INSTINTO DE REBANHO: Em toda a parte onde encontramos uma moral encontramos uma avaliação e uma classificação hierárquica dos instintos e dos atos humanos. Essas classificações e essas avaliações são sempre a expressão das necessidades de uma comunidade, de um rebanho: é aquilo que aproveita ao rebanho, aquilo que lhe é útil em primeiro lugar - e em segundo e em terceiro -, que serve também de medida suprema do valor de qualquer indivíduo. A moral ensina a este a ser função do rebanho, a só atribuir valor em função deste rebanho. Variando muito as condições de conservação de uma comunidade para outra, daí resultam morais muito diferentes; e, se considerarmos todas as transformações essenciais que os rebanhos e as comunidades, os Estados e as sociedades são ainda chamados a sofrer, pode-se profetizar que haverá ainda morais muito divergentes. A moralidade é o instinto gregário no indivíduo. (Friedrich Nietzsche, in 'A Gaia Ciência')
O homem moderno teme a solidão porque se enojou de si mesmo e porque se desaprendeu de si e sente-se impotente quando está só, sem a explicação moral do todo, refém do instinto da obediência, sem a paz do rebanho, sem a resposta da massa, sem o pressuposto do bem-estar e da felicidade eterna. Padronizado sob o estalão da coletividade, nivelado sob a pseudo-virtude da igualdade, o homem moderno teme a si mesmo e foge. Longe da moral do ovil e de sua laicizada versão moderna da administração da produção e do consumo (o fenômeno da massa capitalista), ele não sabe quem é. Sujeitado, rende-se ao todo e passa a formular e obedecer às regras morais que apregoam a igualdade no lugar da singularidade, o rebaixamento no lugar da grandeza, a banalidade no lugar da criatividade, a democracia e a escravidão no lugar da aristocracia.
O homem moderno teme a solidão porque se enojou de si mesmo e porque se desaprendeu de si e sente-se impotente quando está só, sem a explicação moral do todo, refém do instinto da obediência, sem a paz do rebanho, sem a resposta da massa, sem o pressuposto do bem-estar e da felicidade eterna. Padronizado sob o estalão da coletividade, nivelado sob a pseudo-virtude da igualdade, o homem moderno teme a si mesmo e foge. Longe da moral do ovil e de sua laicizada versão moderna da administração da produção e do consumo (o fenômeno da massa capitalista), ele não sabe quem é. Sujeitado, rende-se ao todo e passa a formular e obedecer às regras morais que apregoam a igualdade no lugar da singularidade, o rebaixamento no lugar da grandeza, a banalidade no lugar da criatividade, a democracia e a escravidão no lugar da aristocracia.
Esta inversão dos valores, conseqüência do predomínio da moral de rebanho, é o território para o qual é enviado o novo filósofo, como um espírito livre ao qual exige-se probidade intelectual, que significa desconfiança em relação às suas próprias idéias e pensamentos, reconhecendo-os tão só como mais uma máscara e interpretação, gerada na solidão, plasmada no isolamento. O filósofo, aquele que aprende a viver sozinho. “Para viver sozinho, é preciso ser um animal ou um deus – diz Aristóteles. Falta ainda a terceira alternativa: é preciso ser os dois ao mesmo tempo – Filósofo”. ( Nietzsche)
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