segunda-feira, 23 de junho de 2014

O quintal da casa: o arquétipo das travessuras inocentes...

O Lápis
É por demais de grande a natureza de Deus.
Eu queria fazer para mim uma naturezinha particular.
Tão pequena que coubesse na ponta do meu lápis.
Fosse ela, quem me dera, só do tamanho do meu quintal.
No quintal ia nascer um pé de tamarino apenas para uso dos passarinhos.
E que as manhãs elaborassem outras aves para compor o azul do céu.
E se não fosse pedir demais eu queria que no fundo corresse um rio.
Na verdade na verdade, a coisa mais importante que eu desejava era o rio.
No rio eu e a nossa turma, a gente iria todo dia jogar cangapé nas águas correntes.
Essa, eu penso, é que seria a minha naturezinha particular:
Até onde o meu pequeno lápis poderia alcançar. (Guimarães Rosa)
- A sensibilidade do poeta integra a ponta do lápis como parceira de seu percurso e seu trabalho exaustivo em criar, em labutar e esfregar as palavras até chegar ao bom verso que, então se torna imortal; mas, com o auxílio da ponta do lápis.   
- Como seria a “naturezinha particular” do poeta? O poeta julgou a infância o lugar privilegiado para se ‘brincar de Deus', para inverter a ordem das coisas e tornar o mundo independente da lógica que a racionalidade lhe imprimiu. Lá não há espaços ociosos ... Lá no arquétipo do quintal tudo pode mudar e se transformar em sua natureza e nas relações; tudo depende da criatividade e da fantasia imaginante. 
Ψ Fatima Vieira - Psicóloga Clínica

sábado, 21 de junho de 2014

"O Anjo Mudo"

"Quando o vento se levanta e passa, tua cabeça adormecida põe-se a brilhar. 

Em redor dela um halo de sombra onde a minha mão entra, vagarosamente, pedindo-te um Sinal.

 Procuro o rosto com os dedos afiados pelo desejo. 


(...)  Ouvimos o mar, como se tivéssemos encostado a cabeça ao peito um do outro.

Mas não há repouso nesta paixão.

 (...)  Nada podemos fazer.


 (...)  A noite cerca-nos, devora-nos.


Estamos definitivamente sozinhos. 

Começamos, então, a imitar a vida um do outro.

E, abraçados, amamo-nos como se fosse a ultima vez... 

O tempo sempre esteve aqui, e eu passei por ele quase sempre sozinho. 


No entanto, recordo: deixaste-me sobre a pele um rasgão que já não dói. 

Mas quando a memória da noite consegue trazer-te intacto, fecho os olhos, o corpo e a alma latejam de dor.

Antes, o olhar seduzia e matava outro olhar. Agora, odeio-te por não me pertenceres mais.

(...) Se fugias, perseguia-te.

E  o pior é que o tato também esqueceu, rapidamente, a sensualidade da pele...


Não devo perder tempo com o ciúme.


A paixão desgastou-me.


E nunca houve mais nada na minha vida - paixão ou ódio..." (Al Berto)                                                                                             
Ψ Fatima Vieira - Psicóloga Clínica

O Diário do Poeta

*Nada funciona comigo e parece que a alma e o corpo estão em suspenso... 

*Sinto falta de tudo, de afetos, de ternura... de amor, de paixão, de gestos que me indiquem que estou aqui, que estou vivo e, apesar de tudo, vale a pena ir celebrando a vida. Dentro do possível. Dentro do que me parece justo.

* Só espero que meia dúzia de doidos me leiam agora e isso os toque.

* A eternidade é uma permanência da força que está dentro de nós.

 *... um dia, um desconhecido virá ao meu encontro na rua e dirá: conheço-te, sou  a tua imagem perdida uma noite dentro do espelho.


*... ergue-se para o espelho que lhe devolve um sorriso do tamanho do medo.

*(...) amanheço dolorosamente,  hoje vou correr à velocidade da minha solidão e  do medo: vou destruir todas as imagens onde me reconheço e passar o resto da vida assobiando ao medo.

*... sozinho atravessei noites e noites de medo.

*... é no silêncio que que melhor ludibrio a morte.

*...  já não me prendo a mais nada, ouço o rumor do vento: vai alma vai até onde quiseres ir.

*... dizem que a paixão o conheceu mas hoje vive escondido nuns óculos escuros.

*... passo o dia a observar os objetos e sinto o tempo a devorá-los impiedosamente.

*(...)  o que sobrou do adolescente rosto conhece a solidão de quem permanece acordado quase sempre estendido ao lado do sono pressente o suave esvoaçar da idade. 

*... dizem que à beira mar envelheceu vagarosamente sem que nenhuma ternura nenhuma alegria , nenhum ofício, o tenha convencido que é bom permanecer entre os vivos.
 * ... Desde que te conheço invade-me uma grande calma quando penso em ti.

*Sinto-me bem, disposto para as mais difíceis tarefas, para os mais complicados e demorados trabalhos.

*As noites cansaram-me, ia acabando comigo de vez na desordem e na ânsia de viver.

*... claro que continuo a sair à noite e a amar esse espaço fantástico que é a cidade, esta cidade que amo, mas tu estás nela também.

*A cidade mudou desde o instante em que nela entraste.

*Já não percorro a noite numa angústia que se esquece e anula na bebedeira, ao nascer do dia.

*Deixei de beber,  tenho levado uma vida bastante regrada.

*Deixei de andar por aí a ver se alguém me pega ou se eu pego em alguém. Acabou.

*Tenho-te e sinto uma felicidade estranha a dominar-me.

*(...) e trabalho calmamente, com vagar, e avanço sem ser aos tropeções.

*Leio e releio o que escrevo. tudo se torna, de texto em texto, mais preciso, mais próximo do que penso

*Escrevo somente (como de resto sempre fiz) o que me dá gozo e ao mesmo tempo me perturba.

*Por isso odeio tanto reler-me. Sinto-me perturbado. O que ficou escrito foge-me, parece já não me pertencer, no entanto, sei que estou ali, por trás de cada texto escrito.

*Sinto que são ainda parte integrante de mim - raramente me consigo desligar (friamente) do que escrevi, mesmo que o tempo tenha tentado apagar as motivações que me levaram, na altura, a escrever o que ficou escrito.

 *... Sinto-me capaz de caminhar na língua aguçada deste silêncio, e na sua simplicidade, na sua clareza, no seu abismo.


* Sinto-me capaz de acabar com esse vácuo, e de acabar comigo mesmo.  A dor de todas as ruas vazias.
 
“Ele adentra em nossa paisagem, testemunha incorruptível da comédia humana, fotógrafo atento de nossos gestos trêmulos, de nossa hesitação em viver com toda lucidez”. (Pascal Thuot)
 (Al Berto Raposo P. Tavares - 1948/ 1997 - Escritor Português)
 Ψ Fatima Vieira - Psicóloga Clínica

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Lua Adversa - Cecíla Meireles


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terça-feira, 3 de junho de 2014

Ψ A Viagem Arquetípica do Louco



Logo de início, o Louco encontra o Mago, que representa o lado positivo, o consciente, a energia ativa, o poder masculino do impulso criativo, vontade individual. O mago pode ser um guia, um professor. Na alquimia refere-se que Hermes  presidia toda a obra alquímica. 


A Sacerdotisa: Representa o inconsciente, que provê o solo fértil no qual os eventos criativos podem nascer, potencial aguardando por um princípio ativo que a impulsiona à expressão. Segredos podem ser revelados.
 A Imperatriz: Diante dos contrastes da vida, o Louco vai crescendo e se tornando consciente do meio. A Imperatriz representa a mãe que alimenta, que dá carinho.Quando é amado ele é capaz de dar  e receber amor bem como protege e respeita o meio ambiente/ a mãe terra.


O Imperador: O pai, a autoridade, ambição, ganhos, conquistas. A criança aprende a importância da lei, da ordem, das regras.

 O Papa: O Louco se aventura para fora de sua casa, em direção ao mundo. Ele está exposto às crenças e às tradições que formam seu entorno cultural, e começa a sua educação formal. A iniciação em uma ordem mística, orientação espiritual.

Enamorados: Ele aprende a se identificar com um grupo e descobre o que é o sentido de pertencimento. Ele experimenta o impulso poderoso da união sexual com outra pessoa, ele quer um relacionamento.

O Carro: O louco já se tornou um adulto, com um certo domínio sobre si mesmo. Através da disciplina e da força de vontade ele vem desenvolvendo um controle interno que lhe permite triunfar sobre seu ambiente. Ele está visivelmente no controle de si mesmo, esta sua confiança é típica da juventude.

A Justiça: Então, o Louco deve decidir o que este sucesso significa para ele em termos transpessoais. Ele olha para trás e medita sobre sua vida para traçar as relações de causa e efeito que o trouxeram a este ponto. Ele assume a responsabilidade por suas ações passadas, fazendo as pazes e assegurando um rumo mais honesto para o futuro. As exigências da carta da Justiça devem ser cumpridas.

O Eremita: Tendo atingido o ápice do poder, o Louco começa a fazer perguntas de ordem espiritual. Ele parte em busca de respostas, não movido pela simples curiosidade, mas por uma necessidade profunda de descobrir porque as pessoas vivem apenas para sofrer e morrer. Então o Louco começa a olhar para dentro, tentando entender seus sentimentos e suas motivações. O mundo sensorial exerce menor atração para ele, e tem início a busca por momentos de solidão, longe da atividade frenética da sociedade.
A Roda da Fortuna: Depois de muita busca pela alma, o Louco começa a enxergar como tudo se conecta. Ele tem uma visão global da realidade, de seus intrincados padrões e ciclos. É o símbolo do universo misterioso cujas partes trabalham em perfeita harmonia. Quando o Louco vislumbra a beleza e a ordem do mundo, ele encontra algumas das respostas que estava buscando. Às vezes, suas experiências parecem ser obra do destino. Um encontro casual ou um acontecimento milagroso.
A Força: Seu senso de propósito está restaurado. Mas, com o tempo, a vida apresenta ao Louco novos desafios, e alguns deles causam sofrimento e desilusão. As diversas circunstâncias o pressionam para que desenvolva a sua coragem e a sua determinação para continuar apesar dos contratempos. Agora o Louco pode seguir adiante. Ele está determinado a realizar sua visão, mas percebe que a vida não é tão facilmente domada. Cedo ou tarde, ele encontra a sua cruz pessoal, uma experiência que parece ser muito difícil de suportar. Este desafio esmagador o humilha, até que ele não tenha mais escolha senão desistir e deixar que as coisas sigam seu rumo.

O Enforcado: Num primeiro momento, o Louco se sente derrotado, de cabeça para baixo. Ele acredita que sacrificou tudo, mas não está realizado. Então ele percebe que quando abandona a sua luta pelo controle, tudo começa a funcionar como deveria. Ao tornar-se aberto e vulnerável, o Louco descobre um apoio milagroso de seu interior. Ele aprende a se render às suas experiências e isso lhe traz uma alegria surpreendente. Resignado, ele se integra ao fluxo da vida.
A Morte: Depois desta visão, o Louco começa a eliminar velhos hábitos, cortando as partes não essenciais, pois agora ele aprecia os fundamentos da vida. Ele passa pelo encerramento de muitos processos antigos, e pelo descarte dos infrutíferos. Neste processo ele sente que parece morrer, pois esta é a carta da Morte. Quem morre na verdade é a sua identidade obsoleta, de modo a permitir o crescimento de uma nova. Às vezes, essa mudança inexorável parece estar esmagando o Louco, mas ele acaba se levantando para descobrir que a morte não é um estado permanente, mas simplesmente uma transição para uma forma nova e mais gratificante da vida.

A Temperança: Agora, ele percebe a estabilidade equilibrante da Temperança. Ele descobre o verdadeiro equilíbrio, pois ao experimentar os extremos, ele foi capaz de apreciar a moderação. Neste trajeto, o Louco combinou todos os aspectos de sua alma em um todo centrado que expressa a saúde e o bem-estar. Os anjos presentes na carta da Temperança são graciosos e suaves quando comparados ao poderoso mas rígido comandante presente na lâmina da Carruagem. Temperança: Este é um momento muito importante de decisão para o Louco. É quando ele está fazendo escolhas cruciais. Ele se dá conta que o comando de sua Carruagem deve ser temperada pela bondade e pelo poder suave de uma intervenção amorosa e cuidar com as paixões impulsivas.

O Diabo: Até aqui, o Louco conquistou a sua saúde, a sua paz de espírito. Aparentemente, ele não precisa de mais nada. No entanto, o Louco é corajoso o suficiente para continuar a perseguir os níveis mais profundos do seu ser. E esta atitude o leva a estar cara a cara com o próprio Diabo que não se trata de uma figura malévola e sinistra que reside fora de nós. Ele é a própria ignorância e a desesperança que em algum momento se manifesta em nós. As atrações sedutoras do mundo material nos ligam tão fortemente aos objetos e às pessoas, que muitas vezes nem percebemos que nos tornamos seus escravos. Nossa vida é um espectro muito limitado de experiências, e permanecemos por muito tempo ignorando o mundo glorioso que é a nossa verdadeira herança. Na carta do Diabo, há um casal acorrentado, porém resignado e contente com esta situação. Eles jamais alcançarão a liberdade se não reconhecerem a sua própria escravidão. Eles se parecem com os Amantes, mas não sabem que seu amor está limitado ao aspecto material.

A Torre: Para se libertar do Diabo, o Louco precisa de uma mudança súbita, a qual é representada pela Torre. Esta é a carta da fortaleza do ego que cada um de nós tem construído em torno de sua alma. Esta fortaleza é cinza, dura e fria, e apesar de parecer servir como proteção, ela é na realidade uma prisão. Estruturas rígidas precisam ser destruídas ou percebemos isso e mudamos ou o "destino" fará, às vezes da forma mais fatalista.

A Estrela: Às vezes, apenas uma crise de proporções monumentais pode gerar energia suficiente para quebrar as paredes da Torre. Nesta carta vemos o raio do discernimento colidindo com um edifício. Ele expulsa os ocupantes que parecem estar caindo para a morte. A coroa indica que eles já foram governantes orgulhosos, mas agora são humilhados por uma força muito maior do que eles mesmos. Depois deste processo de destruição, o Louco é preenchido com a serenidade. As belas imagens que aparecem na carta da Estrela  atestam essa tranquilidade. A mulher ali retratada está nua, pois sua alma não está mais escondida atrás de um disfarce qualquer. As estrelas radiantes brilham no céu sem nuvens, que serve como um farol de esperança e inspiração. Neste momento o Louco é abençoado com uma confiança que substitui completamente as energias negativas do Diabo. Sua fé em si mesmo e no futuro é completamente restaurada. Ele está repleto de alegria e seu desejo é compartilhar seu sentimento de maneira generosa com o resto do mundo. Seu coração está aberto e derrama livremente seu amor. Esta paz que vem depois da tempestade é um momento mágico para o Louco.

A Lua: Essa calma perfeita só é atrapalhada pela sua vulnerabilidade às ilusões da lua. A alegria do Louco é um estado sentimental, e suas emoções, sejam elas negativas ou positivas, ainda não estão sujeitas à clareza mental. Em sua condição de sonhador, o Louco é suscetível à fantasia, à distorção e à uma falsa imagem da verdade. Mais ainda, a Lua é uma grande estimuladora da imaginação criativa. Ela abre o caminho para pensamentos que podem não estar de todo em acordo com a realidade, mesmo que sejam muito belos e e encantadores. Contudo, das profundezas do inconsciente ainda podem surgir medos muito profundos e ansiedades. Essas experiências podem fazer o Louco se sentir perdido e confuso.

O Sol: Somente a clareza lúcida do Sol é que pode direcionar a imaginação do Louco, pois a luz que emana do astro rei é capaz de brilhar em todos os lugares escondidos. Ela é que dissipa as nuvens de confusão e do medo. O Sol ilumina e permite ao Louco sentir e compreender a bondade do mundo. Agora, ele desfruta de uma energia vibrante e entusiástica. Na carta do Sol, o Louco é a criança nua que se dirige alegremente para enfrentar um novo dia. Nenhum desafio é demasiado assustador perante a vitalidade radiante do Louco. Ele se envolve em grandes empreitadas e atrai para si tudo o que precisa. Ele é capaz de perceber sua própria grandeza. Seu falso ego tem sido enfraquecido, permitindo que sua consciência radiante pudesse se manifestar. E assim ele descobre que a alegria, e não o medo, está no centro da sua vida. Ele perdoa a si mesmo e aos outros, sabendo que sua verdadeira essência é pura e boa. Ele pode se arrepender erros do passado, e não esquece que eles foram causados pela sua ignorância de sua verdadeira natureza.

O Julgamento: Ele está fazendo seu próprio Julgamento, uma espécie de acerto de contas consciente com sua vida. Desde que ele é capaz de se enxergar verdadeiramente, o Louco é capaz de tomar as decisões necessárias sobre o seu futuro. Ele pode escolher sabiamente quais coisas deverá valorizar, e quais serão descartadas.

O Mundo: Após esta nova introspecção, o Louco retorna ao Mundo, mas desta vez com uma compreensão muito mais ampla e completa, pois integrou todas as diferentes partes de si mesmo e alcançou a plenitude. Ele atingiu um novo nível de felicidade e realização. Sua vida agora é plena e significativa, e seu futuro está cheio de possibilidades infinitas. Em consonância com sua vocação pessoal, ele se torna ativamente envolvido no mundo, partilhando seus dons e talentos e descobrindo que é capaz de prosperar em tudo. Enfim, a Jornada do Louco chega ao fim. Através da perseverança e da honestidade, ele restabeleceu a coragem espontânea que trazia consigo no início de sua caminhada, mas agora ele se encontra plenamente consciente do seu lugar no mundo. Foi um longo ciclo, mas logo o Louco estará pronto para começar uma nova jornada que o levará a níveis cada vez maiores de compreensão.

Ψ Fatima Vieira - Psicóloga Clínica

Ψ Jung e o Tarot - Uma Jornada Arquetípica

- O Tarô é um dos espelhos do pensamento inconsciente. 

- Cada uma das cartas do Tarô é uma mensagem da mente universal, cujo significado nem sempre é claro para o homem moderno, que jogou fora seus mitos ao querer interpretá-los literalmente. 

- Os arquétipos não são literais, são mensagens do inconsciente. Mas, como nossa mente inconsciente está divorciada do consciente, essa mensagem se perde. 

- Freud desenvolveu sua teoria psicanalítica em torno dessa premissa, usando a livre associação e análise de sonhos para localizar e trazer o material do inconsciente para lidar da melhor forma com a realidade.

- Jung ainda identificou o que chamou de "inconsciente pessoal", como diferente do que ele chamou de "inconsciente coletivo", esse expressa em uma linguagem simbólica universal. 

- Em Psicologia nós utilizamos testes psicológicos - técnicas projetivas, como o *Rorschach, *HTP ( casa, árvore e pessoa), *TAT  (teste de apercepção temática).
  ...  onde o sujeito conta uma  história sobre as imagens.

 - Considera-se que muitos conteúdos do inconsciente não estão diretamente acessíveis à consciência devido às restrições do ego e seus mecanismos de defesa.  
- Na psicologia, a projeção é um mecanismo de defesa inconsciente pelo qual vemos nossas próprias características e tendências não em nós mesmos, mas sim nas pessoas e eventos em nosso ambiente.

 - As imagens que se encontram na cartões do Tarot podem ser utilizadas de uma maneira semelhante. 

- Sally Nicholls descreve as cartas de tarô como detentores de projeção, o que significa simplesmente que eles são ganchos para capturar a imaginação.

- Sugere que "ao ver as imagens que lançam sobre a realidade exterior, como reflexos de espelho da realidade interior, chegamos a conhecer a nós mesmos ... confrontando os arquétipos e libertar-se um pouco de sua compulsão, a pessoa se torna cada vez mais capaz de responder à vida de forma individual ... ou, em termos de Jung "processo de Individuação".

- De acordo com Jung, os seres humanos tendem a responder a outros em termos de imagens arquetípicas que emergem do inconsciente coletivo, e tem o efeito de definir nossas expectativas conscientes e das pessoas próximas a nós.

- Imagens do cartão de Tarot podem ser eficazes em provocar intuições conscientes de que as mudanças de efeito em nossas imagens interiores, que depois servem para facilitar mudanças no comportamento manifesto. Essas mudanças, em seguida, resultam em novas respostas de pessoas e situações ao nosso redor. 

- O Tarot não tenta prever o futuro, mas permite que o indivíduo tenha um papel ativo na criação de um futuro novo e transformado - na transcendência do seu ego consciente com o propósito de alcançar a totalidade ou completa consciência de si, e, finalmente, em sua atualização do Eu Superior.

Fonte: NICHOLLS, Sally - Jung e o Tarot - Uma Jornada Arquetípica
Ψ Fatima Vieira - Psicóloga Clínica