segunda-feira, 18 de novembro de 2024

(...)

“Quando colocamos o amor no divã, ele fala sem cessar, e ao falar ele vai se escrevendo em narrativas, contos, tragédias e comédias por onde se perfilam mágoas, ódios, saudades e desfilam os rios de lágrimas, os risos de graças, os lençóis manchados e os batons desbotados. E o sujeito vai historizando seus amores em suas ficções, passando e repassando as velhas roupas, e as deixa lá no armário da memória para daí em diante poder viver, como diz Lacan, um amor sem limites. (Antonio Quinet)

 𝚿 Fatima Vieira
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(...)

“Quem renuncia à façanha de viver precisa sufocar dentro de si mesmo o desejo de fazê-lo, portanto cometer uma espécie de suicídio parcial. Isto explica as fantasias de morte que frequentemente acompanham a renúnica ao desejo." (Jung, Símbolos da Transformação)

                                              𝚿 Fatima Vieira

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domingo, 17 de novembro de 2024

Psicoterapia Analítica

“O que viso é produzir algo de eficaz, é  produzir um estado psíquico, em que meu paciente comece a fazer experiências com seu ser, um ser em que nada mais é definitivo nem irremediavelmente petrificado; é produzir um estado de fluidez, de transformação e de vir a ser.” (Jung, A Prática da Psicoterapia)

                                                           Rudolf Steiner 

"Tenho de optar ecessariamente por um método dialético, que consiste em confrontar as averiguações mútuas. Mas, isto só se torna possível se eu deixar ao outro a oportunidade de apresentar seu material o mais completamente possível, sem limitá-lo pelos meus pressupostos." (Jung, A prática da Psicoterapia)

                        𝚿 Fatima Vieira
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sexta-feira, 15 de novembro de 2024

... pois a voz de toda humanidade ressoa em nós.

“O Momento em que aparece uma situação mitológica é sempre caracterizado por uma intensidade emocional peculiar; é como se as cordas fossem tocadas em nós que nunca antes ressoaram, ou como se forças poderosas fossem desencadeadas de cuja existência nunca desconfiávamos. A luta pela adaptação é uma coisa penosa, pois temos que nos confrontar constantemente com condições individuais, quer dizer, atipicas. Não é de admirar que, quando alcançarmos tal situação, sintamos de repente ou a libertação toda especial, como se estivéssemos sendo carregados, ou nos sintamos agarrados por uma força superior. Em tais momentos não somos mais indivíduos, mas uma espécie; pois a voz de toda humanidade ressoa em nós. (…) Toda referência ao arquétipo, seja experimentada ou apenas dita, é 'perturbadora', isto é, ela atua, pois ela solta em nós uma voz muito mais poderosa do que a nossa. Quem fala através de imagens primordiais, fala como se tivesse mil vozes; comove e subjuga, elevando simultaneamente aquilo que qualifica de único e efêmero na espera do continuo devir, eleva o destino pessoal ao destino da humanidade. e com isso solta em nós aquelas forças benéficas que desde sempre possibilitaram a humanidade salvar-se de todos os perigos e também sobreviver à mais longa noite.” (JUNG, C.G, O Espirito na Arte e na Ciência)








 𝚿 Fatima Vieira
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quarta-feira, 13 de novembro de 2024

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"Há sempre uma determinada hora do dia e da noite em que a coragem de um homem está no seu ponto mais baixo, e era apenas essa hora que ele temia." ...
"Neste ponto do seu esforço, o homem fica cara a cara com o irracional. Ele sente dentro de si o seu desejo de felicidade e de razão. O absurdo nasce deste confronto entre a necessidade humana e o silêncio irracional do mundo. Isto não deve ser esquecido. Isto deve ser apegado porque toda a consequência de uma vida pode depender disso. O irracional, a nostalgia humana e o absurdo que nasce do seu encontro - estas são as três personagens do drama que deve necessariamente terminar com toda a lógica de que uma existência é capaz." (Albert Camus)
                       𝚿 Fatima Vieira
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quarta-feira, 23 de outubro de 2024

𝚿 Psicossomática o corpo fala

Psicossomática: O Pescoço

A região do pescoço faz a ligação entre a cabeça e o tronco. Área de grande sensibilidade e relevância desde o ar que se respira até a nutrição e a fala. Toda dinâmica corresponde à três vias de comunicação fundamentais: a traqueia, o esôfago e a medula espinhal. A laringe também está relacionada à transmissão e à comunicação. Devido à estreiteza dominante, o pescoço tem uma especial ligação com a angústia (do latim angustus = estreito) e especialmente com a angústia da morte

No nascimento o bebê é confrontado com essa estreiteza e angústia. Otto Rank refere que o trauma do nascimento é responsável pela primeira experiência de angústia na vida de um indivíduo e permanecerá presente ao longo de toda a sua existência (Rank, 1924). Diz-se de forma figurativa:'sinto um aperto na garganta', quando estamos perdidos; ou 'estou endividado até o pescoço'; ou 'ele pulou no pescoço' ou 'levou uma gravata' diante de uma briga; 'engolir sapo' quando a pessoa  não  consegue se expressar adequadamente e de forma submissa leva 'desaforos para casa'. Diz-se que determinada pessoa é corajosa quando anda de 'cabeça erguida'. Já a pessoa constantemente 'cabisbaixa' oculta a região da  garganta, e com ela o âmbito da incorporação e da posse. Não espera nada da vida que valha a pena ser incorporado. Ela comprime no espaço mais estreito aquilo que têm, e o esconde do mundo. Trata-se de um círculo vicioso típico, pois vivencia o todo na projeção. Ela deixa a cabeça cair um pouco mais a cada golpe. Não é somente em sentido figurado que ela abaixa a cabeça. O pescoço tem então de suportar a carga da cabeça pendente, o que a longo prazo força em demasia os músculos da nuca, causando estresse e dores musculares. A postura inversa é o 'nariz empinado', em que a cabeça é atirada sobre a nuca e o queixo empurrado para a frente. Dessa maneira, o queixo é ressaltado como símbolo da vontade. Tudo deve seguir o nariz de quem tem o 'nariz empinado'. Ela observa de cima para baixo o mundo que tem a seus pés. Ao mesmo tempo, o pescoço é forçado para a frente, esticado e tendenciosamente inchado, o que evoca a temática da insaciabilidade. A lição dessa má postura está em conquistar o olhar desde cima em sentido figurado e desenvolver a genuína coragem que repousa na força interna em substituição da soberba. Ou seja, quem se coloca aos pés do mundo com verdadeira humildade, terá finalmente o mundo a seus pés, e o mundo deixará de golpeá-lo. Por outro lado, pode-se permitir que alguém coloque os braços ao redor do pescoço como prova de confiança.

Sobre a voz: Ao externar o conteúdo a voz também expressa o estado de ânimo da pessoa (anima=alma). A voz torna-se sintoma quando não corresponde à forma do corpo. Uma voz semelhante aos pios de um pássaro que nos importuna saindo de um corpo imponente fala por um proprietário que não confia em si mesmo para estar à altura de suas possibilidades. Ele não permite que a voz vibre em conjunto com o corpo. É de supor tanto o medo da própria força e da impressão que se causa quanto a distância da corporalidade. O ânimo interno, ao contrário da aparência interna, é medroso e sem autoconfiança.

A voz trêmula: deixa igualmente que o medo vibre em conjunto, mas em determinados momentos pode vibrar também com o movimento interno e a comoção.

A voz baixa: pertence a pessoas desanimadas, que precisaram humilhar-se frequentemente e não chegaram a desenvolver a própria força nem obtiveram para si uma expressão mais forte.

A voz pouco nítida: de quem se acha mal  compreendido. Ali onde os outros não o entendem surge a pergunta, se ele de fato quer ser compreendido e se sustenta aquilo que diz. Será que são claros para ele os pensamentos que expressa com tão pouca clareza? A linguagem pouco nítida, que permite que as palavras se confundam umas com as outras, permite supor pensamentos igualmente indiferenciados. A pessoa que fala enrola e tem medo de chegar, vá que aquilo que foi dito se revele menos linguagem que tolice. Ela não gostaria de comprometer-se, seus pontos de vista não são suficientemente firmes, claros e seguros para que ela os exponha com voz mais firme, mais clara e mais segura.

A voz soprada, tolhida: A cada sopro aquele que sopra diz, juntamente com o conteúdo soprado: "Por favor, não faça nada comigo que eu também não faço nada com você".

A voz demasiadamente suave: a suavidade quando excessivamente acentuada levanta rapidamente a questão de sua autenticidade e a suspeita de que ela deve ocultar um 'lobo em pele de cordeiro'. Quem fala sem ênfase e expressão e por medo da energia e da força da expressão se refugia na suavidade tem, de fato, a suavidade por lição a ser aprendida. Dado o caso, ele precisa reconhecer sua suavidade como falsa ou pouco sincera, pois até mesmo um pisa-mansinho pisa. Ele continua sendo 'um lobo em pele de cordeiro'. Mas caso ele se exercite em assumir inteiramente o caráter de cordeiro, notará que tem algo mais, muito diferente, metido dentro de si. Enquanto ele continuar se fazendo de cordeiro, existe o perigo de que em algum momento ele se torne um e a autêntica suavidade permaneça oculta para sempre. Caso ele, ao contrário, descubra e aceite sua porção de natureza de 'lobo', a suavidade forçada se transformará em sonoridade liberada que também pode expressar-se de maneira correspondente terna e suave como um sussurro ou enfaticamente vociferada.

A voz chorosa: vozes chorosas ou gementes, por trás das quais praticamente não há ênfase alguma. Mas caso haja pressão por trás das palavras e o medo impeça sua expressão sonora, isso é sentido no timbre forçado do hálito, queixoso do gemido.

A voz rouca: A voz rouca deve-se a cordas vocais irritadas e não a um estado de ânimo reconhecidamente irritado. Ela pode indicar, que a pessoa permanece constantemente nas proximidades do grito sem realmente berrar do fundo do coração. A voz soa extremamente fatigada, seja porque gritou de maneira apenas parcial, ou então porque o brado tem de ser constantemente reprimido. Não  se coloca  inteira naquilo que exterioriza. Juntamente com o impulso de falar, percebe-se simultaneamente no atrito a resistência ao ato de falar. Quem não abre mão de falar apesar de estar resfriado, fica rouco rapidamente. O fato é que ele está cheio até o nariz e gostaria mesmo é de não ouvir, ver ou cheirar, fechando-se totalmente. A voz rouca deixa entrever a situação ultrairritada. Uma voz que falou demais em relação às circunstâncias. Sem a superfície de ressonância do corpo, é duvidoso que a voz encontre ressonância entre os ouvintes. Quanto mais rouca e grasnante ela é, menos digna de crédito ela soa. A rouquidão pode chegar à perda da voz (afonia), um sintoma da maioria das doenças que ataca a laringe.

A voz sufocada: está tingida daquilo que a sufoca. Lágrimas reprimidas podem soar, assim como a raiva ou a ira. A voz abafada sempre é em última instância a reprodução de uma aflição anímica.

A voz sibilante: revela um ser serpentino, com o profundo simbolismo que se aderiu a esse réptil desde os tempos bíblicos. Nisso está incluída não apenas a falsidade da língua bifurcada mas também o sedutor. Sibilar algo para alguém, assim como a própria voz sibilante, tem algo de perigo e de conspiração. O pólo oposto é constituído por palavras abertamente articuladas e nítidas que não temem a exposição pública.

Uma voz ásperamostra que as coisas não deslizam para fora dos lábios com facilidade, mas que a pessoa responde a uma certa resistência. Caso a voz seja áspera como um ralador, o esforço ao falar toma-se audível. A solução está em admitir realmente as resistências internas.

A voz molhada: é menos um problema vocal que um problema de expressão. Embora reconhecidamente inofensivo, o sintoma é extremamente malvisto em razão de seu óbvio simbolismo. Aqui alguém cospe sua agressão. Assim ele sempre passa para seus ouvintes aquilo que não conseguiria tão facilmente de outra maneira. Por trás, oculta-se a tentativa de esforçar-se especialmente e de articular declaradamente bem. Em vez de fazê-lo dessa maneira infantilmente babada, será que os afetados poderiam ousar expressar a necessária agudeza e concisão por meio do conteúdo? Para harmonizar-se com sua voz, é inevitável admitir-se nos planos de sentimentos que vibram em conjunto a cada momento, vivê-los e deixar que falem a partir de si mesmos. Somente assim surge a chance de estar (vocalmente) livre e aberto para todos.

A voz estridente: Uma voz que sempre soa alta e troante torna-se igualmente sintoma. Muitas vezes ela sobrecarrega todas as emoções mais ternas ou até mesmo as atropela. quem é sempre um canhão e permite que as paredes retumbem com o troar dos canhões não somente desgosta o ambiente com o tempo mas está ele mesmo desgostado. O estado de animo é algo mutável e sensível; para expressá-lo de maneira condizente é necessária a consonância do momento em questão. A solução para os espíritos de canhão
notórios também está em seu jeito alto e até indiscreto, engraçado e alegre. Se eles se permitissem por uma vez mergulhar inteiramente na alegria e na jovialidade, até sentir o mais íntimo de si mesmos, poderiam então voltar a relaxar e estariam abertos para novos estados de ânimo em novas situações. Com uma voz estridente busca-se forçar para si a atenção e a consideração dos outros que provavelmente não seriam tão fáceis de obter com os conteúdos exteriorizados.

O pigarro como sintoma: Naturalmente, o pigarro somente adquire valor de doença quando surge frequentemente e começa a se tornar importuno para a própria pessoa e evidente para os outros. É a tentativa de limpar as vias aéreas para ao final dizer algo. Assim, ele naturalizou-se como o sinal com o qual se anuncia um
discurso. Quando alguém pigarreia constantemente, anuncia o tempo todo uma alocução que então não vem. Trata-se de uma pessoa que também gostaria de dizer algo alguma vez, mas que empaca logo no princípio. Ela não encontra as palavras no sentido mais verdadeiro do termo, permanecendo nas preliminares com seus sons guturais de limpeza. Muitas vezes o pigarro quer também chamar a atenção sobre si e anunciar a própria critica sem formulá-la. A lição consiste em obter audição, consideração e atenção para as próprias palavras.

Perguntas pertinentes:
1. Minha voz está adaptada? À minha aparência? Minha posição profissional? Social? 
Minha determinação.

2. Minha voz assume o primeiro plano ou se esconde? Isso corresponde aos meus reais anseios da vida?

3. Posso confiar em minha voz e falar livremente? Eu chego com ela àqueles a quem falo?

4. Consigo expressar-me livremente quando há resistências?

5. Que sentimento básico minha voz expressa? Ele corresponde à tonalidade de minha alma?

6. Eu permaneço vocalmente em determinados estados de ânimo ou fico aberto para cada momento?

7. Que mensagens minha voz transporta além do conteúdo?

Fonte:
DAHLKE, Rüdger - A Doença como Linguagem da Alma - Os sintomas como oportunidade de desenvolvimento. 
Trad. Dante Pignarari. Ed. Cultrix. São Paulo - 1992

                      𝚿 Fatima Vieira
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domingo, 22 de setembro de 2024

'O Homem e Seus Símbolos' (Jung)

 Algumas reflexões sobre o livro 'O Homem e Seus Símbolos' Carl G. Jung

1 . Existe um Deus/Divindades

E há algo dentro de nossas mentes que não é totalmente nós. Há algo mais  que não podemos compreender. Algo mais.
"O homem desenvolveu a consciência lenta e laboriosamente, em um processo que levou eras incontáveis ​​para atingir o estado civilizado (que é arbitrariamente datado da invenção da escrita em cerca de 4000 a.C.). E essa evolução está longe de ser completa, pois grandes áreas da mente humana ainda estão envoltas em escuridão. O que chamamos de 'psique' não é de forma alguma idêntico à nossa consciência e seus conteúdos.' ... "Nossa psique é parte da natureza, e seu enigma é ilimitado." (...) "Devemos entender que os símbolos dos sonhos são, em grande parte, manifestações de uma psique que está além do controle da mente consciente. Significado e propósito não são prerrogativas da mente; eles operam em toda a natureza viva. Não há diferença em princípio entre crescimento orgânico e psíquico. Assim como uma planta produz sua flor, a psique cria seus símbolos. Cada sonho é evidência desse processo." 

2 . Precisamos voltar à natureza (e adotar um animal espiritual)
"Muitos primitivos assumem que o homem tem uma 'alma do mato', assim como a sua própria, e que essa alma do mato está encarnada em um animal selvagem ou em uma árvore, com a qual o indivíduo humano tem algum tipo de identidade psíquica." O homem há muito tempo usa animais para entender sua própria natureza. E toda linguagem na Terra está cheia de metáforas que antropomorfizam os animais ou veem a linha entre o homem e sua natureza animal como borrada. Os animais são espelhos que sustentam a barbárie da nossa natureza e, ao mesmo tempo, nos asseguram nossa singularidade. À medida que a compreensão científica cresceu, nosso mundo se tornou desumanizado. O homem se sente isolado no cosmos, porque não está mais envolvido na natureza e perdeu sua 'identidade inconsciente' emocional com os fenômenos naturais. Estes perderam lentamente suas implicações simbólicas. O trovão não é mais a voz de um deus irado, nem o relâmpago é seu míssil vingador. Nenhum rio contém um espírito, nenhuma árvore é o princípio vital de um homem, nenhuma cobra é a personificação da sabedoria, nenhuma caverna na montanha é o lar de um grande demônio. Nenhuma voz agora fala ao homem a partir de pedras, plantas e animais, nem ele fala a eles acreditando que podem ouvir. Seu contato com a natureza se foi, e com ele se foi a profunda energia emocional que sua conexão simbólica fornecia."
"Os índios Naskapi teciam lindos apanhadores de sonhos para trazer a sabedoria do Grande Homem das profundezas do inconsciente.
Mesmo pessoas que nunca desenvolveram  crenças religiosas devido ao seu isolamento, como os índios Naskapi, entenderam intuitivamente a importância de confiar na própria voz interior/companheiro/amigo/
Grande Homem para guiá-los. Aqueles Naskapi que prestam atenção aos seus sonhos e que tentam encontrar seu significado e testar sua verdade podem entrar em uma conexão mais profunda com o Grande Homem. Ele favorece essas pessoas e lhes envia mais e melhores sonhos." 

3 . Caminhamos a passos largos entre a ordem e o caos
O verdadeiro controle é ter a capacidade de deixar ir. "Falamos sobre ser capaz de 'nos controlar', mas o autocontrole é uma virtude rara e notável. Podemos pensar que temos a nós mesmos sob controle; ainda assim, um amigo pode facilmente nos dizer coisas sobre nós mesmos das quais não temos conhecimento."
"A capacidade de controlar as próprias emoções, que pode ser muito desejável de um ponto de vista, seria uma conquista questionável de outro, pois privaria o convívio social de variedade, cor e calor."
"A triste verdade é que a vida real do homem consiste em um complexo de opostos inexoráveis ​​– dia e noite, nascimento e morte, felicidade e miséria, bem e mal. Não temos certeza nem de que um prevalecerá sobre o outro, que o bem vencerá o mal, ou que a alegria derrotará a dor. A vida é um campo de batalha. Sempre foi, e sempre será; e se não fosse assim, a existência chegaria ao fim."

4 . Existem muitas maneiras de entrar no inconsciente
August Kekulé q
uímico do século XIX descobriu que a estrutura molecular do benzeno era um anel de carbono fechado porque sonhou com uma cobra com o rabo na boca. "É um fato que, além de memórias de um passado consciente distante, pensamentos e ideias criativas completamente novos também podem se apresentar do inconsciente – pensamentos e ideias que nunca foram conscientes antes. Eles cresceram das profundezas escuras da mente como um lótus e formam uma parte muito importante da psique subliminar. Encontramos isso na vida cotidiana, onde os dilemas às vezes são resolvidos pelas mais surpreendentes novas proposições; muitos artistas, filósofos e até cientistas devem algumas de suas melhores ideias a inspirações que surgem repentinamente do inconsciente. A capacidade de atingir uma rica veia desse material e traduzi-lo efetivamente em filosofia, literatura, música ou descoberta científica é uma das marcas registradas do que é comumente chamado de gênio." 
Exponha-se a novas experiências.

5 . Temos o feminino e o masculino dentro de nós e às vezes eles se desequilibram
A anima é o elemento feminino do inconsciente masculino, enquanto o animus é o elemento masculino do inconsciente feminino. Os sonhos muitas vezes nos mostram uma figura feminina (se você for homem) ou uma figura masculina (se você for mulher) porque nossa mente consciente ficou desequilibrada e começou a pintar uma ficção – o arquétipo que aparece no sonho está tentando restaurar o equilíbrio.
Marie-Louise V. Franz refere sobre a anima de um homem: "Em sua manifestação individual, o caráter da anima de um homem é, via de regra, moldado por sua mãe. Se ele sente que sua mãe teve uma influência negativa sobre ele, sua anima frequentemente se expressará em estados de ânimo irritáveis, deprimidos, incerteza, insegurança e sensibilidade. (Se, no entanto, ele for capaz de superar os ataques negativos a si mesmo, eles podem servir para reforçar sua masculinidade)"
Dentro do corpo de tal homem, a figura negativa da mãe-anima repetirá incessantemente este tema: "Eu não sou nada. Nada faz sentido. Com os outros é diferente, mas para mim... eu não gosto de nada." Esses 'estados de ânimo da anima' causam uma espécie de embotamento, um medo de doença, de impotência ou de acidentes. Toda a vida assume um aspecto triste e opressivo. Esses estados de ânimo sombrios podem até mesmo atrair um homem ao suicídio, caso em que a anima se torna um demônio da morte.' Franz refere sobre o caçador que seguiu as canções sedutoras dos diabinhos aquáticos até seu afogamento: "Neste conto, a anima simboliza um sonho irreal de amor, felicidade e calor maternal (seu ninho) – um sonho que atrai os homens para longe da realidade. O caçador se afoga porque correu atrás de uma fantasia desejada que não pôde ser realizada."


6 . Os sonhos têm significado – você só precisa entender sua natureza
"Uma história contada pela mente consciente tem um começo, um desenvolvimento e um fim, mas o mesmo não é verdade para um sonho. Suas dimensões no tempo e no espaço são bem diferentes; para entendê-lo, você deve examiná-lo de todos os aspectos – assim como você pode pegar um objeto desconhecido em suas mãos e virá-lo várias vezes até que esteja familiarizado com cada detalhe de sua forma."
Mas como começar a examinar um objeto tão desconhecido? "Os dois pontos fundamentais ao lidar com sonhos são estes: primeiro, o sonho deve ser tratado como um fato, sobre o qual não se deve fazer nenhuma suposição prévia, exceto que de alguma forma faz sentido; e segundo, o sonho é uma expressão específica do inconsciente.')"
Devemos perceber que a vida civilizada "despojou tantas ideias da energia emocional que realmente não respondemos mais a elas". 
Mas o mundo dos sonhos não é vida civilizada. Jung diz que cada imagem é carregada com "tanta energia psíquica que somos forçados a prestar atenção nela". Por que essas imagens são tão importantes? Jung refere: "Tais mensagens do inconsciente são de maior importância do que a maioria das pessoas percebe. Em nossa vida consciente, estamos expostos a todos os tipos de influências. Outras pessoas nos estimulam ou nos deprimem, eventos no escritório ou em nossa vida social nos distraem. Tais coisas nos seduzem a seguir caminhos que são inadequados para nossa individualidade. Estejamos ou não cientes do efeito que elas têm em nossa consciência, ela é perturbada e exposta a elas quase sem defesa."

7 . “O indivíduo é a única realidade” Acordem, estamos nos matando
É através do indivíduo que o coletivo encontra a liberdade: "Quanto mais nos afastamos do indivíduo em direção a ideias abstratas sobre o Homo sapiens, mais provável é que caiamos em erro. Nestes tempos de convulsão social e rápida mudança, é desejável saber muito mais do que sabemos sobre o ser humano individual, pois muito depende de suas qualidades mentais e morais."
A maioria das pessoas está dormindo: "É esse estado de coisas que explica o sentimento peculiar de desamparo de tantas pessoas nas sociedades ocidentais. Elas começaram a perceber que as dificuldades que nos confrontam são problemas morais, e que as tentativas de respondê-las por uma política de acumulação de armas nucleares ou por 'competição' econômica estão conseguindo pouco, pois cortam os dois lados. Muitos de nós agora entendem que meios morais e mentais seriam mais eficientes, já que poderiam nos fornecer imunidade psíquica contra a infecção cada vez maior."

                       𝚿 Fatima Vieira - Psicóloga Clínica

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"Sonho em pintar e depois pinto meu sonho." (Vincent v. Gogh)

   𝚿 Fatima Vieira - Psicóloga Clínica

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segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Descansar no TAO: o destino alcançado

“Explore diariamente a vontade de Deus.” (Jung)

Dalí: Alquimia dos Filósofos/ O Caldeirão 

“O fato de um homem que segue seu próprio caminho terminar em ruína não significa nada ...
Ele deve obedecer à sua própria lei, como se fosse um demônio sussurrando para ele sobre novos e maravilhosos caminhos ... Não são poucos os que o são despertados pelo apelo da voz, ao que imediatamente se separam dos demais, sentindo-se confrontados com um problema sobre o qual os outros nada sabem. Na maioria dos casos, é impossível explicar aos outros o que aconteceu, pois qualquer entendimento está bloqueado por preconceitos impenetráveis. 'Você não é diferente de ninguém', eles dirão em coro ou, 'não existe tal coisa', e mesmo que tal coisa exista, é imediatamente rotulado como 'mórbido ... ele é imediatamente separado e isolado, pois ele resolveu obedecer à lei que o comanda de dentro: 'Sua própria lei!' e todo mundo vai reclamar. A veia desconhecida dentro de nós é uma parte viva da psique; a filosofia chinesa clássica chama esse caminho interior de "Tao" e o compara a um fluxo de água que se move irresistivelmente em direção a seu objetivo. Descansar no Tao significa realização, plenitude, o destino alcançado, a missão cumprida; o início, o fim e a realização perfeita do significado da existência inata em todas as coisas.” (CG Jung)
 𝚿 Fatima Vieira - Psicóloga Clínica

sábado, 7 de setembro de 2024

Arquétipos: Luz/ Sombra (modelo arquetípico neojunguiano)

 Arquétipo: 'prime imprinter' as formas originais que se imprimem dentro da psique. Jung popularizou o termo, originalmente referia como imagens primordiais. Ele descobriu essas imagens primordiais a partir de um estudo aprofundado de mitologias antigas, contos de fadas e sonhos.
Em 'A Estrutura e Dinâmica da Psique', Jung explica que os arquétipos “são o sistema vivo de reações e aptidões que determinam a vida do indivíduo de maneiras invisíveis”. Jung via os arquétipos como as unidades fundamentais da mente humana.
Os arquétipos são instintivos e também contém uma espécie de dimensão espiritual como imagens na alma que representam o curso da vida de uma pessoa.

Arquétipo do Guerreiro: Expresso pelo signo de Áries. Deus grego Ares/ Marte.
Luz: Bravura, Autonomia, Determinação  Liderança.
Sombra: Violência, Impaciência, Impulsividade, Pavio Curto.
Arquétipo do Fazendeiro/ Colonizador: Deusa grega Afrodite, Imperatriz. Expresso pelo signo de Touro.
Luz: Estabilidade, Realidade, Força, Tenacidade.
Sombra: Possessividade, Teimosia, Falta de espontaneidade, Regressividade.

Arquétipo Bobo da Corte: Expresso pelo signo de Gêmeos. Deus grego Hermes.
Luz: Comunicabilidade, Flexibilidade.
Sombra: Jocosidade, Atitude Desdenhosa, Volatilidade, Instabilidade.

Arquétipo Mãe: Expresso pelo signo zodiacal de Câncer. Deusa grega Ártemis.  Luz: Lealdade, Empatia, Proteção, Cuidado, Compaixão, Sinceridade.
Sombra: Possessividade, Superproteção, Fechamento, Restrição emocional, Hipersensibilidade, Reclusão.
                                        imagem gerada por Midjourney
Arquétipo Rei: Expresso pelo signo zodiacal de Leão. Deus grego Apolo.
Luz: Capacidade de inspirar os outros, Dignidade, Generosidade, Prazer, Força de vontade, Criatividade.
Sombra: Egoísmo, Vaidade, Imprudência, Crueldade, Busca por Drama.

Arquétipo Artesão: Expresso pelo signo zodiacal de Virgem. Deus grego Hefesto.  Luz: Profissionalismo, Precisão, Atenção, Ordem, Habilidades de cura e autocura.
Sombra: Crítica e autocrítica, Rigidez emocional, Perfeccionismo, Mesquinharia.

Arquétipo Juiz: Expresso pelo signo zodiacal de Libra. Deusa Afrodite e Eros.
Luz: Imparcialidade, Senso de Equilíbrio, Habilidades de Construção de Relacionamentos, Carisma pessoal, Intelectualidade.
Sombra: Dúvida, Indecisão, Dependência excessiva, Preguiça.

Arquétipo Ator: Expresso pelo signo de Escorpião. Deus grego Hades.
Luz: Decisão, Determinação, Autoridade, Profundidade, Paixão.
Sombra: Crueldade, Grosseria, Imparcialidade indiferença, Fome de Poder, Sexualização, Ganância.

Arquétipo Explorador: Expresso pelo signo zodiacal de Sagitário. Deus grego Zeus.
Luz: Conhecimento, Sagacidade, Espiritualidade, Senso de liberdade, Espírito de descoberta, Habilidades de contar histórias ou ensinar.
Sombra: Imprudência, Volatilidade, Aventura, Superficialidade.

Arquétipo Construtor: Expresso pelo signo zodiacal de Capricórnio. Deus grego Chronos. Luz: Diligência, Persistência, Ambição, Realismo, Paciência, Orientação para objetivos, Confiabilidade, Mentalidade voltada para a missão.
Sombra: Regressividade, Desapego emocional, Rigidez, Desconfiança, Amargura.

Arquétipo Professor: Expresso pelo signo zodiacal de Aquário. Deus grego Urano.
Luz: Abertura ao novo, Mentalidade exploratória, Filantropia, Igualitarismo, Simpatia, Intelectualidade, Rebelião.
Sombra: Explosividade, Rebelião, Frieza, Tensão, Imprevisibilidade, Individualidade.

Arquétipo Mártir: Expresso pelo signo zodiacal de Peixes. Deus grego Poseidon.  Luz: Empatia, Compaixão, Altruísmo, Criatividade, Flexibilidade, Paciência. Sombra: Superdependência, Falta de Confiança, Instabilidade, Autossacrifício.

 𝚿 Fatima Vieira - Psicóloga Clínica

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Psicose:“o louco é o homem livre e não um indivíduo alienado" Lacan

"A cabeça que se tornará um crânio já está vazia. A loucura é o 'déjà-là' da morte." ...  

"A morte como destruição de todas as coisas não tinha mais sentido quando a vida se revelou uma sequência fatídica de palavras vazias, o tilintar oco do boné e dos sinos de um bobo da corte." (Michel Foucault)

                                   MarkAcetelliArtworks 

*Na visão de Foucault essa negação da morte ocupa um aspecto central da condição humana que na loucura é exacerbada. 

*Freud: vê a psicose como produto de uma perturbação das conexões entre o eu e o mundo exterior, e a partir disso pergunta: “qual será o mecanismo, análogo a uma repressão, pelo qual o eu se livra do mundo exterior? Na neurose, o ego suprime parte do id por fidelidade à realidade, enquanto na psicose ele se deixa levar pelo id e se desprende de uma parte da realidade”. Segundo a psicanálise freudiana, o episódio psicótico acontece quando o indivíduo é eclipsado; quando, diante da frustração da perda de um objeto, esse indivíduo direciona a libido para si, num esforço de investir desesperadamente em seu ego, nesse movimento desesperado de se sustentar, o psicótico se oculta no circuito autoerótico de um corpo despedaçado. 

*Lacan: Em 1967, Lacan declarou: “o louco é o homem livre e não um indivíduo alienado". Miller entende isso como uma advertência contra a noção de que a descompensação psicótica era automática. Assim refere Miller: "Vejo nisso uma advertência contra o fato de que estamos nos cegando quando entendemos a forclusão primária como um mecanismo incondicional... Estamos implicitamente usando um raciocínio mecanicista". Em sua interpretação um significante especial se instala durante o complexo de Édipo: o significante paterno ou Nome-do-Pai. Este significante nomeia o desejo da figura materna com o qual a criança é primeiramente confrontada e abre a dimensão da lei. Através do Nome-do-Pai as pessoas entendem a si mesmas e aos outros em termos de regras e padrões que devem obedecer. Eles usam esse significante para dar sentido ao desejo e isso os ajuda a vivenciar a permanência nas relações sociais. Segundo Lacan uma estrutura psicótica emerge da 'forclusion' (rejeição, repúdio) do Nome-do-Pai. Trata-se de um significante, o Nome-do­-Pai, que foi rejeitado da ordem simbólica da linguagem reaparecendo no real sob forma de alucinação. Este significante tem como correlativo o significado da castração. O sujeito psicótico, não tendo passado pela castração simbólica, vê-se, em determinadas condições, confrontado com a castração real. Em vez de ser integrado ao inconsciente do indivíduo como acontece no recalque, essa rejeição retorna em forma de alucinação no mundo real.

                                    Vlada Hauser

*Jung: Refere psicose como uma dissociação extrema da personalidade. Enquanto na neurose, os complexos são apenas relativamente autônomos, na psicose, eles são completamente desconectados da consciência. Ter complexos é em si normal; mas se os complexos são incompatíveis, aquela parte da personalidade que é muito contrária à parte consciente se separa. Se a divisão atinge a estrutura orgânica, a dissociação é uma psicose, uma condição esquizofrênica, como o termo denota. Cada complexo então vive uma existência própria, sem nenhuma personalidade restante para uni-los. Ele refere: "Na esquizofrenia as figuras cindidas assumem nomes e personagens banais, grotescos ou altamente exagerados, e são frequentemente questionáveis ​​de muitas maneiras. Além disso, elas não cooperam com a consciência do paciente. Elas não são diplomáticas e não têm respeito pelos valores sentimentais. Pelo contrário, elas invadem e causam distúrbios a qualquer momento, atormentam o ego de centenas de maneiras; todas são questionáveis ​​e chocantes, seja em seu comportamento barulhento e impertinente ou em sua crueldade e obscenidade grotescas. Há um caos aparente de visões, vozes e personagens incoerentes, todos de uma natureza esmagadoramente estranha e incompreensível." Jung acreditava que muitas psicoses, e particularmente a esquizofrenia, eram psicogênicas, resultantes de um rebaixamento do nível mental e de um ego fraco demais para resistir ao ataque de conteúdos inconscientes. Ele reservava o julgamento sobre se fatores biológicos eram uma causa contribuinte.

*No cerne das Abordagens Psicodinâmicas da esquizofrenia está a ideia de que os sintomas psicóticos não são fenômenos aleatórios, mas expressões ricas e simbólicas do mundo interior do paciente. Alucinações e delírios são representações concretas de ideias abstratas, desejos e conflitos. Esses sintomas se desenvolvem em resposta a uma autoimagem avassaladora e intolerável. Como Arieti observou, “Quando o paciente não consegue mais mudar a situação insuportável de si mesmo, ele tem que mudar a realidade... suas defesas se tornam cada vez mais inadequadas, o paciente finalmente sucumbe e a ruptura com a realidade ocorre.” O objetivo central do trabalho psicodinâmico em psicoterapia é ajudar os pacientes a reconstruir o significado emocional de seus sintomas psicóticos no ambiente de contenção protetora do relacionamento terapêutico.

*Psiquiatria: A tendência da psiquiatria de hoje é atribuir o processo psicótico à alteração na anatomia, bioquímica e eletrofisiologia do cérebro, isentando assim o sujeito, ou seja, a pessoa afligida, da responsabilidade pelo apego à realidade e sua sanidade. Segundo o manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5), o espectro da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos inclui esquizofrenia, transtorno (da personalidade) esquizotípica. Esses transtornos são definidos por anormalidades em um ou mais dos cinco domínios a seguir: delírios, alucinações, pensamento (discurso) desorganizado, comportamento motor grosseiramente desorganizado ou anormal (incluindo catatonia) e sintomas negativos.

*Tratamento: Geralmente inclui medicamentos antipsicóticos. Existem vários tipos de medicamentos antipsicóticos, e eles têm efeitos colaterais diferentes, então é importante seguir a orientação médica para determinar o medicamento que é mais eficaz. Há um suporte substancial de pesquisa para o cuidado especializado coordenado, que é uma abordagem de equipe multiprofissional e orientada para tratar psicose que promove fácil acesso ao cuidado e tomada de decisão compartilhada entre especialistas, a pessoa que sofre e membros da família.

*Fonte: Foucault M. , Loucura e Civilização: Uma História da Insanidade na Era da Razão.

Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais [recurso eletrônico]: DSM-5 / [American Psychiatric Association ; trad. Maria Inês C. Nascimento... et al.]; P.A: Artmed, 2014.

Freud, S. “Luto e melancolia”, “Neurose e psicose”, “A perda da realidade na neurose e na psicose".

Lacan, J. "Conferência em Genebra sobre o Sintoma".

Jung, C.G. "Psicogênese das Doenças Mentais"

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segunda-feira, 19 de agosto de 2024

(...)

"Quando você estiver contra uma parede, crie raízes como uma árvore, até que a clareza venha de fontes mais profundas para ver por cima da parede e crescer." (Jung)

"Hoje terminei um longo ensaio sobre a "Árvore Filosófica", que me fez companhia durante minha doença." (Jung)

"Há um pensamento nas imagens primordiais, nos símbolos mais antigos do que o homem histórico, inatos nele desde os primeiros tempos, vivendo eternamente, durando mais que todas as gerações, ainda constituem a base do psiquismo humano. Só é possível viver a vida plena quando estamos em harmonia com esses símbolos; a sabedoria é um retorno a eles." (Jung)
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Deus está em tudo que existe e a natureza deve ser reverenciada (Lao-Tsé)

As Quatro Virtudes essenciais segundo Lao-Tsé:

1. Reverenciar a vida: A primeira virtude cardinal diz que se deve reverenciar e amar todas as formas de vida, a começar por nós próprios. Amando a nós mesmos podemos fazer com que esse amor cresça e atinja todas as outras formas de vida. A natureza não é benévola e é com determinada indiferença que de tudo se vale para os seus fins. Neste mundo, dependemos de outras formas de vida para a nossa própria sobrevivência e é por isso que devemos tratá-la com respeito e gratidão.

2. Sinceridade: Quem conhece a sua ignorância revela a mais profunda sapiência. Quem ignora a sua ignorância vive na mais profunda ilusão. O desafio é conseguir primeiro ser honesto consigo mesmo antes de praticá-la com os outros. Assim, conseguimos nos manter autênticos

3. Gentileza: Um poder enorme de transformação. Dela nasce a bondade e da bondade nasce o amor. Ao ser gentil com todas as formas de vida, abdicamos de nossos desejos egoístas e agimos com amor. Aquele que não tem confiança nos outros, não lhes pode ganhar a confiança. A prática da gentileza aguça a empatia e diminui a vontade de estar certo. 

4. Amparo: Devemos ajudar uns aos outros. Seja honesto com aqueles que são honestos e seja honesto com aqueles que não são honestos. Trate aqueles que são bons com a bondade e trate também aqueles que não são bons com bondade. Assim, o bem é alcançado. Assim, a honestidade é alcançada. Estender a mão sem esperar nada em troca. Desta maneira, recebemos muito mais do que poderíamos imaginar. 

Fonte: Lao-Tsé filósofo chinês. "O Livro do Caminho Perfeito (Tao Te Ching)", datado do século VI a.C. 

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sexta-feira, 16 de agosto de 2024

"A cura para a dor está na dor" (Rumi)

"O fundo da psique é natureza e natureza é vida criadora. É verdade que a própria natureza derruba o que construiu, mas vai reconstruir de novo." (Jung, Civilização em Transição)

                                                      Ethan Murrow

”Jung referia que a neurose não apenas é uma defesa contra os ferimentos da vida, como também o esforço consciente de curar essas feridas...  Os sintomas, portanto, são expressões de um desejo de cura." (James Hollis, Os Pantanais da Alma)

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domingo, 11 de agosto de 2024

(...)

"O amor me dá força e a força me ajudará a  passar. Adeus, querido pai. (Shakespeare) 

                                                        T. Phatinawin              

"É doce e louvável em sua natureza, Hamlet, dar esses deveres de luto ao seu pai; Mas você deve saber, seu pai perdeu um pai; aquele pai perdeu o seu e o sobrevivente está obrigado por obrigação filial, por algum tempo, a prestar um luto respeitoso." (Shakespeare , "O Mercador de Veneza")

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