sexta-feira, 19 de outubro de 2012

criar é querer ser imortal...

os deuses não suportam a arte!
 Os deuses podem despertar a criação de uma obra de arte, mas para ser Obra de Arte o Criador precisa sentir-se o próprio Criador, do contrário não é Arte, é oferenda.
É a dor de existir que o faz o artista criar  e competir com os deuses.

Eros e Tanatus: o artista pertence ao campo da loucura, dos pecadores e dos provedores de barbárie.

No olimpo a briga dos deuses é infernal, como a alma do artista que numa explosão  de revolta, tristeza e desespero acaba por imortalizar-se na sua obra.
O desejo da apropriação da vida efêmera, faz o artista almejar a imortalidade, e com a sua obra igualar-se aos deuses.
... sou o corpo (mulher) em inúmeras linhas de desencontro que diluem os sonhos; sou às vezes um corpo encharcado de desejo que fatalmente se entrega.

Sou o rosto (da mãe) que eu não quero esquecer.
Sou vida antes que a morte erga a parede intransponível.
                                                           imagem: Julie Manet

                                                           imagem: Samuel Peploe
Sou linha dos desejos ou lâmina que separa e corta o corpo muitas vezes contaminado de solidão.
     imagem: Lucien Freud
 Vivo no contraste, na aridez, no confronto, na vida, na certeza da morte.
“a espécie humana é a única para a qual a morte está presente durante a vida, a única que faz acompanhar a morte de ritos fúnebres, a única que crê na sobrevivência ou no renascimento dos mortos” (MORIN, 1970).
Segundo Camus, para criar é necessário ter revolta e desespero.
Qualquer ser pode fazer de sua vida uma obra de arte. Para isso é necessário muita coragem para continuar caminhando frente à irracionalidade do universo e recriá-lo.
“… o pintor, enquanto pinta, pratica uma teoria mágica da visão”. (*Merleau-Ponty)
“Essência e existência, imaginário e real, visível e invisível, a pintura confunde todas as nossas categorias ao desdobrar seu universo onírico de essências carnais, de semelhanças eficazes, de significações mudas”. *
 “Se nenhuma pintura completa a pintura, se mesmo nenhuma obra se completa absolutamente, cada criação modifica, altera, esclarece, aprofunda, confirma, exalta, recria ou cria antecipadamente todas as outras”.
(*Fragmentos do livro “O olho e o espírito” de Maurice Merleau-Ponty).
 
"Inclina teus lábios sobre mim
E que ao sair de minha boca
Minha alma repasse em ti"
(Llosa, Mario Vargas)

"Meus olhos viraram pintores, e com isso esboçaram a beleza de tuas formas nas telas do meu coração!" (William Shakespeare)
                                                                     Fatima Vieira - Psicóloga Clínica 

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