"A mãe olha para o bebê e o bebê olha para o rosto de sua mãe e se encontra nele ... desde que a mãe esteja realmente olhando para o seu filho como um ser único/ indefeso não projetando suas próprias expectativas e medos ... Se assim for, a criança não se encontraria no rosto de sua mãe, mas sim nas suas próprias projeções. Essa criança permaneceria sem um espelho e pelo resto de sua vida estaria procurando esse espelho em vão." (Winnicott)
Picasso
*A criança precisa perceber que a mãe não é boa nem má nem produto da ilusão, mas é uma entidade separada e independente.
*Winnicott vê as microinterações entre mãe e filho como centrais para o desenvolvimento do mundo interno. Depois do estágio inicial de conexão com a mãe e ilusões de onipotência, vem o estágio de 'dependência relativa', onde a crianca percebe sua dependência e aprende sobre a perda.*Ao afastar-se da criança em pequenas e oportunas doses, a mãe permite que a mesma atinja sua independência saudável.
*Quanto mais a mãe falha em realizar todas as necessidades da criança, mais a o filho será beneficiado a se adaptar às realidades externas..
*A dica: a mãe suficientemente boa procura dar à criança uma sensação de afrouxamento em vez do choque de ser 'descartada'. Isso ensina a criança a prever, permite que ela mantenha um senso de controle.
*Em vez de transição súbita, essa liberação deve vir em passos pequenos e digeríveis, nos quais um Objeto de Transição* pode desempenhar um papel significativo. (*o objeto pode ser um bichinho, uma fralda ou qualquer outro material ao qual a criança se apegue - como exemplo o cobertor do Linus, personagem de Charlie Brown - que sirva de conforto em momentos de angústia).
*A mãe pode ser vista como um "recipiente" para os objetos ruins da criança, à medida que a criança os projeta na mãe... a ela basta aceitar e sobreviver a essa investida com serenidade.
"O bebê rapidamente aprende a fazer uma previsão: Agora é seguro esquecer o humor da mãe e ser espontâneo, mas a qualquer minuto o rosto da mãe ficará fixo ou o humor dela dominará e minhas próprias necessidades pessoais devem ser retiradas... do contrário, meu eu central pode sair prejudicado. ..." (Winnicott, 1967) Klimt
*A fase final do desenvolvimento, para a independência, é "nunca absoluta", pois a criança nunca estará completamente isolada... pois ao longo de nossas vidas somos dependentes dos outros, buscando associações e pertencimento.
*O papel da mãe: primeiro criar uma ilusão que permita o conforto inicial... e depois, criar uma desilusão que gradualmente introduza a criança no mundo social.
*O fracasso/ frustração a que Winnicott se refere não é específico das coisas más que as mães fazem que prejudicam seus filhos, mas sim a percepção da criança como ela cresce e desenvolve e a percepção de que a mãe não é mais capaz de “consertar” tudo ou melhorar tudo.
*Winnicott refere que lutar pela perfeição é um caminho seguro para estragar seus filhos em proporções épicas.
*Nenhum pai/ mãe pode satisfazer todas as necessidades de uma criança do ponto de vista da criança. Pense naqueles estados de espírito que elas entram com as dramáticas mudanças de humor e exigências loucas, as birras... mesmo com as principais necessidades satisfeitas.
*Perceba como essas palavras - boa o suficiente - causam uma boa impressão... Livre das expectativas... até é possível que eu acerte mais ... Eu nunca preciso ser perfeito, eu só tenho que ser bom o suficiente.
*Outra coisa a reconhecer é que a minha versão de bom o suficiente vai ser muito diferente da sua versão. O que é aceitável para mim pode ser considerado negligência para outros.
*Você irá falhar com seu filho. Você irá. Isso vai acontecer ... Alguns de nós fazemos isso diariamente. Alguns mais espetacularmente que outros... mas você também vai acertar muitas vezes.
*O que Winnicott nos assegura do seu trono psicanalítico é que está tudo bem. Tudo vai ficar bem. (...) Portanto, respire... expire, relaxe ... acalme sua alma cansada, preocupada e culpada... Isso é suficiente.
Fonte: Winnicott, Objetos transicionais e fenômenos transicionais, International Journal of Psychoanalysis.
----------------- Variedades clínicas de transferência. Revista Internacional de Psicanálise.
----------------- Espelho-papel da mãe e da família no desenvolvimento infantil. O predicado da família: Um simpósio psicanalítico.
Ψ Fatima Vieira - Psicóloga Clínica
2 comentários:
Ótimo post.
Parabéns pelo blog!
Não deixe de postar novos temas.
Oi Fábio Corrêa gratidão... abraço Fatima Vieira
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