sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

adeus ano velho, feliz ano novo... que tudo se realize no ano que vai nascer...

"Rodamos e rodamos até voltarmos para casa, nós dois,
esvaziamos tudo menos a liberdade e tudo  menos a nossa alegria". 
(Walt Whitman)
Fatima Vieira

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

a cachacinha é de graça, mas com moderação "ô istopô!"



 O sul da ilha em Florianópolis, perde um grande pedaço de sua história, faleceu em 25.12.2012, aos 77 anos o seu Arante, proprietário do bar e restaurante que leva o seu nome na Praia do Pântano do Sul.
Bebendo cachaça, vendo o vai e vem dos barcos, perseguindo as gaivotas e garças, e ouvindo o som das ondas arrebentando, é assim que vemos o tempo passar nessa parte da ilha.
...  Os bilhetes que viraram marca registrada de seu estabelecimento, têm origem remota, no próprio casamento do proprietário: Arante e dona Osmarina moravam em Pântano do Sul, mas a garota teve de se mudar com a família para o Bairro Monte Verde.

 Ela queria se casar. E Arante, fugir para viverem juntos. Arante servia ao Exército, o dinheiro escasso, então ele preferia montar a casa do casal. Ideia mais prática, mas não menos romântica. A comunicação entre os dois, então, se dava por bilhetinhos entregues por uma amiga em comum.

 Na última cartinha, Arante se apropriou de versos de Dorival Caymmi, e disparou: "Se a Anália não quiser ir eu vou só..." Ou seja: se ela não estivesse disposta a fugir com seu amor, ele teria de iniciar a nova vida, pós-exército, sozinho.


Dias depois, ao visitá-la Arante deu o ultimato: aquela seria a última vez que ele a visitaria. Osmarina acompanhou o namorado até o pé do morro onde morava. Osmarina informou ao irmão que não voltaria, pois estava indo embora com o namorado. Assim começou o casamento.

 O dinheiro poupado com a festa das bodas rendeu a compra de uma casa, onde hoje funciona o Arante Bar.

E longe da era tecnológica, os bilhetes deixados no Bar do Arante eram a forma de grupos de amigos de fora se encontrarem no Sul da Ilha. Os bilhetes foram tantos que começaram a pendurar os recadinhos na parede do bar.

 Hoje, em época de celulares com internet, ninguém mais precisa deixar recados na parede para se comunicar. No entanto, gente do mundo inteiro faz questão de deixar registrada a passagem por um dos restaurantes mais tradicionais de Florianópolis.
 Havia no Sul da Ilha, lembra Arantinho - filho do proprietário - , inclinação política pelas ideias de esquerda, apesar de não chegar a haver se tornado ponto de resistência à ditadura, também por causa da pouca instrução da maioria dos moradores do local, no fim dos anos 1960 e início dos 1970, ajudou perseguidos políticos a procurar abrigo no local antes de fugirem do país. Por isso, perseguidos políticos escondiam-se no bar antes de sair da Ilha de barco para depois refugiarem-se, especialmente no Chile.
 (Fonte: Diário Catarinense)

... e era aqui no bar do Arante que após a aula da faculdade vínhamos lamentar os "anos de chumbo" a ditadura no Brasil.
  (não esquecer que foi em Florianópolis que uma parte da ditadura foi destronada, registro no filme "A Novembrada", onde o Presidente Figueiredo e seu respectivo ministro das minas e energias foram vaiados em frente ao café senadinho, no centro de Florianópolis e eu  estava lá)  ... e depois íamos acampar em outras paisagens... veja mapa 
(Fatima Vieira)