domingo, 21 de outubro de 2012

As sociedades mais atrasadas são sempre aquelas que menosprezam as mulheres... (Isabel Allende)

“Para mim tudo é pessoal, me sinto responsável pelos sentimentos dos outros, inclusive no caso de gente que mal conheço, e carrego mais de sessenta anos de frustração porque não posso aceitar que a vida seja injusta”.

  (...) usar a paixão para ver o outro não é uma dádiva. É uma escolha.

 Nos preocupamos tanto com nossas pequenas indecisões, problemas cotidianos, com ou sem importância, que deixamos de ver o grande cenário, o nosso mundo.

Se trabalhássemos juntas, “ligadas, informadas e educadas”, poderíamos “trazer paz e prosperidade a esse planeta abandonado. Homens controlam o mundo, e vejam a bagunça em que vivemos”.

E questiona: Que tipo de mundo nós queremos? Nós queremos um mundo onde a vida é preservada e a qualidade de vida é acessível a todos.

“As sociedades mais pobres e atrasadas são sempre aquelas que menosprezam suas mulheres”.

... não é a sua verdade, nem a minha verdade. É a verdade dos fatos, da história.
 E “essa verdade óbvia ainda é ignorada pelo governo e também pela filantropia”.

Isabel Allende, um ícone, uma referência literária e Humana, nos convida: “Vamos levantar nossos traseiros, arregaçar nossas mangas e trabalhar apaixonadamente para criar um mundo quase perfeito”.

             http://vimeo.com/18646881
                                                                                                 
*Isabel Allende Llona - Lima, 2 de agosto de 1942, jornalista e escritora chilena. Apesar de ter nascido em Lima, sua família voltou logo para o Chile, sua terra natal. Atualmente está nos Estados Unidos. É filha de Francisca Llona e Tomás Allende, funcionário diplomático e primo irmão de Salvador Allende. Isabel é considerada uma das principais revelações da literatura latino-americana da década de 1980. Sua obra é marcada pela ditadura no Chile, implantada com o golpe militar que em 1973 derrubou o governo do primo de seu pai, o presidente Salvador Allende (1908-1973).
                                                        (Fatima Vieira - Psicóloga Clínica)

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

criar é querer ser imortal...

os deuses não suportam a arte!
 Os deuses podem despertar a criação de uma obra de arte, mas para ser Obra de Arte o Criador precisa sentir-se o próprio Criador, do contrário não é Arte, é oferenda.
É a dor de existir que o faz o artista criar  e competir com os deuses.

Eros e Tanatus: o artista pertence ao campo da loucura, dos pecadores e dos provedores de barbárie.

No olimpo a briga dos deuses é infernal, como a alma do artista que numa explosão  de revolta, tristeza e desespero acaba por imortalizar-se na sua obra.
O desejo da apropriação da vida efêmera, faz o artista almejar a imortalidade, e com a sua obra igualar-se aos deuses.
... sou o corpo (mulher) em inúmeras linhas de desencontro que diluem os sonhos; sou às vezes um corpo encharcado de desejo que fatalmente se entrega.

Sou o rosto (da mãe) que eu não quero esquecer.
Sou vida antes que a morte erga a parede intransponível.
                                                           imagem: Julie Manet

                                                           imagem: Samuel Peploe
Sou linha dos desejos ou lâmina que separa e corta o corpo muitas vezes contaminado de solidão.
     imagem: Lucien Freud
 Vivo no contraste, na aridez, no confronto, na vida, na certeza da morte.
“a espécie humana é a única para a qual a morte está presente durante a vida, a única que faz acompanhar a morte de ritos fúnebres, a única que crê na sobrevivência ou no renascimento dos mortos” (MORIN, 1970).
Segundo Camus, para criar é necessário ter revolta e desespero.
Qualquer ser pode fazer de sua vida uma obra de arte. Para isso é necessário muita coragem para continuar caminhando frente à irracionalidade do universo e recriá-lo.
“… o pintor, enquanto pinta, pratica uma teoria mágica da visão”. (*Merleau-Ponty)
“Essência e existência, imaginário e real, visível e invisível, a pintura confunde todas as nossas categorias ao desdobrar seu universo onírico de essências carnais, de semelhanças eficazes, de significações mudas”. *
 “Se nenhuma pintura completa a pintura, se mesmo nenhuma obra se completa absolutamente, cada criação modifica, altera, esclarece, aprofunda, confirma, exalta, recria ou cria antecipadamente todas as outras”.
(*Fragmentos do livro “O olho e o espírito” de Maurice Merleau-Ponty).
 
"Inclina teus lábios sobre mim
E que ao sair de minha boca
Minha alma repasse em ti"
(Llosa, Mario Vargas)

"Meus olhos viraram pintores, e com isso esboçaram a beleza de tuas formas nas telas do meu coração!" (William Shakespeare)
                                                                     Fatima Vieira - Psicóloga Clínica 

(...)


sábado, 13 de outubro de 2012

"A arte é um resumo da natureza feito pela imaginação". (Eça de Queiroz)

 "Só o amor e a arte tornam a existência tolerável".                                                                                            
                                                                                              (William Maugham)

(...)

 "Depois de várias tempestades e naufrágios, o que fica em mim é cada vez mais essencial e verdadeiro." (Caio F. Abreu)

imagem: Salvador Dalí







 








"A vida é agora, aprende. 
  ... o tempo que temos, se estamos atentos, será sempre exato."
  (Caio F. Abreu)

... mas estar dentro de mim é muito vasto.


"De repente, estou só.
Dentro do parque, dentro do bairro, dentro da cidade, dentro do estado, dentro do país, dentro do continente, dentro do hemisfério, do planeta, do sistema solar, da galáxia - dentro do universo, eu estou só. 
De repente,
Com a mesma intensidade estou em mim.
Dentro de mim e ao mesmo tempo de outras coisas, numa sequência infinita que poderia me fazer sentir grão de areia.
Mas estar dentro de mim é muito vasto."
                               (Caio Fernando Abreu)

outros fragmentos...

Ribeirão da Ilha - Florianópolis
(...) o que sinto é uma saudade que não sei de que, de um tempo esquecido, ido, sem esperança.

- É assim: normalmente é no final da tarde vou ficando aflita, quieta, recolhida. Mas eu suporto bem as noites, até as longas noites de inverno!

- Mas amanhã é outro dia tudo passa, e haverá novamente o final de tarde e eu com saudades de não sei o que...

Ribeirão da Ilha - Florianópolis - imagem: J. Vargas 

- O que temo mesmo é não me cumprir, seja lá o que isso quer dizer.

- Se prometi que seria forte mesmo que o mundo me cortasse todas as pequenas esperanças e quando até a mão divina se fechasse para mim... Que ainda assim eu seguiria sem reclamar, ou daria algum depoimento de 'superação'. Sinto muito, desfaço o pacto.

- Pago impostos não sei prá que, pago o que devo e o que não devo e até votei. Mas não consigo ser feliz numa sociedade injusta.


- Vou seguir desencantada, ao menos por enquanto não tenho vontade de sorrir, nem de  ser boazinha, nem ruim, nem nada.

                                                  Lagoa da Conceição - Florianópolis

- No momento 'prá ser sincero' (como diria *os engenheiros ...), sinto-me como um ser jogado no mundo à revelia, sem serventia.
*engenheiros do hawaii  banda brasileira de rock and roll, formada em 1984.

- Já que não devo nada a ninguém, quero trabalhar em paz, minha última obrigação social e isso continuo fazendo com carinho,  pois só tenho paciência com meus pacientes.

- Claro que coloquei algumas condições: não vou ser mais uma no rebanho, quero  ser eu com minhas inquietações e pecados.

 - E não aceito ser privada da minha liberdade, que é a minha alma ... Isso nunca,
 e considero meu inimigo quem tentar me fazer menos livre.


                   Ponte Hercílio Luz  - Florianópolis

- É a liberdade tudo que resta ao ser humano quando tudo lhe é tomado.

  - A natureza é meu recanto sagrado, decididamente a vida em sociedade não deu muito certo, assumo definitivamente: sou bicho do mato, mané da ilha.

 - Mas esse é o meu gozo: retiro-me de mansinho, levemente feliz.

 - Caí no mundo por descuido e por "sorte" aqui na "ilha da magia", nisso Deus foi justo comigo, que assim seja, amém!

(Fatima Vieira - Psicóloga Clínica, in: Fragmentos dos Cinquenta Minutos que Valeram à Pena).

Ψ outros fragmentos...


INEXPRIMÍVEL AMOR ou A CARTA:
Penso em você:
 (...)  entretanto, WERTHER que antes desenhava abundantemente e bem, não consegue fazer o retrato de Carlota: "mal posso esboçar- lhe a silhueta,
 ... perdi a força sagrada, vivificante, com a qual criava mundos ao meu redor."

"La pleine lune d'automne,
Tout le long de la nuit
J'ai fait les cent pas autour de l' étang."
                                            (*haickai Boshô)

"A lua cheia de outono
Ao longo de toda noite
Perambulei ao redor da represa."

- ou, nesta manhã de verão, bom tempo no golfo saí para colher a flor.

- ou, nesta manhã de verão, bom tempo no golfo, fiquei durante muito tempo à mesa. Sem nada fazer.

- ou, nesta manhã bom tempo no golfo. Fiquei imóvel. Pensando na ausência.

(...) a carta carregada da vontade de significar o desejo,
ou, "que alegria pensar em você"!

"Muitas coisas, por associação, inserem você em meu discurso. Impossível ajustar, minhas ânsias no resumido haikai,

... o amor tem decerto um pacto com minha linguagem (que o mantém), mas não pode alojar-se na minha escrita! ... não posso me escrever.

Quem seria este eu que se escreveria?
À medida que entrasse na escrita, a escrita o esvaziaria.

... querer escrever o amor é afrontar o atoleiro da linguagem: esta região desesperada em que a linguagem é ao mesmo tempo muito e muito pouco, excessiva, sem senso de proporção.

A ESPERA: por mais ínfima que seja, uma carta, um telefonema, um sinal, um breve encontro ...

Parece fútil ou patético, mas espero.

... há um roteiro na espera, quase uma peça de teatro; recorto um pedaço do tempo no qual vou mimar a perda do objeto amado.

... a angústia da espera não é continuamente violenta; tem seus momentos mornos; olho os outros que papeiam, andam e brincam tranquilamente: e eles não esperam.

A espera é um encantamento, como se recebesse a ordem de não me mexer.

A identidade fatal do amante nada mais é que: sou aquele que espera.

Na TRANSFERÊNCIA, espera-se sempre - na sala do médico, do professor, do analista.
 Em toda parte onde se espera há transferência.

Dependo de um presente que demora a se dar - como se tratasse de arrefecer meu desejo, de alquebrar minha necessidade.

Fazer Esperar: prerrogativa constante de todo poder, "passatempo milenar da humanidade."

Como desejo, a carta espera resposta; impõe implicitamente que o outro responda, sem o que a sua imagem se altera, torna-se outra.

  É o que explica com autoridade o jovem FREUD à noiva: "Não quero entretanto que minhas cartas continuem sem resposta, a deixarei imediatamente de escrever se não me responderes. Perpétuos monólogos a respeito de um ser amado, que não são nem retificados nem alimentados pelo ser amado, resultam em ideias errôneas quanto às relações mútuas e nos tornam estranhos um ao outro quando nos reencontramos e achamos as coisas diferentes daquilo que, sem confirmação, imaginávamos."

(Aquele que aceitar as "injustiças" da comunicação, aquele que continuar a falar suavemente, carinhosamente, sem que lhe respondam, este conquistará um grande domínio: o da mãe), que não é o domínio do amante.

LIGAÇÕES PERIGOSAS: Existe a "correspondência", de quem escreve mas não está enamorado. Uma empresa tática destinada a defender posições, assegurar ganhos e conquistas ... trata-se de uma correspondência, no sentido quase matemático do termo.

 ... mas a carta, para o amante, não tem valor tático; é puramente expressiva - quase devoção.

Estabeleço com o outro uma RELAÇÃO, não uma simples correspondência.

 A relação vincula duas imagens. Você está em toda parte, sua imagem é total, escreve de diversas maneiras.

 BARTHES, Roland, Fragmentos de Um Discurso Amoroso
(Fatima Vieira - Psicóloga Clínica)

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

O Mistério das Madonas Negras

(...) experimente o abraço da deusa, você abrirá seu coração e vivenciará uma profunda sensação de unidade com o desconhecido;
 Ela atenderá seu pedido mais secreto, mas saiba que você nunca decifrará os segredos da Senhora misteriosa que atende por tantos nomes!

 


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

"A alma é curada ao estar com crianças." (Dostoievski)

"A vida é uma aventura aberta, exposta.
 Não protejam as crianças.
Fortifiquem-nas interiormente para que brinquem bem
com qualquer espécie de brinquedo."
(Emmanuel Mounier)

Pesquisa Sobre Células Tronco Vence o Nobel de Medicina - 2012

 O britânico John Gurdon (79), e o japonês Shinya Yamanaka (50),  receberam o Prêmio Nobel de Medicina deste ano por suas pesquisas com células-tronco.

Gurdon, que nasceu na pequena cidade de Dippenhall, no sul da inglaterra, é professor na Universidade de Cambridge e coordena o Instituto Gurdon, antigo Instituto de Células Biológicas e Câncer, que mudou de nome em 2004 como reconhecimento ao britânico.

Em 1962, o Gurdon fez seu estudo com sapos, ao substituir o núcleo de uma célula imatura no óvulo de fêmeas pelo núcleo de uma célula madura do intestino de um girino. Esse óvulo modificado acabou se desenvolvendo em um girino normal, apesar de o DNA da célula madura conter toda a informação necessária para desenvolver cada uma das células do indivíduo.

A descoberta de Gurdon, que é PhD e em 1995 foi condecorado com o título de cavaleiro (Sir) do Império Britânico pela rainha Elizabeth II, foi recebida inicialmente com desconfiança pela comunidade científica, mas foi aceita após ser confirmada por outros pesquisadores, que conduziram experimentos com clonagem de vacas, porcos e a famosa ovelha Dolly.

 Uma das descobertas de Yamanaka, por exemplo, foi como criar células-tronco pluripotentes induzidas a partir de células comuns, já especializadas. Os cientistas descobriram, em trabalhos separados por 44 anos de distância, que células adultas podem ser "reprogramadas" para se tornar imaturas e pluripotentes, ou seja, capazes de se especializar em qualquer órgão ou tecido corporal – como nervos, músculos, ossos e pele.

Na natureza, todos os animais se desenvolvem a partir de óvulos fertilizados. Nos primeiros dias após a concepção, o embrião é composto por células imaturas, que acabam virando vários tipos de células durante a formação e o amadurecimento do feto.

 Assim, cada grupo se especializa e adquire a capacidade de desempenhar uma função específica. Até então, essa transformação era considerada unidirecional, sem possibilidade de volta.

 Mas os dois cientistas mudaram o destino delas, ao "atrasar o relógio" responsável pelo crescimento celular. Isso indica que, apesar de o genoma sofrer mudanças com o passar do tempo, essas alterações não são irreversíveis.

Imagem de neurônios derivados de células-tronco pluripotentes é divulgada pela Universidade de Kyoto, onde Yamanaka trabalha (Foto: Center for iPS Cell Research and Application/Kyoto University/Reuters)





A Importância das pesquisas: Os resultados obtidos por Gurdon e Yamanaka revolucionaram o entendimento sobre como as células e os organismos se desenvolvem e segmentam.

 Isso tornou possíveis estudos mais aprofundados sobre doenças e novos métodos de diagnóstico e tratamento.

Os dois trabalhos também trouxeram avanços à área de medicina regenerativa, ao estabelecer as bases para a reprogramação de células adultas em células-tronco.

Até então, os cientistas acreditavam que esse caminho não poderia ser revertido, ou seja, transformar uma célula madura em imatura. Com a descoberta, células-tronco agora podem ser cultivadas em grande quantidade em laboratório.

O assunto, porém, tem sido motivo de amplas discussões sobre segurança – mas tem o lado positivo de não entrar na questão ética envolvida nas células-tronco embrionárias, que acabam destruindo embriões para serem usadas.

Segundo o Comitê do Nobel, durante a apresentação nesta segunda, é a sociedade que precisa discutir se as células adultas devem ou não ser aplicadas em pessoas doentes no futuro.

 Além disso, espera-se que, quando for viável o uso terapêutico das células iPS, elas não causem rejeição nos pacientes porque são geneticamente compatíveis com a pessoa, o que facilitaria a reconstrução de órgãos e tecidos.