quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

soneto 53 - William Shakespeare



De que substância és feita,
Que milhões de estranhas sombras te envolvem?
Como todos têm, cada um, a sua sombra,
E tu, sozinha, podes emprestar a elas.
Descreve Adônis, cuja imitação
É parcamente feita à tua imagem;
E sobre o rosto de Helena toda arte da beleza se define,
E tu, em mosaicos gregos, de novo és pintada;
Fala da primavera, e do frescor do ano;
Aquela que exibe a sombra de tua formosura,
E o outro, como teu coração se assemelha,
E tu, em toda forma abençoada e conhecida.
Tomas parte de toda graça visível,
Mas, nem tu, nem ninguém mantém fiel o coração.

(Trad.Thereza Christina Rocque da Motta - do Livro: "154 Sonetos", Ibis Libris, 2009)