domingo, 18 de dezembro de 2011

Retirou delicadamente o vestido e pendurou no varal da eternidade...

Ela procurou um vestido... um vestido para aquele momento, e tinha que ter um corte e ajuste perfeito... segunda pele que abrigaria sua alma.
 (...)  cobrir a paisagem da "carne afetada pela escrita e convidada ao devaneio" (Barthes).
 Cortar o tecido na trama, para fazer emergir o feminino e a possibilidade de novas linhas era se deparar com aquilo que estava escrito e com a escritura do porvir. 
Era também aquilo que Blanchot dizia bem: '' ... fazemos poesia somente no puro lampejo do corte..." O corte era radical - era corte em si.
 Enquanto procurava o vestido para ocasião tão especial ela lembrou Clarice assustada com essa coisa sobrenatural que é viver: "O que faço dessa felicidade ao meu redor que é eterna e que passará daqui a um instante, porque o corpo só nos ensina a ser morte?" (Flor de Bela Alma/ Fatima Vieira)  

                                              

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