sábado, 23 de fevereiro de 2019

Venezuela

(...) Boaventura sobre as sanções econômicas: as sanções econômicas – tais como as planejadas pelos Estados Unidos – afetam mais os cidadãos inocentes que os governos. “Basta recordar as mais de 500.000 crianças que, segundo o relatório da ONU de 1995, morreram no Iraque em resultado das sanções impostas depois da guerra do Golfo Pérsico”. 
Depois de lembrar que vive na Venezuela meio milhão de portugueses ou lusodescendentes, Boaventura conclui: “A história recente também nos diz que nenhuma democracia sai fortalecida de uma intervenção estrangeira.”
Donald Trump não é um grande conhecedor da história. Fosse, não faria diferença: o que importa a morte de meio milhão de crianças, comparada com o domínio de 297 bilhões de barris de petróleo, reserva estimada na Venezuela? Democracia? Não vem ao caso.(Boaventura)
(...)  O que acontecerá depois de Trump? É evidentemente um criminoso.A questão é se será considerado responsável ou não por seus crimes. O mundo está cheio de criminosos soltos. E pode ser que ele se junte a esse grupo. A única coisa que me consola é que Trump é um juiz tão ruim dos demais que isso o faz cometer grandes erros. Quando se é tão egocêntrico, é difícil ver o resto. Mas... por enquanto é o homem mais poderoso do mundo. Até mesmo seus eleitores sabem que é um delinquente.
(...) E por que o apoiam?  É um enigma. Mas não é um fenômeno unicamente americano. Já o presenciamos com Berlusconi. As pessoas sabiam como era e, ainda assim, o queriam para demonstrar sua irritação, para incomodar. Trump é a expressão da política da ofensa. Nesse país já deixamos para trás a ideia de caçá-lo. Já foi caçado. O que ainda não sabemos é se pagará ou não por isso. Berlusconi foi capaz de destroçar o sistema judicial italiano. E pode ser que Trump consiga fazê-lo aqui. 
(Sennet, sociólogo Chicago por ANATXU ZABALBEASCOA - El País 19 AGO 2018 - 09:55 BRT)

Enquanto isso no BrasilA Constituição de 1988, redigida após o fim da ditadura, surgiu justamente com a finalidade de impedir a repetição de seus atos infames. Na letra da lei e no seu espírito, a Constituição ordena aos militares que permaneçam alheios e afastados da política. O intuito da lei maior de era ser uma resposta e funcionar como prevenção dos crimes cometidos pelos militares quando exerceram o poder pelo força das armas, à revelia da vontade da sociedade.

(...) eles retornam, sorrateira e sorridentemente no início, agora de forma cada vez mais aberta e arrogante. Outorgam-se poderes sem para isso receber delegação, autocraticamente. Valem-se de muito encenação e pose, pois é muitas vezes apenas de mau teatro de que se valem as imposturas e os blefes da estratégia militar para proceder a uma inversão das hierarquias de qualquer nação civilizada.

Os militares brasileiros desceram tão baixo a ponto de aderirem com entusiasmo e de maneira publicamente unânime a uma candidatura de um líder de gangue, o presidente Jair Bolsonaro, apesar de ele envergonhar o país dentro e fora das fronteiras. Antes disso, a hierarquia militar pode disfarçar, mas mostra-se essencialmente bolsonarista aderida ao "mito" não apenas por conveniência e antes de tudo por convicção. 

(...) amam-no apesar das evidentes ligações dele e de sua família com milicianos criminosos do Rio e com esquemas de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro. Amam-no como a um herói vingador. Vibram porque ele tem a coragem de defender de público os assassinatos, as torturas, as perseguições, os sequestros realizados sob a égide da ditadura militar. ... Bolsonaro assume tudo que os militares de fato fizeram em nome do Estado, mas que mantêm em segredo (daí seu ódio aos trabalhos republicanos da Comissão Nacional da Verdade). Ele fala o que os militares sempre quiseram dizer, mas não tiveram a coragem de confessar para não ter que prestar contas.

Como Bolsonaro, os militares consideram *Carlos Brilhante Ustra um herói. Irmanados nesses crimes, preparam-se todos para celebrar com orgulho o aniversário do regime dessas práticas, o da "Revolução" de 64, em 31 de março, com a pompa de um dia muito especial. (Mario Vitor Santos)

*Ustra foi reconhecido pela Justiça como torturador. O único, até agora. Morreu em 2015, aos 83 anos, vítima de uma pneumonia e de falência múltipla de órgãos. Teria entrado para a vala da história, não fosse o agora candidato à presidência, Jair Bolsonaro, resgatá-lo como herói.

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terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Ψ Sobre Medos e Fobias

“O bebê morcego
Gritou com medo,
'Ligue o escuro,
eu tenho medo da luz.”
(Shel Silverstein)

“Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a verdadeira tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz.” (Platão)

(...) como é que ninguém vê quão profundamente estamos com medo, ... é algo que todos nos escondemos, por consentimento mútuo? Ou compartilhamos o mesmo segredo sem saber? Usamos o mesmo disfarce? ”  (Don DeLillo)

“O medo coletivo estimula o instinto de rebanho e tende a produzir ferocidade em relação àqueles que não são considerados membros do rebanho.”  (Bertrand Russell, Ensaios Impopulares)

Ψ Fatima Vieira - Psicóloga Clínica 

sábado, 9 de fevereiro de 2019

Ψ Conselho Federal de Psicologia - Nota de Repúdio à “Nova Saúde Mental”

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) vem a público manifestar repúdio à Nota Técnica Nº 11/2019 intitulada “Nova Saúde Mental”, publicada pela Coordenação-Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, do Ministério da Saúde, na última segunda-feira (4).

O teor do documento aponta um grande retrocesso nas conquistas estabelecidas com a Reforma Psiquiátrica (Lei nº 10.216 de 2001), marco na luta antimanicomial ao estabelecer a importância do respeito à dignidade humana das pessoas com transtornos mentais no Brasil.

A nota apresenta, entre outras questões que desconstroem a política de saúde mental, a indicação de ampliação de leitos em hospitais psiquiátricos e comunidades terapêuticas, dentro da Rede de Atenção Psicossocial (RAPs), incentivando assim o retorno à lógica manicomial. O Ministério da Saúde também passa a financiar a compra de aparelhos de eletroconvulsoterapia.

A representante do CFP no Conselho Nacional de Saúde (CNS), Marisa Helena Alves, refere: “Consideramos um retrocesso a inclusão dos hospitais psiquiátricos nas RAPs. Com a Reforma Psiquiátrica, o paciente psiquiátrico passava a ter essa atenção fora dos muros do manicômio e consequentemente em liberdade, podendo ter todo o seu direito de cidadão de ir e vir preservado”, explica Marisa.

“Este modelo coloca o hospital no centro do cuidado em saúde mental, priva o sujeito da liberdade, dentro de um sistema que não favorece a recuperação, mas simplesmente o isolamento”, conclui.

*São diretrizes da Rede de Atenção Psicossocial: o respeito aos direitos humanos, garantindo a autonomia, a liberdade e o exercício da cidadania; Promoção da equidade, reconhecendo os determinantes sociais da saúde; Garantia do acesso e da qualidade dos serviços, ofertando cuidado integral e assistência multiprofissional, sob a lógica interdisciplinar; Ênfase em serviços de base territorial e comunitária, diversificando as estratégias de cuidado, com participação e controle social dos usuários e de seus familiares.

*Carta do Encontro de Bauru* -  Outro marco na luta antimanicomial é o Encontro de Bauru, que completou 30 anos em 2017.  Em dezembro de 1987, trabalhadores da saúde mental reunidos na cidade de Bauru (SP) redigiram o manifesto que marca o início da luta antimanicomial no Brasil e representa um marco no combate ao estigma e à exclusão de pessoas em sofrimento psíquico grave. Com o lemaPor uma sociedade sem manicômios, o congresso discutiu as formas de cuidado com os que apresentam sofrimento mental grave e representou um marco histórico do Movimento da Luta Antimanicomial, inaugurando nova trajetória da Reforma Psiquiátrica brasileira.

(...) Diante da atual conjuntura de avanço do conservadorismo e de redução de recursos para as políticas públicas sociais, com violento ataque ao Sistema Único de Saúde (SUS), é preciso reforçar a desconstrução do modelo asilar e combater a cada dia o manicômio em suas várias formas, do hospital psiquiátrico à comunidade terapêutica, incluindo o manicômio judiciário.

Ψ Fatima Vieira - Psicóloga Clinica

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Ψ Sincronicidade ... somente os exatos se encontram?

Sincronicidade é a energia psíquica que nos faz atrair pessoas e situações por semelhança vibracional... Não existe coincidência. Já é hora de compreendermos profundamente isso a ponto de não mais transferirmos aos outros a responsabilidade sobre nossa própria vida. O universo sempre responde "sim" ao nosso padrão vibracional. "Pedi e recebereis, batei e a porta se abrirá".

Jung refere: A mente atrai a mente. Somente os exatos se encontram.
 O inconsciente dirige, atraindo o que conhece. E exemplifica: Uma vez, eu ia num trem. Ao meu lado sentou-se um general. Conversamos e, sem saber quem eu era, ele me contou seus sonhos; O general pensava que seus sonhos eram absurdos. Depois de escutá-lo e analisar seus sonhos, disse-lhe que, ao se tornar adulto, experimentara uma grande transformação em sua vida, pôde ser um intelectual, que tanto quis. O general me olhou espantado, pensando talvez que eu fosse um feiticeiro, dotado de poderes de adivinhação. É apenas o inconsciente que sabe e que busca... O general dirigira-se a meu inconsciente em busca de uma resposta e era ele mesmo quem se dava essa resposta através de mim. Eu poderia dizer muito mais coisas sobre sua vida que o espantariam. (O Circulo Hermético)

Ψ Fatima Vieira - Psicóloga Clinica

Ψ "O reflexo de uma pessoa no espelho é a sua própria alma."

            "O reflexo de uma pessoa no espelho é a sua própria alma.
Michelangelo - Narciso
Onde é muito utilizada nas relações com o mundo externo, representando a sua própria persona. 
Quanto mais esta máscara estiver colada ao rosto, a uma identificação do ego com a persona, torna-se mais difícil sua retirada. 
Assim, conseguimos enxergar aspectos escuros, sombrios da nossa personalidade, aspectos que não aceitamos em nós e que por isto mesmo reprimimos  no inconsciente e projetamos no outro
Reconhecer esta projeção é parte do processo de iluminar a sombra
Quanto mais a sombra for reprimida e mal projetada, mais difícil de ser confrontada. A conscientização destes aspectos através do diálogo entre consciente e inconsciente conduz o indivíduo a essa “experiência da totalidade”, ou seja, a experiência do ser humano tornar-se “si mesmo”, um ser mais inteiro e total, integrado pelo consciente e inconsciente em seus aspectos claro e escuro, masculino e feminino, receptivo aos conselhos do self."
(Jung)

Ψ Fatima Vieira - Psicóloga Clinica