imagem: Sérgio Surkamp
Barthes, combinando citações e suprimindo aspas parece confirmar que "não se copiam obras, copiam-se linguagens". Na linguagem dos enamorados como seres solitários e incompletos, o discurso do amor surge como sentimento incompreensível. "O apaixonado é, portanto, artista e o seu mundo é bem um mundo às avessas, pois toda a imagem é o seu próprio fim (nada para lá da imagem)". Em cada verbete, o sujeito do discurso amoroso registra as angústias mais veementes de um coração apaixonado e nos faz refletir acerca de ações banais, como a espera de um telefonema (ou a dúvida quanto a ligar ou não), o ciúme inexplicável que sentimos a ver um terceiro falando do nosso ser amado ou simplesmente o delírio da paixão amorosa.
Ciúmes, posses, discursos, signos, o desejo amoroso - trata-se de um livro para quem ama poder amar ainda mais (FDA). Para quem amou, sentir saudades e querer amar novamente. Ou para quem ainda desacreditado no amor, queira um dia voltar a amar, mas que não se contente com qualquer amor, e sim procure um amor ao menos parecido com aquele descrito por Barthes. "Os signos do amor alimentam uma imensa literatura: o amor é representado, reposto numa ética das aparências". Gozo da palavra romanesca, gozo por articular significantes - ao lado da leitura barthesiana que desvenda sentidos, gozo de criar, de reinventar o objeto do prazer, o prazer do texto, o prazer de ler, o prazer de amar puro e simplesmente!
BARTHES, Roland. Fragmentos de Um Discurso Amoroso. Editora Martins Fontes, 2003.
BARTHES, Roland. O prazer do texto. Trad. Maria Margarida Barahona. São Paulo: Perspectiva, 1977.
BARTHES, Roland. Escrever...Para que?...Para quem? Trad. Raquel Silva. Lisboa: 1974
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