quinta-feira, 30 de maio de 2013

Ψ sobre a peste emocional - Wilhelm Reich

"... tem gente que machuca a gente, tem gente que não sabe amar,

 tem gente que está do mesmo lado que você, mas deveria estar do lado de lá.

... mas é claro que o sol vai voltar amanhã mais uma vez, eu sei

 escuridão já vi pior, de endoidecer  gente sã!" (composiçao: Renato Russo)


- Ψ *Escuta Zé Ninguém! - 1945: Reich fala sobre como o ser humano submete-se ao poder dominador e o sofrimento profundo que vem desta funesta submissão.

 - Fala também de amor e o seu poder transformador, onde o indivíduo conseguiria sair desta condição e seria mais saudável e feliz.
 
- Reich dizia que o Zé Ninguém estava doente, por ter medo de encarar a sua verdade, mas só ele poderia se libertar.

 
- A doença é o corpo que se retrai por medo da falta. Nos meios sociais é valorizado o que o individuo tem, para Reich essa avidez, essa busca desenfreada por satisfações ainda que efêmeras, se desvia da verdade, só ela pode nos ensinar a amar. Exigimos felicidade, mas a segurança é mais importante. 


- O amar exige cuidados. O Zé Ninguém obedece dogmas, não pensa por si e não suporta quem é livre.
 
- Reich fala sobre o encouraçamento e a incapacidade de amar: "O organismo encouraçado, se distingue do organismo não encouraçado essencialmente por uma barreira rígida que se interpõe entre seu núcleo biológico, fonte de todos os impulsos naturais, e o mundo no qual ele vive e age. Como resultado, todos os impulsos naturais e mais especificamente o impulso do amor, ficam bloqueados." (Reich, 1974)

 
- O recado de Reich: O ser humano está em demolição, mas ele dá uma boa notícia, que ele tem as ferramentas necessárias para a reconstrução. É possível encontrar na fé e no amor o poder de cura.

 
- Segundo Reich, se o organismo pudesse se expressar livremente, suas couraças se dissolveriam e seria capaz de amar.

- Reich acreditava na capacidade de autorregulação do organismo, ou seja, há uma força intrínseca em cada indivíduo que o impulsiona para o bem estar sempre que ele optar por uma vida natural e saudável e que as energias vitais organizam-se naturalmente quando livres das obrigações morais desnecessárias. É fácil constatar quando se ama. 

- Reich enfatiza um princípio básico; o indivíduo tem que acreditar no seu potencial, no seu poder realizador. É o que as religiões pregam como fé, só que para ele, não existiria nenhuma lei, nenhum clero detentor deste poder, (vemos que o pedágio da fé pode ser muito caro).

 
- A *peste emocional é uma biopatia crônica do organismo, que compromete o físico e o emocional. esse indivíduo relacionando-se com o meio social compromete toda a sociedade  ao mesmo tempo é contaminado por ela.

 
- A fofoca, a inveja, a difamação são os principais mecanismos usados em nossa sociedade pela 'peste emocional'.

- São aquelas pessoas que cuidam da vida dos outros, mas não conseguem administrar a própria. E tampouco suportam o sucesso alheio.

- São egocêntricas, manipuladoras, interesseiras, rancorosas, amarguradas, invejosas ou fracassadas, que exibem falta de consideração pelo outro com abusos verbais ou físicos.


- Pessoas muito perigosas de se conviver. São verdadeiros vampiros, sem luz própria, que consomem nossa energia vital, que exploram e manipulam pessoas de acordo com os seus interesses e vivem às custas da energia dos outros para se sustentarem.

 - Não suportam ser contrariados e confrontados. Quando o são, se vingam, perseguem a pessoa até 'livrarem-se' dela. Seu Ego é Superlativo para compensar a sua extrema falta de amor-próprio.

 - Usam as pessoas conforme seus interesses e, quando estas discordam de suas idéias, são descartadas e eliminadas, sem a menor consideração. 
 
- A "toxicidade" reside exatamente no fato de não nos darmos conta de que estamos sendo manipulados até o dia em que  despertamos e tomamos consciência de que estamos muito mal, morrendo por dentro, e que algo urgente necessita ser feito. Um corte se faz necessário

(e tem que ser radical!), para resgatar a nossa sanidade, saúde, alegria de viver.
 
- E acima de tudo, se possível, saber relevar, já dizia o Mestre: "eles às vezes não sabem mesmo o que fazem!"

Termos usados:
*COURAÇA DO CARÁTER - A soma total das atitudes caracteriais típicas que o indivíduo desenvolve como um bloqueio contra seus impulsos ("excitations") emocionais, resultando em rigidez corporal, perda de contato emocional, "amortecimento" ("deadness"). Funcionalmente idêntica à couraça muscular.
*COURAÇA MUSCULAR - A soma total das atitudes musculares (espasmos musculares crônicos) que o indivíduo desenvolve como um bloco contra a irrupção de emoções e sensações de órgão, particularmente angústia, raiva e excitação sexual.

*PESTE EMOCIONAL - O caráter neurótico atuando destrutivamente na cena social.

*CARÁTER NEURÓTICO - O tipo de caráter que, devido a uma estase bioenergética crônica, funciona em concordância com o princípio da regulação moral compulsiva. A [potência orgástica] sempre está ausente em indivíduos neuróticos. Ela pressupõe a presença ou o estabelecimento do caráter genital, ou seja, a ausência das patológicas couraça do caráter e couraça muscular. Geralmente, a potência orgástica não é [devidamente] diferenciada das potências eretiva e ejaculatória, as quais são apenas pré-requisitos para a potência orgástica.

 

Fonte: WEIL, Pierre, YVES, Jean Leloup
REICH, Wilhelm. Escuta, Zé ninguém. São Paulo: Martins Fontes, 1982.
(Fatima Vieira - Psicóloga Clínica)

domingo, 12 de maio de 2013

... minha canção de amor para você é o meu corpo


 Eu canto uma canção de amor
a partir das pedras do meu corpo
dos picos mais altos das minhas montanhas
das areias quentes dos meus desertos

Eu acaricio com folhas verdes
plantas verdes
relvas verdes
Eu a banho em vegetais
alimento-a em meus seios
a Terra
Eu a acalmo com águas cintilantes


refresco-a em meus oceanos
Minha canção de amor para você
é o meu corpo
a Terra
para alimentá-la
vesti-la
acolhê-la 
(Pachamama - Amy Sophia Marashinsky)
(Fatima Vieira) 
 Imagem: Modelo Picture Window. Tecnologia do Blogger. http://cantinhodosdeuses.blogspot.com.br/2011_11_01_archive.html