sexta-feira, 19 de abril de 2024

Quando viesse o outono...

"Eu te faria/linda/e breve/e pele/e solta. Eu te faria/meu mapa. Eu te faria/a colcha do destino. Eu te habitava." (Romério Rômulo)  
                                                         O. Darchuk
                                   Leonid Afremov
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segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

(...)

                                           William-Adolphe Bouguereau

                          
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domingo, 28 de janeiro de 2024

... e o desenvolvimento da personalidade é uma das tarefas mais árduas (Jung)

"Devemos deixar as coisas acontecerem psiquicamente. Eis uma arte que muita gente desconhece. É que muitas pessoas sempre parecem estar querendo ajudar, corrigindo e negando, sem permitir que o processo psíquico se cumpra calmamente. Seria muito simples se a simplicidade não fosse verdadeiramente a mais difícil das coisas! 

Imagem: Margaret Keane

[...] O caminho não é isento de perigo. Tudo o que é bom é difícil, e o desenvolvimento da personalidade é uma das tarefas mais árduas. Trata-se de dizer sim a si-mesmo, de se tomar como a mais séria das tarefas, tornando-se consciente daquilo que se faz e especialmente não fechando os olhos à própria dubiedade, tarefa que de fato faz tremer."                                                                      (C.G.Jung)

Fatima Vieira - Psicóloga Clínica 

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domingo, 7 de janeiro de 2024

se alguém quer conhecer a si mesmo, tem de aceitar a imagem que o sonho fornece a respeito dele...

 “A ideia de Jung sobre o autoconhecimento, como sabem, não significa ruminar de maneira subjetiva acerca de nosso ego: ‘Eu sou assim e assim’. Isso pode até ser útil, mas não é o que entendemos por autoconhecimento, que significaria incorporar as informações que obtemos a partir dos sonhos.


                      (“Conselhos de uma lagarta”, Salvador Dali)

[...] se alguém quer conhecer a si mesmo, em nosso sentido da palavra, tem de aceitar a imagem que o sonho fornece a respeito dele. Se você sonha que se comporta como um tolo, embora subjetivamente se sinta muito razoável, deve tomar isso na mais séria consideração, pois, de acordo com o inconsciente, ou de acordo com a luz que o arquétipo do Self derrama sobre o seu comportamento consciente, você está se comportando como um tolo. Este é um elemento de informação objetiva obtida a partir de um sonho, quer você goste ou não, e vocês sabem quão frequentemente não se gosta do que se sonha. Este é o tipo de informação que provém da psique objetiva dentro de nós, e que pensamos ser útil e aconselhável aceitar.”
(Marie-Louise Von Franz, Alquimia e a Imaginação Ativa)

Fatima Vieira - Psicóloga Clínica 

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quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Natal nos remete à dois arquétipos importantes: O Papai Noel e A Criança Divina

Arquétipo: Uma imagem carregada de energia, um ícone com magia, magia que vai além do indivíduo.

Que arquétipo personaliza o Papai Noel? Remete as memórias profundas do “Bom Pai”, o velhinho bondoso e gentil. Evoca lembranças da figura paterna que em algum momento nos foi reconfortante o suficiente.

                                         imagem: Thomas Nast, Feliz Natal
Seu ancestral mais conhecido foi São Nicolau,
um bispo do século IV dC de Myra, na atual 
Turquia. Papai Noel às vezes chamado 
de São Nicolau, padroeiro das crianças 
e também está associado à generosidade.

                        imagem: Carlo Crivelli,1472, São Nicolau de Bari
 
Papai Noel evoca uma figura inocente como 
a criança. Ele não pede muito, não faz qualquer
juízo de valor, ele apenas pede que todos
sejam bons. E a criança diante dele,
se compromete a ser melhor e mais generosa. 

A Criança Divina: "Não temas, pois eis que vos trago boas novas de grande alegria, que serão para todos os povos". (Lucas 2:10)

   

Leonardo da Vinci - The Madonna and Child   

Entre as muitas figuras que podem surgir do inconsciente, está a figura da criança divina.

A criança divina se manifesta em nossa consciência quando menos esperamos, quando nos sentirmos desamparados é como um potencial nascido do ventre do inconsciente.

Jung refere como os alquimistas diriam em resposta a essa questão: “A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular”.

A criança pode aparecer em sonhos, ou emergir sincronicamente de alguma outra forma na experiência exterior. 

O filho divino representa a união criativa de opostos que dá origem a um novo começo. 

Cada novo começo é uma criança divina, e as revelações mitológicas desde os tempos antigos saúdam o novo potencial psíquico com admiração e adoração.

O nascimento milagroso assinala a iniciação na individuação, e o destino preordenado de figuras sagradas e heróicas através das culturas e ao longo do tempo também nos representam. 

Modelos como Moisés, Menino Jesus, Buda, Hércules, Hórus, Ganesha e outros, retratam um Eu Orientador que os sustenta através do árduo trabalho humano de crescer em direção à totalidade. 

Jung assim define: “Você abre os portões da alma para permitir que a inundação sombria do caos flua em sua ordem e significado. Se você unir a ordem com o caos, você produzirá o filho divino, o significado supremo…”

Ψ Fatima Vieira - Psicóloga Clínica 

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domingo, 24 de setembro de 2023

(...)

doce primavera é o seu tempo

é o meu tempo é o nosso tempo

para a primavera é o tempo do amor

e viva doce amor

(todos os passarinhos alegres estão
voando e flutuando nos
próprios espíritos cantando
estão voando no florescimento)
(e. e. cummings)

Ψ Fatima Vieira - Psicóloga Clínica 

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Ψ Jung: uma visão integral, complexa e holística da realidade

Jung foi um antecipador de tudo aquilo que nos últimos anos buscávamos: uma visão integral, complexa e holística da realidade.


Sigmund Freud e Carl Gustav Jung são os geniais criadores do discurso psicanalítico. Não tiveram mestres. Eles mesmos observando-se a si mesmos e a seus pacientes foram criando os instrumentos teóricos para decifrar os enigmas da alma humana. Freud e Jung possuíam sensibilidades diferentes. Enquanto Freud enfatizava o fato sexualidade, desde a mais tenra infância. Jung discordava, pois achava que esta dimensão era importante mas não podia ser o eixo articulador da compreensão da vida psíquica humana. Para Jung a libido constituía a energia fundamental que perpassava todo o ser humano para além de sua expressão sexual.
Quero me concentrar em Carl Gustav Jung porque vejo nela um antecipador de tudo aquilo que nos últimos anos buscávamos: uma visão integral, complexa e holística da realidade. Para Jung a psicologia não possuía fronteiras, entre cosmos e vida, entre biologia e espírito, entre corpo e mente, entre consciente e inconsciente, entre individual e coletivo. A psicologia tinha que ver com a vida em sua totalidade. Por isso tudo lhe interessava, os fenômenos exotéricos, a alquimia, a parapsicologia, o espiritismo, a filosofia, a teologia, a mística, ocidental e oriental, os povos originários e as teorias científicas mais avançadas. Sabia articular estes saberes descobrindo conexões ocultas que revelavam dimensões surpreendentes da alma humana. A psicologia de Jung é uma espécie de cosmologia, pois para ele o ser humano não pode ser entendido fora da evolução total. A psique é tão ancestral quanto o universo, é parte objetiva da natureza. A autorrealização como processo de individuação possui um sentido cósmico. Como dizia ele, “na visão que faço do mundo existe um vasto reino exterior e um outro reino interior, igualmente vasto; entre esses dois mundos, situa-se o homem, ora frente a um, ora frente a outro" (Obras 4,777).
Os numerosos estudos de Jung sobre a alquimia demonstram que estes mundos ultrapassam o humano e alcançam o cósmico. A equação macrocosmos-microcosmos, a coincidência entre a totalidade do humano com a totalidade do extra-humano, conduzem a uma nova consciência capaz de fundar uma nova relação entre homem e universo.

Coube a Jung o mérito de valorizar e decifrar a mensagem escondida nos mitos. Eles constituem a linguagem do inconsciente coletivo. Este possui sua relativa autonomia. Ele nos possui mais a nós do que nós a ele. Cada um é mais pensado do que propriamente pensa. O órgão que capta o significado dos mitos, dos símbolos e dos grandes sonhos é a razão sensível ou da razão cordial. Esta foi na modernidade colocada sob suspeita pois poderia obscurecer a objetividade do pensamento. Jung sempre foi crítico do uso exacerbado da razão ocidental pois fechava muitas janelas da alma.Os numerosos estudos de Jung sobre a alquimia demonstram que estes mundos ultrapassam o humano e alcançam o cósmico. A equação macrocosmos-microcosmos, a coincidência entre a totalidade do humano com a totalidade do extra-humano, conduzem a uma nova consciência capaz de fundar uma nova relação entre homem e universo. Os astronautas lá de suas naves espaciais nos testemunharam que Terra e humanidade se pertencem. Formam uma única realidade. Ao abordar o inconsciente coletivo e cósmico Jung se confronta com os grandes mitos da totalidade como o do urobos, da mândala, do animus/anima e da Sofia.
Há um spiritus mundi e um spiritus terraeExiste um estrato mais radical e profundo da psique onde já não tem valência as distinções entre psique e mundo, céu e terra. Aí emerge a realidade originaria e total do mundo, antes de qualquer separação e divisão, o arquétipo-raiz o Self. Aí todos nos sentimos um, como bem o expressou a tradição do Tao e filosofia da Índia e que Jung tanto apreciava. É o unus mundus ou a lápis philosophorum. Coube a Jung o mérito de valorizar e decifrar a mensagem escondida nos mitos. Eles constituem a linguagem do inconsciente coletivo. Este possui sua relativa autonomia. Ele nos possui mais a nós do que nós a ele. Cada um é mais pensado do que propriamente pensa. O órgão que capta o significado dos mitos, dos símbolos e dos grandes sonhos é a razão sensível ou da razão cordial. Esta foi na modernidade colocada sob suspeita pois poderia obscurecer a objetividade do pensamento. Jung sempre foi crítico do uso exacerbado da razão ocidental pois fechava muitas janelas da alma. Conhecido foi o diálogo em 1924-1925 de Jung manteve com um indígena da tribo Pueblo no Novo México nos USA. Este indígena achava que os brancos eram loucos. Jung lhe pergunta por que os brancos seriam loucos? Ao que o indígena responde:  “Eles dizem que pensam com a cabeça”. “Mas é claro que pensam com a cabeça”, contestou Jung. “Como vocês pensam”, continuou? E o indígena, surpreso, respondeu: “Nós pensamos aqui” e apontou para o coração (Memórias, sonhos, reflexões, p. 233).

Esse fato transformou o pensamento de Jung. Entendeu que os europeus havia conquistado o mundo com a cabeça mas haviam perdido a capacidade de pensar com o coração e de viver através da alma (cf. Anthony Stevens, Jung, vida pensamento, Vozes, p. 269). Por isso dominaram o mundo e fizeram tantas guerras.

Fonte: *Leonardo Boff é ecoteólogo, filósofo e escritor. Autor, entre outros livros, de Habitar a Terra (Vozes)

(*txt do site A Terra é Redonda)

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sexta-feira, 30 de junho de 2023

(...)

"Seguir sua própria estrela significa isolamento, não saber para onde ir, ter que descobrir um caminho completamente novo para si mesmo, em vez de apenas seguir o caminho trilhado por todos os outros. É por isso que sempre houve uma tendência nos humanos de projetar a singularidade e a grandeza de seu próprio eu interior em personalidades externas e se tornarem servos, servos dedicados, admiradores e imitadores destas personalidades. É muito mais fácil admirar e tornar-se discípulo ou seguidor de um guru ou profeta religioso. Isso é muito mais fácil do que seguir sua própria estrela." (Marie-Louise von Franz, O Caminho do Sonho)

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(...)



quinta-feira, 20 de abril de 2023

Ψ 'A Criança, sua "Doença" e os Outros'

No livro 'A Criança, sua "doença" e os Outros', Mannoni tenta esclarecer o "mal-estar" da família quando procura um psicoterapeuta referindo praticamente dois tipos de discursos:

1 - O discurso fechado, em que há uma recusa à experiência psicoterapêutica.  Dá-se um discurso diante do analista, em vez de para o analista. Os pais buscam uma confirmação da irrecuperabilidade do quadro.
O desejo inconsciente fatal de que a criança permaneça doente. O drama aqui não é a doença, mas a existência dos pais. Os pais dirigem-se ao analista para falar de si próprios. O passado da criança é reordenado não para fazer dele surgir um sujeito, mas para fixá-lo. O analista é situado no lugar de cúmplice de sua mentira. Não há lugar para o terceiro. Nestes casos se nota como o genitor patogênico constitui o seu próprio ideal do eu. As intervenções aqui podem provocar a paralisação do tratamento.

2 - O discurso de drama, em que há um pedido de ajuda. A análise é então possível, e o tratamento consistirá em encontrar, na palavra do adulto, o que marcou a criança no plano do corpo.

Para Rosenfeld, na fase aguda da doença, todas as técnicas psicoterapêuticas, sejam quais forem as referências teóricas, alcançam sucesso. É na fase crônica silenciosa que o sucesso depende de como ela é manejada.

Para que serve a psicoterapia de crianças e adolescentes?
A psicoterapia infantil pode ser particularmente útil na profilaxia e no tratamento de uma série de problemas emocionais e comportamentais:
• Depressão
• Ansiedade
• Auto-mutilação
• Dificuldades de apego, incluindo crianças cuidadas e adotadas
• Problemas comportamentais, incluindo criminalidade e uso de substâncias químicas.
• Dificuldades com amigos e colegas, incluindo bullying, cyberbullying
• Distúrbios alimentares
• Identidade de gênero
• TDAH
• Autismo
• Distúrbios comportamentais ou conflitos na área sexual
• Baixa autoestima/confiança
• Problemas de aprendizagem e concentração/ atenção
• Dificuldades nos relacionamentos interpessoais/ apego/ vínculos
• TOC
• Fobias
• Atraso no desenvolvimento
neuropsicológico
• Traumas e Estresse pós traumático, separação/ perda/ luto

Como ocorre a primeira Avaliação Psicológica?

Para avaliação, a criança/adolescente é inicialmente atendida com seus pais/ familiares/ responsáveis, para que o terapeuta obtenha o máximo de compreensão possível sobre o problema ou dificuldade. Em algumas situações, os pais podem querer ser vistos separadamente como parte do processo de avaliação para explorar quaisquer preocupações que possam ter. O trabalho individual com os pais pode facilitar a verbalização de suas lutas cotidianas e oferecer uma oportunidade de refletir sobre seus estilos parentais e suas próprias experiências como pais em um ambiente confidencial. Pode envolver a identificação de gatilhos ou padrões de comportamento e formas de relacionamento que possam estar afetando negativamente o vínculo com o filho. Ao final da Avaliação é apresentado um feedback aos pais, psicodiagnóstico e sugestão quanto a periodicidade dos encontros dando início à psicoterapia.

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sábado, 8 de abril de 2023

A morte é uma nova vida


Hulton Collection - Hulton Archive -  Getty Images

"Este é o trabalho de uma vida, aqui na terra: inventar o corpo astral, criá-lo, dando-lhe a nossa consciência. Assim, a pessoa sobreviverá à morte. Pode-se também morrer quando se quer... E ao morrer, não perder a consciência 'daqui'.
O que acontece neste processo é um desprendimento de seu corpo astral enquanto seu corpo físico dorme. É um processo inconsciente automático. Às vezes, por simples acaso, um vislumbre de consciência chega a este belo corpo e então, ao acordar repentinamente ou no dia seguinte, tem-se a impressão de estar experimentando algo muito mais real do que a realidade física. O déjà-vu que referem os psicólogos tem sua explicação neste fenômeno de distanciamento.
(...) O corpo astral se desprende, ainda preso ao corpo físico por um cordão chamado  'cordão de prata', que só é cortado na morte. Graças a este cordão podemos percorrer distâncias imensuráveis ​​sem perder a conexão com nosso corpo físico. Ele sempre retorna. 
(...) Preste atenção a esta analogia: assim como uma criança se encontra ligada à mãe pelo cordão umbilical, o corpo astral está unido ao pai, o corpo físico, por um cordão de prata. A criança chora e se desespera ao nascer, quando o cordão que o liga à mãe é cortado. Ele pensa que isso é a morte, mas é uma nova vida. O mesmo acontece quando se morre; quando o cordão de prata é cortado, entra-se em outra vida. A morte é uma nova vida. Tudo isso é arquetípico. Apenas aqueles eventos que expressam arquétipos têm realidade ontológica. (Miguel Serrano)

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terça-feira, 7 de março de 2023

(...)


Charna W.

Harold Knight.
Francois Bruycker

Ron Hicks
Philip de Laszlo
                                                James Francis
(...) As mulheres, nas quais a vida habita e habita de forma mais imediata, mais fecunda e mais confiante, devem ter amadurecido mais profundamente, tornando-se seres humanos mais humanos do que os homens, que, na sua arrogância e impaciência, desconhecem e menosprezam o que pensam amar. Esta humanidade que habita a mulher, levada a termo na dor e na humilhação, após ter descartado as convenções da mera feminilidade por meio das transformações de seu status externo, virá à luz e os homens, que hoje ainda não sentem isso se aproximando, serão pegos de surpresa e atingidos por ela. (...) Este passo à frente mesmo que contra a vontade dos homens, transformará a experiência do amor, agora cheia de erros. Remodelará em uma relação entre dois seres humanos e não mais entre homem e mulher isolados. E esta forma mais humana de amor que será realizada de maneira infinitamente gentil, atenciosa, verdadeira e clara, será semelhante àquela para a qual todos os seres buscam o amor que consiste em duas solidões que se protegem, se definem e se acolhem. (Rainer Maria Rilke: Cartas a um jovem poeta/ 1903)

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sexta-feira, 3 de março de 2023

(...)

“O verdadeiro feminino é o receptáculo do amor. O verdadeiro masculino é o espírito que vai ao eterno desconhecido em busca de sentido. O grande recipiente, o Self, é paradoxalmente masculino e feminino e contém ambos. Se estes são projetados no mundo exterior, a transcendência deixa de existir. O Eu - a totalidade interior - está petrificado. Sem o verdadeiro espírito masculino e o verdadeiro amor feminino interior, não existe vida interior. Ser livre é quebrar as imagens de pedra e permitir que a vida e o amor fluam."
Marion Woodman - Addiction to Perfection: The Still Unravished Bride

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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Imaginação Ativa - conversando e aprendendo com os sentimentos

"O símbolo, assim como o sintoma, é o modo como a psique se regula e se cura". (Jung, 1970)

Como é a sua imaginação?

Pode parecer um tanto óbvio mas tudo o que existe (ou existiu) no Universo partiu de uma imaginação. Determinada pessoa visualizou/ imaginou o seu desejo e aquilo foi materializado (é claro que até chegar a esta materialização muito foi feito, perdido, trabalhado...) mas a questão é que este celular ou computador do qual você está lendo minha mensagem partiu de uma imaginação. Carl Gustav Jung, há 100 anos atrás, na Suiça, desenvolveu a técnica muito usada que é a Imaginação Ativa. Esta técnica é voltada para a introspecção psíquica em que você aprende a dialogar com seus sintomas.

O que é Imaginação Ativa?
Em síntese, é a vivência da experiência da criação de imagens do seu inconscientes que ganharão “vida” no processo terapêutico.

Como a imaginação ativa pode te ajudar?
A técnica surge para trabalhar com o seu autoconhecimento abrangendo as suas dores, basicamente. Quando temos um sintoma que é aparentemente físico, esquecemos que por trás destas dores existem emoções, e que por trás destas emoções, existem imagens. Em outras palavras: ao encontrarmos a imagem e a emoção, podemos transformar este sintoma (lembrando que quando atuamos com vidas atuamos com complexidades, portanto, o tempo é incerto neste processo). Com tantos afazeres, esquecemos que o corpo depende da psique assim como a psique também atua no corpo.

Quais são os sintomas trabalhados pela Imaginação Ativa?
Basicamente todos. Caso você tenha dores nas costas, dores nos braços, dores nas pernas, dores de cabeça, apertos no peito, ansiedade, medo, angústias, pânicos, bruxismo entre tantos outros sintomas recorra a um profissional que possa te auxiliar neste processo. É uma técnica de introspecção psíquica em que você aprende a dialogar com seus sintomas. Com o corpo e a mente dialogando entre si, transformações poderão surgir.

Como é que esta Imaginação Ativa funciona?
Ao chegar no consultório, depois de diversos encontros, haverá o momento que o psicólogo irá conversar com a dor específica do seu corpo. Caso você tenha fortes dores, por exemplo, no peito, ambos irão focar na impressão desta dor através das emoções: raiva, tédio, medo, tristeza, entre diversas outras opções que caberão apenas ao paciente destacar. A partir desta identificação, diante de diversos tipos de perguntas, podemos perguntar: "E se essa dor tivesse uma imagem, qual imagem ela teria para você?"

Eu posso fazer a Imaginação Ativa sozinho?
Não é recomendável. É algo que requer muito cuidado pois é um tipo de técnica que lida com forças muito profundas. Caso você sinta interesse, recomendo um profissional que atue com esta técnica.

IMAGINAÇÃO ATIVA - conversando e aprendendo com os sentimentos 
"Houve um tempo em que fugia do medo, então o medo me controlava. Até que aprendi a segurar o medo como um recém-nascido, ouvi-lo, mas não ceder. Honrá-lo, mas não o adorar. O medo não podia mais me impedir. Eu entrei com coragem na tempestade. Ainda tenho medo, mas ele não me tem. Houve um tempo em que eu tinha vergonha de quem eu era. Eu convidei a vergonha para o meu coração. Eu a deixei queimar. Ela me disse: “Estou apenas tentando proteger sua vulnerabilidade. Eu agradeci à vergonha, e entrei na vida de qualquer maneira, sem vergonha, com a vergonha como minha amante. Houve um tempo em que tive muita tristeza enterrada bem no fundo. Eu a convidei para sair e brincar. Eu chorei oceanos. Os meus canais lacrimais estavam secos. E eu encontrei a alegria ali mesmo. Bem no centro da minha tristeza. Foi o desgosto que me ensinou a amar. Houve um tempo em que tinha ansiedade. Uma mente que não parava. Pensamentos que não silenciavam. Então parei de tentar silenciá-los. E eu larguei da mente fui para a terra, para a lama. Onde fui abraçado fortemente como uma árvore, inabalável, segura. Houve um tempo em que a raiva queimou nas profundezas. Eu chamei a raiva para a luz de mim mesmo. Eu senti seu poder chocante. Eu deixei meu coração bater e meu sangue ferver. Escutei, finalmente. E ela gritou: “Respeite-se ferozmente agora!”. "Fale a sua verdade com paixão!” “Diga não quando você quer dizer não!” “Ande o seu caminho com coragem!” “Que ninguém fale por você!” A raiva se tornou uma amiga sincera. Um guia sincero. Uma linda criança selvagem. Houve um tempo em que a solidão me tomou profundamente. Eu tentei me distrair e me entorpecer. Corri para pessoas, lugares e coisas. Até fingi que estava “feliz”. Mas logo eu não pude correr mais. E eu caí no coração da solidão. E eu morri e renasci em uma requintada solidão e quietude. Isso me conectou a todas as coisas. Então eu não estava só, mas sozinho com toda a vida. Meu coração Um com todos os outros corações.
Houve um tempo em que fugia de sentimentos difíceis. Agora, eles são meus conselheiros, confidentes, amigos,  e todos eles têm um lar em mim e todos eles me pertencem e têm dignidade. Eu sou sensível, suave, frágil, meus braços envolveram todos os meus filhos internos. E na minha sensibilidade, poder. Na minha fragilidade, uma presença inabalável. Nas profundezas das minhas feridas, no que eu tinha chamado de “escuridão”, eu encontrei uma luz ardente. “Isso me guia agora em batalha.” 
Texto: Jeff Foster (1980), astrofísico inglês (Cambridge)
'Imaginação Ativa', técnica utilizada por JUNG  

Ψ Fatima Vieira - Psicóloga Clínica 

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(...)

"Cultivar a alma é permitir que a essência eterna penetre e experimente o mundo externo por todos os orifícios do corpo: vendo, sentindo o aroma e o sabor, ouvindo, tocando - de tal maneira que a alma cresça durante sua permanência na terra. Cultivar a alma é descobrir-se um ser eterno habitando um corpo temporal. É por isso que sofre e aprende pelo coração". (Marion Woodman)

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