, e ele sabia como.
De sua garganta saiu uma bela melodía, diferente, especial, soando como mil harpas, em compasso angelical. A canção lhe saia da alma e todos que a ouviam paravam procurando a criatura dona daquele som.
Não contente em cantar naquele lugar, começou a voar percorrendo os bosques vizinhos com seu trinado que a todos maravilhava e cantando contava a história de um jovem pinheiro, o mais belo que conhecera, risonho, amável e amigo, cujo destino certo dia uma doença mudou, pedindo a todos que cantassem com ele, repetindo incansável sua bela canção, desde o mais alto píncaro ao mais profundo dos vales.
Tinham que manter-se unidos, ajudar o jovem pinheiro até que um dia algum sábio encontrasse a solução para evitar aquela dor. De um bosque a outro, a canção do pintassilgo percorreu o mundo, até que num lugar remoto um velho mago, bruxo e advinho a escutou sentado em seu caminho e do belo canto se enamorou.
Sendo feiticeiro, compreendia o que a canção transmitia com tristeza e dor, contando a história de um jovem pinheiro que adoecera de um mal desconhecido. Procurou esse canto amigo e encontrou o pintassilgo exausto de tanto voar, pois há meses cantava sem descanso nem trégua. Socorrendo-o, deu-lhe abrigo, carinho, cuidados e mimos. Por fim ele voltou a cantar elevando ao céu seu trinado, desatando profundo pranto na alma do feiticeiro atento a ouvi-lo maravilhado, ainda que isso o deixasse com os olhos toldados e o coração dolorido.

A canção do pintassilgo percorreu o mundo por terra e pelo ar chegando a todos os rincões. Enquanto isso o mago não parava de pensar, procurando uma solução para ajudar o pinheiro. A ele foram juntando-se magos de todos os lugares e puseram-se a testar mil remédios mas nada resultou que aplacasse o mal.
Uma noite cansado o mago olhou para a lua e com lágrimas de impotência pediu-lhe ajuda, mas nada podia fazer a lua além de escutar seu pranto. Foi nesse instante que achou a solução:
Passaram meses trabalhando todos juntos em perfeita união e felizes, um dia disseram ao pintassilgo que seu amigo se sentiria melhor com um transplante de nova resina com umas gotas de amor de todos aqueles que choraram por aquela dor alheia. Correndo voou o pintassilgo recolhendo as gotas salgadas de tantos e tantos que pelo pinheiro haviam chorado. Quando tudo foi reunido, os magos foram ao bosque onde triste jazia o pinheiro, depauperado mas formoso, deram-lhe de beber o doce nectar e, pouco a pouco, ele foi sentindo-se melhor, embora não houvesse cura.
... Foi isso que aconteceu, embora ninguém se apercebesse de que o pinheiro foi salvo de fato, apenas pelos corações humanos unidos por sua dor.
Fábula do pinheiro com ataxia - (Autor Desconhecido - Grupo Ataxianet)

domingo, 5 de junho de 2011

A Disputa de Amor e Loucura


(...) Ao contrário, ao terminar o elogio de si mesma, Loucura diz: “se achais em meu discurso muita petulância e loquacidade, considerai que sou Loucura e que falei como mulher.
- Em seu auto-elogio, a Loucura fala que basta ela aparecer que as fisionomias se transformam: “O que os retóricos, aliás consideráveis, não obtêm com seus discursos, senão com grande esforço preparatório, isto é, expulsar das almas o tédio, tenho apenas que me mostrar para consegui-lo”.
- Se isto é ser louca, arremata a Dama,“convém-me às mil maravilhas”.
- Depois de ridicularizar feitiços, subornos, sinais cabalísticos e outras estratégias exteriores, Mercúrio diz que “o maior encantamento que existe para ser amado é amar [...] para se fazer amar, é preciso ser amável”. E ser amável na medida daquela a quem se ama, a quem se quer agradar.
- Transformar-se para se adequar a outra pessoa parece algo irracional, o que está em perfeito acordo com o verdadeiro amor, que “é grande, intenso e mais forte do que toda razão”
- Se os amantes soubessem do perigo em que se meteram, do quanto estão encantados e iludidos, do fundamento da esperança que os anima, nunca permaneceriam juntos, e “assim se perderia teu reino, Amor”, adverte Mercúrio.
- E pede, então, a Amor que não quebre a essencial e antiga aliança existente entre ele e Loucura.
- Ouvidas as duas partes, Júpiter, sem chegar a um veredito, adia o julgamento por três vezes sete vezes nove séculos.
- Até lá, ordena que os dois litigantes vivam juntos: Amor continua cego e será, por isso, conduzido pela Loucura, por onde ela quiser.
- Julgo inócuos quaisquer outros comentários.
(Na Disputa, Louise Labé defendeu Amor, e muito mais fortemente, Loucura – que ganha o lugar de honra. Não mostrou apenas que todo amor é, em maior ou menor grau, amor louco, mas também que esse entrelaçamento não podia ser considerado como uma “culpa” do amor, uma vez que há sempre algum teor de loucura na origem de tudo o que é humano. “Nunca existiu Amor sem Loucura”, atesta Labé, “é impossível que seja de outra forma”)

Ψ lá onde algo nos falta, está o desejo...


 

                                                                                     Ψ  Fatima Vieira - Psicóloga Clínica



Sobre Louise Labé - L' Amour et la Folie



- A voz de Louise Labé não se identifica com a de nenhum outro autor,ela impõe uma chave de leitura que é toda própria.
- Seu estilo é mais poético que filosófico, próximo ao delírio, e adota um tom oracular, o Amor é fascinatio, enfeitiçamento, faísca de Loucura.
- O argumento da Disputa de Loucura e de Amor é tão interessante que, La Fontaine o apresentou como fábula, sob o nome de L’Amour et la Folie.
- Na Bibliothèque Française, de Du Verdier, e no Dictionaire, de Bayle, vê-se Louise Labé asperamente designada pela qualificação de cortesã lionesa. Cabe lembrar as qualidades femininas vigentes na época: beleza-inteligência-virtude, como a escritora “é bela, instruída, ativa, logo, é uma cortesã, sua virtude é colocada em dúvida.
- O sabido é que Louise circulou livremente nas cortes de seu tempo e gozou de grande liberdade de costumes, que se refletiu em seus envolvimentos amorosos.
- Dentre seus entusiasmados amores, destaca-se um possível affair com Henrique II, Rei da Inglaterra.
- Contra as censuras que lhe foram dirigidas, em seu último soneto sugeriu às Damas que a criticavam que também se entregassem ao amor:
Não censureis, Damas, se tenho amado:
Ou se senti mil tochas abrasantes,
Fadigas mil, mil dores penetrantes.
Se por chorar vi meu tempo esgotado,
Ah! Que meu nome não seja acusado.
Se eu falhei, sofro as penas atuantes,
Não aguceis os ferrões acirrantes:
Pensai que Amor, quando tiver chegado,
Sem vosso ardor de um Vulcano escusar
Sem a beleza de Adonis usar,
Vos tornará talvez mais amorosas.
Mesmo com menos do que tive então,
Será estranha e forte essa paixão.
E não sejais portanto desditosas.
Louise Labé ocupou um espaço que era considerado masculino. Seus desejos escaparam ao silêncio e ganharam expressões apaixonadas. E parece também ter se sentido perfeitamente à vontade na condição de mulher.
Sa vida pessoal e suas idéias sobre a condição feminina indicam que “la Belle Cordière foi uma dessas feministas abstratas e individualistas, cujo papel histórico foi servir de exemplo, mostrar que uma mulher poderia, sem decair, dedicar-se a ocupações até então reservadas aos homens.
Na Epístola Dedicatória refere:
Tendochegado o tempo, em que as severas leis dos homens não mais impedem as mulheres de se aplicarem às ciências e ao ensino parece-me que aquelas que têm oportunidade devem empregar esta honesta liberdade que nosso sexo antigamente tanto desejou para cultivá-los; e mostrar aos homens o dano que eles nos fi zeram ao nos privar do bem e da honra que daí pode advir. Se alguma de nós colocar por escrito as suas idéias, que o faça com aplicação e não desdenhe a glória, e se adorne com ela, mais do que com
colares, anéis e suntuosos vestidos, que não podemos considerar verdadeiramente nossos senão quando os usamos.

te dou meus sonhos pedacinhos de caos, meus fantasmas é tudo que tenho...

- Mas por que dois? Por que duas falas para dizer a mesma coisa?
- é que aquele que a diz, é sempre o outro”.

- O que faz dizer Louise Labé: “E não me posso dar contentamento se,  fora de mim, não faço alguma investida”.
- Enfim, por que não investir um pouco do lado da bela Louise?

Beija-me ainda, beija-me de novo e beija:
Dai-me um dos teus mais saborosos,
Dai-me um dos teus mais amorosos:
Dar-te-ei quatro, mais quentes que brasa.
Cansado, reclamas? Isso, que esse mal abrando,
Dando-te dez outros açucarados.
Assim, misturando nossos beijos tão afortunados
À vontade, um do outro gozando.
Quando vida em dobro a cada um resultará
Cada um em si e seu amigo viverá
Permita-me Amor pensar alguma desmedida
Sempre estou mal, discretamente vivendo,
E não me posso dar contentamento,
Se, fora de mim, não faço alguma investida.
 
Louise Labé - (1526(?)/ 1566 - poetisa francesa
imagem: Rodin
(Disputa da Loucura e do Amor, século XVIII)