quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Natal nos remete à dois arquétipos importantes: O Papai Noel e A Criança Divina

Arquétipo: Uma imagem carregada de energia, um ícone com magia, magia que vai além do indivíduo.

Que arquétipo personaliza o Papai Noel? Remete as memórias profundas do “Bom Pai”, o velhinho bondoso e gentil. Evoca lembranças da figura paterna que em algum momento nos foi reconfortante o suficiente.

                                         imagem: Thomas Nast, Feliz Natal
Seu ancestral mais conhecido foi São Nicolau,
um bispo do século IV dC de Myra, na atual 
Turquia. Papai Noel às vezes chamado 
de São Nicolau, padroeiro das crianças 
e também está associado à generosidade.

                        imagem: Carlo Crivelli,1472, São Nicolau de Bari
 
Papai Noel evoca uma figura inocente como 
a criança. Ele não pede muito, não faz qualquer
juízo de valor, ele apenas pede que todos
sejam bons. E a criança diante dele,
se compromete a ser melhor e mais generosa. 

A Criança Divina: "Não temas, pois eis que vos trago boas novas de grande alegria, que serão para todos os povos". (Lucas 2:10)

   

Leonardo da Vinci - The Madonna and Child   

Entre as muitas figuras que podem surgir do inconsciente, está a figura da criança divina.

A criança divina se manifesta em nossa consciência quando menos esperamos, quando nos sentirmos desamparados é como um potencial nascido do ventre do inconsciente.

Jung refere como os alquimistas diriam em resposta a essa questão: “A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular”.

A criança pode aparecer em sonhos, ou emergir sincronicamente de alguma outra forma na experiência exterior. 

O filho divino representa a união criativa de opostos que dá origem a um novo começo. 

Cada novo começo é uma criança divina, e as revelações mitológicas desde os tempos antigos saúdam o novo potencial psíquico com admiração e adoração.

O nascimento milagroso assinala a iniciação na individuação, e o destino preordenado de figuras sagradas e heróicas através das culturas e ao longo do tempo também nos representam. 

Modelos como Moisés, Menino Jesus, Buda, Hércules, Hórus, Ganesha e outros, retratam um Eu Orientador que os sustenta através do árduo trabalho humano de crescer em direção à totalidade. 

Jung assim define: “Você abre os portões da alma para permitir que a inundação sombria do caos flua em sua ordem e significado. Se você unir a ordem com o caos, você produzirá o filho divino, o significado supremo…”

Ψ Fatima Vieira - Psicóloga Clínica 

                                            http://fatimavieira.psc.br/