"Quase diria que o mal encontro na estrada foi o pre-texto para o motorista inventar (não descobrir) o texto que reescreve sua história..."
Tal invenção é possível porque a transferência - o laço libidinal atual do paciente com seu analista - forneceu ao evento contingente o contexto em que pôde ser lido como necessário. (...) Pouco importa saber o que acontece na 'realidade', lidamos apenas com a leitura feita pelo paciente, da qual o analista é o destinatário preferencial.
Conforme o modelo clássico determinista de Freud pensaríamos que o inconsciente de tal paciente foi o responsável pelo desastre de carro em que se viu envolvido.
O motorista não teria saído para passear senão, possuído pelo seu demônio interior, para bater.
Prefiro pensar que o acidente permanece acidental, até o motorista conjecturar durante uma sessão que destruir o carro que ganhara do pai era (podia ser) uma mensagem dirigida a este último.
A batida tornara-se um significante depois da ocorrência - da ocorrência discursiva, não rodoviária -, um significante do desejo paterno.
A psicanálise é o trabalho de discurso que transforma o azar em acontecimento. Quase diria que o mal encontro na estrada foi o pre-texto para o motorista inventar (não descobrir) o texto que reescreve sua história. Tal invenção é possível porque a transferência - o laço libidinal atual do paciente com seu analista - forneceu ao evento contingente o contexto em que pôde ser lido como necessário. (...) Pouco importa saber o que acontece na 'realidade', lidamos apenas com a leitura feita pelo paciente, da qual o analista é o destinatário preferencial.
(Desler Lacan - Ricardo Goldenberg)
Ψ Fatima Vieira - Psicóloga Clínica
Consultório: Av. Osmar Cunha, 183 - Ceisa Center - bloco A - Sala 901 - Florianópolis- SC
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