Ψ JUDITH MILLER é Filósofa - filha de JACQUES LACAN, (Psicanalista francês de maior influência do século XX), casada com o Psicanalista JACQUES ALAIN - MILLER.
- Judith preside a Fundação do Campo Freudiano, participou no Brasil do V Encontro Americano de Psicanálise de Orientação Lacaniana (V Enapol) e do XVII Encontro Internacional do Campo Freudiano, sob o tema “A saúde para todos, não sem a loucura de cada um”, em entrevista ao GLOBO refere:
- No mundo de hoje, em que a indústria farmacêutica vende antidepressivos como bombons e proliferam métodos prometendo “cura” rápida dos problemas, - parte numa espécie de cruzada contra a ideia de que se pode (ou deve)
apagar o “grão” de loucura que existe em cada ser humano para adaptá-lo às exigências da sociedade de consumo e produção.
- JUDITH critica duramente as chamadas terapias cognitivo-comportamentais (TCC) que, segundo ela, buscam “normalizar” e adaptar o
comportamento das pessoas, prometendo a “felicidade”.
- O que bate de frente, explica, com um dos preceitos da psicanálise: Cada um de nós tem seu pequeno grão de loucura.
- Lacan anunciou no seu seminário: “todo mundo é louco”.
- É este grão de loucura que faz com que cada um de
nós tenhamos um modo próprio de ser, de abordar as coisas, de reagir. A socialização não pode evitar isso, sustenta ela.
- Neste congresso faz o lançamento do livro: Perspectivas dos ‘Escritos’ e dos ‘Outros escritos’ de
Jacques Lacan (Zahar Editora), do Psicanalista Jacques-Alain MILLER.
- MILLER acusa os chamados terapeutas comportamentais de tratarem as pessoas como
“uma força de trabalho”.
- E quem não se adapta à norma acaba reduzida à categoria de “perigosa para o capitalismo”.
- Uma pessoa não pode ser reduzida a um consumidor/ produtor! revolta-se.
- A psicanálise, explica a filha de LACAN, trabalha no sentido oposto: do reconhecimento e aceitação da singularidade de cada pessoa.
- LACAN inventou um dispositivo em psicanálise chamado “la passe”, através do qual se verifica que, no final de uma análise, a pessoa analisada sabe discernir qual a
sua diferença em relação às outras pessoas. Ou seja: ele vai saber viver com esta diferença em sociedade.
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A filósofa ataca também as indústrias farmacêuticas e a Organização Mundial de Saúde (OMS), por associarem saúde mental à “felicidade de todos”.
- A “depressão” de
hoje, diz, é sobretudo “uma questão comercial”:
Querem vender antidepressivos que colocam as pessoas num estado eufórico, quando não há razão de estar eufórico.
-
Aos que acreditam em “terapias rápidas que visam erradicar logo os sintomas”, Judith Miller responde com uma frase do pai da psicanálise, Sigmund Freud:
sintomas rechaçados pela janela voltam pela porta.
- A psicanálise, diz JUDITH, “não promete a felicidade, mas assegura um desejo de viver esclarecido”.
(Fatima Vieira - Psicóloga Clínica)
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