Bil Mack - Imagination
Ψ IMAGINAÇÃO ATIVA - É um método de interação com o inconsciente há muito tempo conhecido dos antigos alquimistas e presente com algumas variações na meditação oriental, recriada por Carl Gustav Jung.
- Trata-se de uma Técnica Terapêutica que consiste em usar o potencial imaginativo para integrar conteúdos internos ainda não conscientes.
- Antes de chegar ao termo definitivo, Jung utilizou diversos nomes como: função transcendente, fantasia ativa, técnica de diferenciação, exercício de introspecção.
- Técnica de imaginação ativa que preenche o hiato entre consciente e inconsciente, como um processo criativo numa linguagem idêntica à usada pelos artistas e inventores.
- "(...) é um diálogo que travamos com as diferentes partes de nós mesmos que vivem no inconsciente". (Johnson, Robert - A Chave do Reino Interior").
- Segundo Jung, a IMAGINAÇÃO ATIVA é a melhor maneira de se ativar a função transcendente, que envolve uma espécie de síntese das funções da consciência, um encontro e grande interação com a totalidade da psique (SELF) e tudo o que ela representa.
- Jung em autoanálise, desenhara e pintara suas próprias visões e sonhos. Ele encorajou os seus pacientes a escreverem poemas, produzirem modelagens ou esculturas, ou mesmo a dançar suas fantasias.
- Além dos seus pacientes neuróticos usuais também mantinha um grupo especial, para esses desenvolveu a técnica conhecida como "imaginação ativa".
- A técnica de IMAGINAÇÃO ATIVA destina-se a mobilizar, deliberadamente a criatividade do paciente.
- Como referiu o próprio Jung: " (...) assim, o que o médico faz é menos uma questão de tratamento do que de desenvolvimento das possibilidades criadoras latentes no próprio paciente".
- Embora um paciente possa tratar um sonho dessa forma e fosse estimulado a fazê-lo, Jung estava mais particularmente interessado na espécie de fantasia que acode à mente das pessoas quando elas não estão despertas nem adormecidas, mas num estado de divagação ('rêverie') em que o raciocínio está suspenso, mas não se perdeu a consciência.
- Aqueles que estão familiarizados com as descrições feitas por pessoas criativas sobre o modo como suas descobertas lhes aconteceram, e conhecerão ser justamente nesse estado de "divagação" que mais comumente se considera que elas ocorrem.
- Em anos recentes, o uso de pintura, música e modelagem como instrumento terapêutico, em hospitais psiquiátricos e clínicas mentais aumentou consideravelmente e o efeito terapêutico do empenho criador, por muito inábil que seja, do ponto de vista técnico, passou a ser geralmente reconhecido.
- Jung apresenta a Imaginação Ativa como uma maneira dialética particular de lidar com o inconsciente, consiste em 4 fases:
1) Libertar-se do fluxo de pensamento do ego - O processo é mais fácil no caso da pintura e atividade com areia. As técnicas de meditação oriental, como o zen, certos exercícios de ioga, bem como a meditação taoísta, zen, põem-nos diante dessa primeira fase, temos que eliminar não apenas todos os pensamentos do ego, como também quaisquer fantasias que possam ascender do inconsciente.
2) Deixar que uma imagem de fantasia do inconsciente flua para o campo da percepção interior - Nesse ponto, temos que deixar que uma imagem de fantasia oriunda do inconsciente flua para o campo da percepção interior. Ao contrário das técnicas orientais acima mencionadas, neste caso nós acolhemos a imagem em vez de enxotá-la ou desconsiderá-la, passando a nos concentrar nela. Depois de atingirmos esse ponto, temos que ficar atentos a dois tipos de erro: o primeiro é quando nos concentramos demais na imagem que surgiu e literalmente a “fixamos”, congelando-a, por assim dizer; o segundo é quando não nos concentramos o suficiente, o que faz com que as imagens internas comecem a se modificar rápido demais e um “filme interno” acelerado comece a passar.
3) Conferir uma forma à imagem - Relatando-a por escrito, pintando-a, esculpindo-a, escrevendo-a como uma música ou dançando-a (movimentos da dança devem ser anotados). Na dança, o corpo vem a participar, (certas emoções e a função interior são tão inconscientes que é como se estivessem enterradas no corpo).
4) Confrontar-se moralmente com o material produzido/ imaginado - É a fase decisiva, a confrontação moral com o material já produzido. Nesse ponto, Jung nos adverte com relação a um erro frequentemente cometido que compromete todo o processo
o erro de entrarmos nos eventos internos com um ego fictício em vez de com o verdadeiro ego. Jung comentou certa vez que a psiquiatria de hoje descobriu as três primeiras etapas do processo, mas não consegue compreender a quarta.
- A maioria das técnicas criativas ou imagéticas atuais permite certa participação do analista ou até mesmo exige que ele intervenha. Ou ele propõe o tema (como na técnica de Happich ou no treinamento autógeno avançado de Schultz) ou intervém, fazendo sugestões, quando o analisando “empaca”.
- Jung, por outro lado, costumava deixar seus pacientes “empacados” onde quer que estivessem até que encontrassem por si mesmos uma saída.
- Ele nos contou que teve certa vez uma paciente que estava sempre caindo em certas “armadilhas” na vida real. Recomendou a ela que fizesse uma imaginação ativa.
Imediatamente ela se viu, na imaginação, atravessando um campo e encontrando um muro. Ela sabia que tinha que passar para o outro lado, mas como? Jung apenas disse: “O que você faria na vida real?” Ela simplesmente não conseguiu pensar em nada. Finalmente, depois de muito tempo, pensou em caminhar ao longo do muro para ver se ele terminava em algum ponto. Não terminava. Então, ela procurou uma porta ou uma abertura. Novamente, não chegou a lugar nenhum, e Jung não ofereceu nenhuma ajuda. Finalmente, ela pensou em ir buscar um martelo e uma talhadeira para abrir um buraco no muro. Essa foi a solução.
A Imaginação Ativa consiste em abordar pensamentos, atitudes e emoções através dos vários personagens que aparecem em nossos sonhos e interagir ativamente com eles, isto é, discordando, opinando, questionando e até tomando providências com relação ao que é tratado, isso tudo pela IMAGINAÇÃO.
- Quando não se compreende porque uma figura onírica agiu de forma agressiva no sonho, podemos ir para a IMAGINAÇÃO ATIVA, recordar o sonho até esta parte em particular e a partir aí questionar o personagem das razões do seu comportamento.
- Nesse momento devemos ter o cuidado de deixarmos que a figura "diga" o que vier à sua cabeça.
- Você terá a sensação de que está inventando tudo, mas isso não importa e nem altera o efeito real da prática da IMAGINAÇÃO ATIVA, o que você poderá verificar após a conclusão de qualquer trabalho interior.
- A técnica de imaginação ativa destina-se a mobilizar, deliberadamente, a criatividade do paciente. A imaginação ao ser ativada a alma é curada!
- Difere da fantasia passiva porque nesta não atuamos no quadro mental, de forma a participarmos do drama vivenciado, mas apenas nos contentamos em assistir o desenrolar do roteiro desconhecido, muitas vezes sofrendo involuntariamente, sem proveito algum, e o que é pior, sem que venhamos a conhecer o que há por trás.
- A imaginação ativa não suporta metas que obrigatoriamente devam ser atingidas, nenhum modelo, imagem ou texto a ser usado, nenhuma postura ou controle da respiração são recomendados.
- A pessoa simplesmente começa com o que vem de dentro dela, com uma situação de sonho relativamente inconclusiva ou uma momentânea modificação do estado de espírito. Se surge um obstáculo, a pessoa que medita é livre para considerá-lo ou não como tal; é ela que resolve como deve ou não reagir diante dele (FRANZ, 1999).
- O Método das Quatro Etapas para a Imaginação Ativa, segundo Robert Johnson:
1 - Convidar o inconsciente
2 - Dialogar e vivenciar
3 - Acrescentar o elemento ético dos valores
4 - Concretizar pelo ritual físico.
- Muitas pessoas desistem da Imaginação Ativa antes de começarem, porque não conseguem achar um meio
conveniente de anotar a imaginação à medida que ela flui. É vital deixar bem resolvido os detalhes físicos do método. Permite registrar o que é dito e o que é feito de maneira que você poderá lembrar e assimilar a experiência mais tarde.
- O registro destas imagens interiores podem ser expressos através da dança ou tocando música, desenhando, escrevendo, pintando, esculpindo ou recitando o diálogo em voz alta.
- Ambiente físico: é necessário um ambiente silencioso e privado por uns momentos.
- A fronteira entre a imaginação ativa e a magia é extremamente sutil.
Referência Bibliográfica:
*JOHNSON, Robert A. "Innerwork - A chave do reino interior". 1ª edição, Ed. Mercuryo, 1989, São Paulo.
*FRANZ, Marie-Louise von. Psicoterapia. São Paulo : Paulus,1999.
*HILLMAN, James - ENCARANDO OS DEUSES - São Paulo: Cultrix/ Pensamento, 1992. (James Hillman oferece nessa obra estudos independentes sobre alguns deuses e deusas para facilitar a compreensão dinâmica da mitologia, segundo o autor o conhecimento dos deuses presentes na mitologia é um requisito para o autoconhecimento).
*JUNG, C. G. Memórias, Sonhos, Reflexões. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, s.d.
. O Homem e seus Símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, s.d.
*MIDDELKOOP, Pieter - O Velho Sábio - Cura através de imagens internas, São Paulo: Paulus, 1996.
http://www.rubedo.psc.br/dicjung/verbetes/..%5C..%5Cdicjung%5Cverbetes%5Cimgativa.htm
http://www.voadores.com.br/site/geral.php?txt_funcao=ajuda&id=11
*Introdução ao Estudo das Técnicas Expressivas pela Psicologia Simbólica Junguiana - Carlos Amadeu Botelho Byington
*Graham Jackson - TRADIÇÃO SECRETA DA JARDINAGEM - Padrões de relacionamentos masculinos - São Paulo: Paulus, 1994.
*A Velha Sábia - Estudo sobre a imaginação ativa Rix Weaver São Paulo: Paulus, 1996.
( Ψ Fatima Vieira - Psicóloga Clínica)
12 comentários:
Eu não intendo muito sobre imaginação ativa ou algo do tipo, sou mais como um curioso do assunto, e gostaria de saber como atingir tal forma de imaginação. É possível?
Anônimo sugiro leitura do Segundo Capitulo sobre "Imaginação Ativa do livro Psicoterapia de *Marie-Louise Von Franz.
*Marie-Louise von Franz - Aprofundou-se no estudo da Alquimia e se tornou colaboradora de Jung. Atuou como Psicoterapeuta e conferencista no Instituto C.G. Jung de Zurich.
Muito bom de verdade, escreve muito bem e o enfoque e tema muito bem escolhido. Obrigado.
oi Anônimo,
agradeço sua visita, em breve postarei mais sobre o tema.
Um abraço!
Cara Fatima,
Estou em estado de choque! Não acredito que alguém neste planeta possa enfim entender meu texto. Procurei uma forma de contato aqui no blog mas não encontrei. Portanto, deixo aqui meu contato: eucajus@eucajus.com.br, gostaria que analise o argunmento imaginação ativa utilizada neste livro:
httP://ordemdosfantasmas.blogspot.com.br - O livro pode ser baixado gratuitamente, por favor de uma olhada. Aguardo ansiosamente seu contato.
Att,
Eucajus.
Poeta Eucajus Eugênio,
Bom Dia, vou ler seu livro e farei uma análise dentro desta aborgagem, será um prazer, eu amo os poetas!
Um Abraço.(fatima.psique@gmail.com)
Parabéns pelo conteúdo, alem da abordagem direta e satisfatória o compromisso metodológico de preocupar-se com o referencial merece aplausos.
Maravilhoso texto e didático. Parabéns. Eu fiquei muito intrigada e envolvida com a última frase, de que é extremamente sutil a fronteira entre a imaginação ativa e a magia. Poderia, por gentileza, me indicar alguma bibliografia ou até mesmo explica-la um pouco mais.
Oi Guillian dos Anjos,
"A fronteira entre a imaginação ativa e a magia é extremamente sutil".
*Como Psicoterapeuta da abordagem Analítica de Jung pude constatar na prática que ela me possibilita liberdade de atuação, justamente porque libera a nossa psique de noções reducionistas do racionalismo e materialismo histórico. Eu diria quase um encontro entre a ciência e a arte. *Jung com suas técnicas nos desafia a sermos responsáveis por nosso auto-desenvolvimento, e que as forças da criação e da destruição sempre estarão sob nosso domínio desde que tenhamos sabedoria para usá-las de maneira construtiva. *A técnica da Imaginação Ativa abrange estratégias ficcionais, poéticas, míticas, lógicas e empíricas. *Jung... estava chegando em direção a uma intuição de que pode haver uma harmonia frutífera entre a mente e os poderes do universo.
*Nas culturas antigas, essa tradição é conhecida como mágica... e o pensamento de Jung estava se tornando cada vez mais "mágico".
*No entanto, ele não se preocupava com a magia ritual ou cerimonial, mas com a magia "natural" do inconsciente: a "magia" que produz sincronicidades.
*Jung quando fala em sincronicidade, fica evidente a sua mais autêntica mágica alquímica, pois na sincronicidade mente e matéria revelam-se intimamente relacionadas... *Jung refere que Sincronicidade é um fenômeno que revela a possibilidade de um universo semelhante ao invocado pelos alquimistas e magos da renacença, bem como pelos modernos físicos quânticos.
*C.G Jung," A árvore filosófica", em Psicologia e Alquimia; "O Homem e Seus Símbolos"; "Psicologia e literatura", em "O Espírito no Homem, Arte e Literatura";
"O Segredo da Flor de Ouro". Sugiro que leia textos sobre os principais alquimistas. Um abraço Fatima Vieira
Boa tarde Fátima. Agradeço muito por sua resposta e sua atenção. Gostei muito das explanações. São valiosas e vou guardá-las comigo. Vão de encontro com o que acredito. Um forte e caloroso abraço
Boa tarde Fátima. Agradeço muito por sua resposta e sua atenção. Gostei muito das explanações. São valiosas e vou guardá-las comigo. Vão de encontro com o que acredito. Um forte e caloroso abraço
Boa tarde Fátima. Agradeço muito por sua resposta e sua atenção. Gostei muito das explanações. São valiosas e vou guardá-las comigo. Vão de encontro com o que acredito. Um forte e caloroso abraço
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