quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

"Black Mirror" - o fantástico realismo de uma sociedade narcísica

*Lançada em 2011 na Inglaterra, a série 'Black Mirror' é assustadora. 
*Não tanto pela sua fantasia distópica de um futuro não-tão-distante de nós, mas pelo que ela revela sobre o adoecimento de uma sociedade tão atual, tão velha, tão nossa.

*Seu nome, “Black Mirror” (espelho negro), é uma referência à tela preta do celular, que quando apagada nos reflete, mas acesa se tornou os olhos e filtros de uma sociedade das aparências. 

*Um espelho em que pensamos nos ver, mas que na verdade é uma projeção de nossas vaidades e sonhos de consumo; aquilo que julgamos desejar, mas que são desejos que também nos foram vendidos. (de que ele, o fetiche, mais uma vez triunfou, tirando nossos status de sujeitos, de pessoas que pensam, sentem e decidem os rumos de nossas vidas, e nos transformou em mercadorias. 

*As mercadorias se relacionam entre si, e nos tornamos mais uma na prateleira. 

*É uma crítica forte, uma atualização das velhas fábulas de um capitalismo distópico – como nas obras de Philip K. Dick e as obras do “ciberpunk” – que pode ter o poder de instigar a querer transformar as coisas, ou a dolorosa constatação resignada de que rumamos a cada dia mais para o aprofundamento de um mundo em que as pessoas são mais uma mercadoria, e de baixíssimo valor. 
*Para quem pode comprar tudo, talvez não esteja tão mal. Pode-se comprar até mesmo a crítica a essa sociedade e fazer dela uma mercadoria a mais, para gerar mais lucro, mais mercadorias. 

*Como acontece inclusive com Black Mirror, mais uma série de grande sucesso, mais uma mercadoria, disponível na prateleira de seu Netflix, ao alcance de um clique.

*E depois você pode se distrair com uma comédia romântica se quiser.

*Black Mirror, o que vemos ali somos nós... Nós reconhecemos, refletidos naqueles contextos; escravos do consumo, linchadores virtuais, mórbidos espectadores.


*É isso o que incomoda.
*Black Mirror trata da nossa relação com a tecnologia, das perversas regras do capitalismo, do poder e da sociedade do espetáculo, e as possíveis - e bem prováveis - consequências sobre as relações humanas (muitas já acontecendo). 
*O físico e o virtual se confundem.
*Não precisaremos mais de câmeras, nossos olhos servirão como lentes e um chip  instalado no nosso cérebro gravará Tudo o que a gente vê, e todas as memórias serão salvas numa timeline, que você poderá acessar infinitamente ...
Fonte: Fernando Pardal 
Shoichi Iwashita
Ψ Fatima Vieira - Psicóloga Clínica 

sábado, 8 de dezembro de 2018

Ψ Guia Fácil para Interpretação de Sonhos Método de Carl Jung


*Interpretação de Sonhos, usando o método de Carl Jung.

*Análise dos Sonhos - Em um nível puramente físico, o estado de sonho nos ajuda a manter a saúde e o equilíbrio.
*Em um nível psicológico mais profundo, os sonhos podem ser muito terapêuticos.
*Se trabalhado, os sonhos nos proporcionam 'insights', a maneira como lidamos com os problemas e interagimos com nós mesmos e com as outras pessoas.

*Como uma peça, o enredo em um sonho pode nos dar uma moral ou lição.
*Se alguém apenas nos conta a lição, nós não a ouvimos... Mas se for apresentado de uma forma que devemos pensar sobre isso, então a mensagem cria raízes e a cura pode ocorrer.
*O sonho é como um bom amigo, contando uma história para indicar a necessidade de mudança.

*Tudo o que é preciso é a vontade de se questionar e de registrar as associações de sonhos.
*Nossa mente inconsciente nos fala na linguagem dos símbolos.
*Johnson compara um sonho a uma tela na qual o inconsciente projeta seu drama interior em forma simbólica.
*Mas para entender o que nossa mente inconsciente está tentando nos dizer, temos que aprender a decodificar seus símbolos.


                                                  imagem: Hulton
*As quatro etapas de Johnson para a interpretação dos sonhos junguianos:
1. Fazer associações relacionadas ao simbolismo do sonho;
2. Conectar as imagens do sonho aos aspectos internos do eu;
3. Decidir a interpretação do sonho; 
4. Efetuar um novo conhecimento com um ritual.


*Passo 1: Faça associações com os símbolos do sonho
Este passo é melhor feito sentando-se com uma caneta e papel.
Anote cada imagem do sonho - o gato azul, a casa da infância, uma frase estranha proferida - e, em seguida, anote as associações que aparecem para você com essa imagem. Por exemplo, a cor azul pode trazer sentimentos de calma, o mar, o céu, ou de "sentir-se azul".
Preste atenção a coloquialismos, como o sonho de estar preso na lama literal, que pode estar dizendo "você está preso" em um relacionamento, trabalho ou atitude. (...) Pode ser difícil descobrir o significado do símbolo do sonho. Jung diz que uma das associações acabará por “clicar”.
*Escolha a associação que parece ter muita energia ou desafiá-lo de alguma forma. Esta é uma ótima prática para o desenvolvimento da intuição. De particular importância é encontrar um arquétipo em um sonho.
*Johnson refere: O sonho que contém um arquétipo geralmente tem uma qualidade mítica. Em vez de cenas que parecem o mundo cotidiano, esse tipo de sonho leva você a um lugar que parece antigo, de outro tempo ou como um conto de fadas. . . 
*Outro sinal é que as coisas são maiores que a vida ou menores que a vida. 
*Os arquétipos também podem se apresentar como animais de outro mundo: leões falantes, grifos, dragões, cavalos voadores.
*Depois de identificar um arquétipo, procure saber mais sobre isso, especialmente na mitologia ou religião.

*Passo 2. Conecte as imagens dos sonhos à dinâmica interna
Com as associações que você fez no Passo 1, agora você começa a identificar com qual parte do seu eu interior elas se relacionam.
*Johnson diz que este passo é o princípio mais importante no trabalho dos sonhos, “aquele que determina se você encontrará a sabedoria em seus sonhos”.
*Esse passo pode enganar as pessoas, pois é fácil supor que quando um cônjuge, pai ou amigo aparece em um sonho, o sonho está se referindo a essa pessoa. *Mas “na prática, geralmente não é assim”. Eles são um símbolo para uma qualidade no sonhador.
*Na interpretação dos sonhos junguianos, o sonho é visto como uma jornada interior, não uma exterior, e tudo no sonho se refere a uma parte do eu interior: o inconsciente tem o hábito de emprestar imagens da situação externa e usar essas imagens para simbolizar algo que está acontecendo dentro do sonhador.
*Essa dinâmica interna que é representada por uma pessoa  pode ser uma característica que você tem em comum com a figura do sonho.
*A mulher irritada em seu sonho pode ser você como uma pessoa irritada, mas você não a admite para si mesma.
*Os sonhos tendem a falar em extremos, então as chances são de que seja um traço muito exagerado.
*A figura do sonho também poderia representar um padrão comportamental comum que você compartilha com essa figura.
*Pergunte a si mesmo como as qualidades da figura do sonho estão ativas em sua própria vida e o que essas características representam.
*Um lugar em um sonho pode ser um lugar dentro de você, ou uma certa postura, ou um objetivo para o qual seu crescimento interior está se movendo.
*Algumas das associações mais comuns são derivadas do trabalho de Jung, como arquétipos, anima, animus, shadow e self.
*Os arquétipos podem ser reconhecidos por causa de sua intensidade ou qualidade sobrenatural.
*A sombra - o aspecto de nós mesmos que ainda está oculto em nosso inconsciente - é geralmente representada por uma figura do mesmo sexo.
*A anima de um homem é representada como uma mulher e o animus de uma mulher como homem.
*Johnson diz para não tirar conclusões precipitadas sobre uma figura que se encaixa perfeitamente em uma dessas categorias, já que nem toda pessoa em um sonho será a sombra ou anima / animus: “Normalmente, alguns detalhes muito pequenos no sonho nos dirão qual caminho seguir, pegue o símbolo".



*Passo 3: Encontre a interpretação correta
*Essa etapa envolve fazer a si mesmo perguntas, como “qual é a mensagem central que esse sonho está tentando comunicar?”

Ou “o que esse sonho está me dizendo para fazer?” 
*Anote todas as respostas possíveis. Pode ser difícil decidir qual interpretação é a correta. 
*Escolha uma interpretação que mostre algo que você ainda não conhece.
*Evite a interpretação que infla seu ego e interpretações que afastem a responsabilidade de você mesmo.
*O inconsciente nos empurra para um sofrimento após o outro, uma bagunça impossível após a outra, até que finalmente estamos dispostos a despertar, ver que somos nós que estamos escolhendo esses caminhos impossíveis e assumimos a responsabilidade por nossas próprias decisões.
*Aprenda a viver com sonhos ao longo do tempo... você pode ter mais informações sobre um sonho no futuro.
*Jung disse que é exatamente onde uma pessoa se sente mais assustada e com mais dor, que a maior oportunidade de crescimento pessoal está. Indo onde está o desconforto é uma boa regra para escolher uma interpretação. Seu inconsciente não vai lhe dizer algo que você já conhece.

*Passo 4. Faça um ritual para tornar o sonho concreto
Johnson enfatiza que é importante fazer algo físico quando você interpreta o seu sonho “porque ele ajuda a integrar sua experiência onírica em sua vida consciente e desperta”.
*Sua interpretação dos sonhos deveria ter sido reveladora, e esta etapa envolve fazer algo para mostrar que você levou a mensagem do sonho a sério e está planejando fazer algo a respeito.
*O ritual leva o sonho, que você já puxou do inconsciente para a sua mente consciente, e fundamenta-o no mundo físico. Isso ajudará você a internalizá-lo e dar um pequeno passo para implementar o conselho do sonho.


Fonte: Manon Welles
Ψ Fatima Vieira - Psicóloga Clínica