terça-feira, 28 de agosto de 2012

Ψ Síndrome de 'BURNOUT' - Estresse no Trabalho

Ψ  BURNOUT é uma composição de burn = queima e out = exterior.

- A expressão em inglês, significa aquilo que deixou de funcionar por completa falta de energia, energia totalmente esgotada, metaforicamente, 'aquilo que chegou ao seu limite máximo'.

- Sugerindo que a pessoa com este tipo de estresse consome-se física e emocionalmente, passando a apresentar um comportamento agressivo e irritadiço, logo, a exaustão emocional seria uma das principais dimensões avaliadas no BURNOUT.

Síndrome de 'Burnout' caracteriza-se por:
 1. Esgotamento emocional, com diminuição e perda de recursos emocionais.
  2. Despersonalização ou desumanização, que consiste no desenvolvimento de atitudes negativas, de insensibilidade ou de cinismo para com outras pessoas no trabalho ou no serviço prestado.
  3. Sintomas físicos de estresse, tais como cansaço e mal estar geral.
4. Manifestações emocionais do tipo: falta de realização pessoal, tendências a avaliar o próprio trabalho de forma negativa, vivências de insuficiência profissional, sentimentos de vazio, esgotamento, fracasso, impotência, baixa autoestima.
  5. Irritabilidade, inquietude, dificuldade para a concentração, baixa tolerância à frustração, comportamento paranóides e/ou agressivos para com os clientes, companheiros e para com a própria família.
  6. Manifestações físicas: Como qualquer tipo de estresse, a Síndrome de Burnout pode resultar em Transtornos Psicossomáticos. Estes, normalmente se referem à fadiga crônica, frequentes dores de cabeça, problemas com o sono, úlceras digestivas, hipertensão arterial, taquiarritmias, e desordens gastrintestinais, perda de peso, dores musculares e de coluna, alergias.
7. Manifestações comportamentais: probabilidade de condutas aditivas e evitativas, consumo aumentado de café, álcool, fármacos e drogas ilegais, absenteísmo, baixo rendimento pessoal, distanciamento afetivo dos clientes e companheiros como forma de proteção do ego, aborrecimento constante, atitude cínica, impaciência e irritabilidade, sentimento de onipotência, desorientação, incapacidade de concentração, sentimentos depressivos, freqüentes conflitos interpessoais no ambiente de trabalho e dentro da própria família.

- Estratégias positivas de enfrentamento na estrutura organizacional como REAVALIAÇÕES COGNITIVAS SITUACIONAIS PRÓ- ATIVAS, estiveram associadas positivamente à saúde mental do trabalhador. (Menores índices de exaustão emocional são estratégias negativas como FUGA/ ESQUIVA).

ESTRESSE X ESTRESSORES
- São várias as teorias que tentam definir o ESTRESSE  desde o  modelo  clássico cartesiano onde  há uma cisão MENTE X CORPO, como se fatores estressores que afetam o corpo não afetariam a mente e vice-versa.

- LAZARUS (1966) propõe três modelos sobre ESTRESSE:
1. Baseado na resposta que causa alterações fisiológicas, emocionais e comportamentais do organismo submetido a um estímulo estressor. (Pesquisas constatam que estímulos estressores com ameças e privações exigem do organismo um padrão comportamental mais elaborado do que ele possui em seu repertório para a adaptação ao ambiente).
2. Enfatiza o estímulo com destaque para as características aversivas do ambiente;
3. E interacional que aborda o problema a partir das inter relações entre organismos e estímulos ambientais.

- O Modelo COGNITIVISTA considera as experiências passadas e aprendizagens acumuladas. Nesta abordagem a interpretação dos eventos externos (acidentes, mudanças de chefia, morte de ente querido), ou internos (características pessoais como ansiedade, timidez e crenças sobre si mesmo, bem como distorções cognitivas), é fundamental para a pessoa perceber tais estímulos como ameaçadores, neutros ou benéficos.

 - Sabe-se que o mesmo fator de risco poderá desencadear efeitos comportamentais diferentes considerando as diferenças individuais.

FATORES AMBIENTAIS X ESTRESSE
- Existem estímulos que terão a resposta de estresse vinculada à capacidade física e ao estado geral de saúde do organismo. Exemplo: temperatura extrema, privações diversas (alimentos, água e sono) e traumas físicos. Tais estressores são chamados também de 'BIOGÊNICOS', por estarem relacionados à sobrevivência do organismo.

FATORES COMPORTAMENTAIS X ESTRESSE
- Sabe-se que a história de reforço e punição de comportamentos, bem como o repertório comportamental que o indivíduo possui pode contribuir para o enfrentamento ou esquiva de situações aversivas. Esses padrões de comportamentos, como os comportamentos aprendidos de fuga ou esquiva de situações aversivas fazem parte do repertório filogenético e são influenciados pelas consequências às quais foram associados no passado. ( BAPTISTA, 2003/ CHIMAZU & KOSUGI, 2003).

- A história de vida do indivíduo parece influenciar de maneira significativa a resposta ao estresse, mesmo quando se fala em estressores biogênicos.

- O que é consenso na literatura é o fato de que qualquer estímulo poderá ser considerado um estressor no caso de provocar alterações fisiológicas, emocionais e comportamentais bastante específicas conhecidas como respostas de estresse.

- Há uma estreita relação entre ESTRESSE, SAÚDE FÍSICA e MENTAL, pesquisas demonstram que o ESTRESSE é fator de risco para o desencadeamento desses fenômenos.

- Assim os resultados obtidos tem possibilitado a análise de fenômenos tipicamente humanos, que podem desencadear o estresse frequentemente derivados de problemas pessoais, familiares, sociais ou profissionais. (DEWE; TRENBERTH; HAMILTON, 1982; FARBER 1982; SACKEM e WEBER, 1982).

- ESTRESSE X SAÚDE
- Segundo SOARES e GROSSI (1999), as pesquisas na área do estresse nos últimos 20 anos sistematicamente apontam para a associação do estresse excessivo com diversos problemas físicos, emocionais e sociais, tais comoalteração de humor, distúrbios do sono, dores de cabeça, problemas gástricos, além de problemas nas relações familiares e interpessoais.

- Nesta mesma perspectiva,  WEBER e JACKEL-REINHARD, 2000, apontaram que são muitas as possíveis consequências de alterações provocadas pelo estresse, como elevação da pressão arterial (que podem resultar em doenças cardíacas ou AVC) e inibições de respostas inflamatórias, que tenderiam a reduzir a capacidade do organismo para cicatrizar lesões. Por sua vez, enxaquecas, distúrbiosgastrintestinais, problemas cardíacos, alterações do sono e susceptibilidade à infecções, tem sido frequentemente associados ao estresse e ao estresse no trabalho.

-  Há evidências de que algumas doenças crônicas estejam relacionadas com a presença de estresse constante na vida do indivíduo, tais como as cardiovasculares e as músculoesqueléticas.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ESCALA DE VULNERABILIDADE AO ESTRESSE NO TRABALHO - SISTO F. Fermino; BAPTISTA N. MAKILIM; NORONHA P, Ana Paula; SANTOS A. Acácia Aparecida. Vetor Editora, 2007.
http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=70.
( Fatima Vieira - Psicóloga Clínica)

sábado, 25 de agosto de 2012

Ψ Imaginação Ativa - arquétipo das deusas

"Porque ela acreditava em anjos eles existiam..." (Clarice Lispector)












Deixe-me compartilhar com você o segredo do espelho
deixe-me compartilhar o que só a Deusa do Sol conhece,
É um segredo tão importante que libertará você da escuridão,
um segredo tão delicioso que deixará o calor dançar em seu coração,
um segredo tão luminoso que permitirá que você conheça a si mesma
um segredo tão simples que tudo o que você tem a fazer é abrir os olhos,
o segredo está na luz do sol nos olhos do espelho
Você é beleza!
Eu Sou a Deusa Amaterasu
(Amy Sophia Marashinsky)
Fatima Vieira - Psicóloga Clínica

Ψ Imaginação Ativa - sonhos são como deuses...

"Sonhos são como deuses: se não se acredita neles, eles deixam de existir".  (Antônio Cícero)












Alma
(...) e o Deus dos deuses separou de si mesmo uma alma e a dotou de beleza.
E deu-lhe a suavidade da brisa matinal e o perfume das flores do campo e a doçura do luar. 
E entregou-lhe a taça da alegria, dizendo-lhe: Só poderás beber desta taça se esqueceres o passado e não te preocupares com o futuro.
E entregou-lhe a taça da tristeza, dizendo: Bebe dela, e compreenderás a essência da alegria da vida.
E soprou nela um amor que a abandonaria ao primeiro suspiro de saciedade, e uma meiguice que a abandonaria à primeira manifestação de orgulho.
E fez descer sobre ela, do céu, um instinto que lhe revelaria os caminhos da verdade.
E depositou nas suas profundezas uma visão que vê, o que não se vê.
E criou nela sentimentos que deslizam com as sombras e caminham com os fantasmas.
E vestiu-a de um vestido de paixão que os anjos teceram com as ondulações do arco-íris.
E colocou nela as trevas da dúvida, que são as sombras da luz.
E tomou fogo da forja do ódio, e ventos do deserto da ignorância, e areia do mar do egoísmo, e terra pisada pelos pés dos séculos e amassou todos esses elementos e fez o homem.
E deu-lhe uma força cega que se inflama nas horas de loucura e desvanece diante das tentações.
Depois, depositou nele a vida, que é o reflexo da morte.


E sorriu o Deus dos deuses, e chorou, e sentiu um amor incomensurável e infinito e uniu o homem e a alma. ( Gibran Khalil Gibran)
 
A Psicologia Arquetípica, vê nas imagens a matéria-prima da Psique e parece caminhar cada vez mais no sentido da construçao de uma "psicologia de imagens". 


*Segundo HILLMAN:
 " (...) viver psicologicamente significa imaginar coisas (...) estar na ALMA é experimentar a FANTASIA em todas as realidades e a realidade básica da fantasia (...) no princípio, há imagem: primeiro a imaginação e depois a percepção; primeiro a fantasia, depois a realidade.
 (...) o homem é, basicamente um criador de imagens, e nossa substância psíquica consiste de imagens, e somos de fato, de igual matéria da qual os sonhos são feitos". (Hillmann, 1993)
(Fatima Vieira  - Psicóloga Clínica)

Ψ Imaginação Ativa - JUNG

Bil Mack - Imagination
 Ψ IMAGINAÇÃO ATIVA -  É um método de interação com o inconsciente há muito tempo conhecido dos antigos alquimistas e presente com algumas variações na meditação oriental, recriada por Carl Gustav Jung.

- Trata-se de uma Técnica Terapêutica que consiste em usar o potencial imaginativo para integrar conteúdos internos ainda não conscientes.

- Antes de chegar ao termo definitivo, Jung utilizou diversos nomes como: função transcendente, fantasia ativa, técnica de diferenciação, exercício de introspecção.

- Técnica de imaginação ativa que preenche o hiato entre consciente e inconsciente, como um processo criativo numa linguagem idêntica à usada pelos artistas e inventores.

 -  "(...) é um diálogo que travamos com as diferentes partes de nós mesmos que vivem no inconsciente". (Johnson, Robert  -  A Chave do Reino Interior").

- Segundo Jung, a IMAGINAÇÃO ATIVA é a melhor maneira de se ativar a função transcendente, que envolve uma espécie de síntese das funções da consciência, um encontro e grande interação com a totalidade da psique (SELF) e tudo o que ela representa.

- Jung em autoanálise, desenhara e pintara suas próprias visões e sonhos. Ele encorajou os seus pacientes a  escreverem poemas, produzirem modelagens ou esculturas, ou mesmo a dançar suas fantasias.

-  Além dos seus pacientes neuróticos usuais também mantinha um grupo especial, para esses desenvolveu a técnica conhecida como "imaginação ativa".

-  A técnica de IMAGINAÇÃO ATIVA destina-se a mobilizar,  deliberadamente  a criatividade do paciente.

- Como referiu o próprio Jung: " (...) assim, o que o médico faz é menos uma questão de tratamento do que de desenvolvimento das possibilidades criadoras latentes no próprio paciente".

- Embora um paciente possa tratar um sonho dessa forma e fosse estimulado a fazê-lo, Jung estava mais particularmente interessado na espécie de fantasia que acode à mente das pessoas quando elas não estão despertas nem adormecidas, mas num estado de divagação ('rêverie') em que o raciocínio está suspenso, mas não se perdeu a consciência.

- Aqueles que estão familiarizados com as descrições feitas por pessoas criativas sobre o modo como suas descobertas lhes aconteceram, e conhecerão ser justamente nesse estado de "divagação" que mais comumente se considera que elas ocorrem.

- Em anos recentes, o uso de pintura, música e modelagem como instrumento terapêutico, em hospitais psiquiátricos e clínicas mentais aumentou consideravelmente e o efeito terapêutico do empenho criador, por muito inábil que seja, do ponto de vista técnico, passou a ser geralmente reconhecido.

- Jung apresenta a Imaginação Ativa como uma maneira dialética particular de lidar com o inconsciente,  consiste em 4 fases:
1) Libertar-se do fluxo de pensamento do ego  -  O processo é mais fácil no caso da pintura e atividade com areia. As técnicas de meditação oriental, como o zen, certos exercícios de ioga, bem como a meditação taoísta, zen,  põem-nos diante dessa primeira fase, temos que eliminar não apenas todos os pensamentos do ego, como também quaisquer fantasias que possam ascender do inconsciente.
2) Deixar que uma imagem de fantasia do inconsciente flua para o campo da percepção interior  -  Nesse ponto, temos que deixar que uma imagem de fantasia oriunda do inconsciente flua para o campo da percepção interior. Ao contrário das técnicas orientais acima mencionadas, neste caso nós acolhemos a imagem em vez de enxotá-la ou desconsiderá-la, passando a nos concentrar nela.  Depois de atingirmos esse ponto, temos que ficar atentos a dois tipos de erro: o primeiro é quando nos concentramos demais na imagem que surgiu e literalmente a “fixamos”, congelando-a, por assim dizer; o segundo é quando não nos concentramos o suficiente, o que faz com que as imagens internas comecem a se modificar rápido demais e um “filme interno” acelerado comece a passar.
3) Conferir uma forma à imagem  -  Relatando-a por escrito, pintando-a, esculpindo-a, escrevendo-a como uma música ou dançando-a (movimentos da dança devem ser anotados). Na dança, o corpo vem a participar, (certas emoções e a função interior são tão inconscientes que é como se estivessem enterradas no corpo).
4) Confrontar-se moralmente com o material produzido/ imaginado -  É  a fase decisiva,  a confrontação moral com o material  já produzido. Nesse ponto, Jung nos adverte com relação a um erro frequentemente cometido que compromete todo o processo
o erro de entrarmos nos eventos internos com um ego fictício em vez de com o verdadeiro ego. Jung comentou certa vez que a psiquiatria de hoje descobriu as três primeiras etapas do processo, mas não consegue compreender a quarta.
- A maioria das técnicas criativas ou imagéticas atuais permite certa participação do analista ou até mesmo exige que ele intervenha.  Ou ele propõe o tema (como na técnica de Happich ou no treinamento autógeno avançado de Schultz) ou intervém, fazendo sugestões, quando o analisando “empaca”.
- Jung, por outro lado, costumava deixar seus pacientes “empacados” onde quer que estivessem até que encontrassem por si mesmos uma saída.
- Ele nos contou que teve certa vez uma paciente que estava sempre caindo em certas “armadilhas” na vida real. Recomendou a ela que fizesse uma imaginação ativa.
 Imediatamente ela se viu, na imaginação, atravessando um campo e encontrando um muro. Ela sabia que tinha que passar para o outro lado, mas como? Jung apenas disse: “O que você faria na vida real?” Ela simplesmente não conseguiu pensar  em nada. Finalmente, depois de muito tempo, pensou em caminhar ao longo do muro para ver se ele terminava em algum ponto. Não terminava. Então, ela procurou uma porta ou uma abertura.  Novamente, não chegou a lugar nenhum, e Jung não ofereceu nenhuma ajuda. Finalmente, ela pensou em ir buscar um martelo e uma talhadeira para abrir um buraco no muro. Essa foi a solução.
A Imaginação Ativa consiste em abordar pensamentos, atitudes e emoções através dos vários personagens que aparecem em nossos sonhos e interagir ativamente com eles, isto é, discordando, opinando, questionando e até tomando providências com relação ao que é tratado, isso tudo pela IMAGINAÇÃO. 
- Quando não se compreende porque uma figura onírica agiu de forma agressiva no sonho, podemos ir para a IMAGINAÇÃO ATIVA, recordar o sonho até esta parte em particular e a partir aí questionar o personagem das razões do seu comportamento.
- Nesse momento devemos ter o cuidado de deixarmos que a figura "diga" o que vier à sua cabeça.
- Você terá a sensação de que está inventando tudo, mas isso não importa e nem altera o efeito real da prática da IMAGINAÇÃO ATIVA, o que você poderá verificar após a conclusão de qualquer trabalho interior.
-  A técnica de imaginação ativa destina-se a mobilizar, deliberadamente, a criatividade do paciente. A imaginação ao ser ativada a alma é curada!
- Difere da fantasia passiva porque nesta não atuamos no quadro mental, de forma a participarmos do drama vivenciado, mas apenas nos contentamos em assistir o desenrolar do roteiro desconhecido, muitas vezes sofrendo involuntariamente, sem proveito algum, e o que é pior, sem que venhamos a conhecer o que há por trás.
- A imaginação ativa não suporta metas que obrigatoriamente devam ser atingidas, nenhum modelo, imagem ou texto a ser usado, nenhuma postura ou controle da respiração são recomendados.
- A pessoa simplesmente começa com o que vem de dentro dela, com uma situação de sonho relativamente inconclusiva ou uma momentânea modificação do estado de espírito.  Se surge um obstáculo, a pessoa que medita é livre para considerá-lo ou não como tal; é ela que resolve como deve ou não reagir diante dele (FRANZ, 1999). 
- O Método das Quatro Etapas para a  Imaginação Ativa, segundo Robert Johnson:
1 - Convidar o inconsciente
2 - Dialogar e vivenciar
3 - Acrescentar o elemento ético dos valores
4 - Concretizar pelo ritual físico.
- Muitas pessoas desistem da Imaginação Ativa antes de começarem, porque não conseguem achar um meio conveniente de anotar a imaginação à medida que ela flui. É vital deixar bem resolvido os detalhes físicos do método. Permite registrar o que é dito e o que é feito de maneira que você poderá lembrar e assimilar a experiência mais tarde.
- O registro destas imagens interiores podem ser expressos  através da dança ou tocando música, desenhando, escrevendo, pintando, esculpindo ou recitando o diálogo em voz alta.
- Ambiente físico: é necessário um ambiente  silencioso e privado por uns momentos.
- A fronteira entre a imaginação ativa e a magia é extremamente sutil.

Referência Bibliográfica:
*JOHNSON, Robert A. "Innerwork - A chave do reino interior". 1ª edição, Ed. Mercuryo, 1989, São Paulo.
*FRANZ, Marie-Louise von. Psicoterapia. São Paulo : Paulus,1999.
*HILLMAN, James - ENCARANDO  OS DEUSES - São Paulo: Cultrix/ Pensamento, 1992. (James Hillman  oferece nessa obra estudos independentes sobre alguns deuses e deusas para facilitar a compreensão dinâmica da mitologia, segundo o autor o conhecimento dos deuses presentes na mitologia é um requisito para o autoconhecimento).
*JUNG, C. G. Memórias, Sonhos, Reflexões. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, s.d.
                     . O Homem e seus Símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, s.d.
*MIDDELKOOP, Pieter - O Velho Sábio - Cura  através de imagens internas, São Paulo: Paulus, 1996. 
 http://www.rubedo.psc.br/dicjung/verbetes/..%5C..%5Cdicjung%5Cverbetes%5Cimgativa.htm
 http://www.voadores.com.br/site/geral.php?txt_funcao=ajuda&id=11
*Introdução ao Estudo das Técnicas Expressivas pela Psicologia Simbólica Junguiana - Carlos Amadeu Botelho Byington
*Graham Jackson - TRADIÇÃO SECRETA DA JARDINAGEM - Padrões de relacionamentos masculinos - São Paulo: Paulus, 1994.
*A Velha Sábia - Estudo sobre a imaginação ativa Rix Weaver São Paulo: Paulus, 1996.
( Ψ Fatima Vieira - Psicóloga Clínica)

sábado, 11 de agosto de 2012

Carlos Drummond de Andrade


Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta,
de sol quando acorda, de flor quando ri.
Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda.
Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça, lambuzando o queixo de sorvete, melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher.
O tempo é outro e a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver.
  Tem gente que tem cheiro de colo de Deus, de banho de mar quando a água é quente e o céu é azul.
Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis. Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo, sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga pra isso.
Ao lado delas, pode ser abril, mas parece manhã de Natal do tempo em que a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel.
Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu e daquelas que conseguimos acender na Terra.
Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza.
Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria, recebendo um buquê de carinhos, abraçando um filhote de urso panda, tocando com os olhos os olhos da paz.
Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave que sua presença sopra no nosso coração.
Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa, do brinquedo que a gente não largava, do acalanto que o silêncio canta, de passeio no jardim.
Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentro e que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo, corre em outras veia pulsa em outro lugar.
Ao lado delas, a gente lembra que no instante em que rimos Deus está conosco, juntinho ao nosso lado e a gente ri grande que nem menino arteiro.
Tem gente, como você, que nem percebe como tem a alma perfumada!
E que esse perfume é dom de Deus.
(Carlos Drummond de Andrade)

sábado, 4 de agosto de 2012

Ψ o nosso sonho do dia a dia

Ψ “Aquilo que não fazemos aflorar à consciência aparece em nossas vidas como destino.” Carl G.  Jung

 - Normalmente os sonhos são produzidos na fase *REM (rapid eye moviment) do sono, que é a mais profunda e dura cerca de 1/4 do tempo em que estamos dormindo.
- Nesta fase temos uma baixa atividade corporal e uma alta atividade onírica. É como se nossos corpos se desligassem para evitar qualquer movimento.
- Estudos científicos apontam que uma pessoa quando privada do sono principalmente na fase REM, provavelmente terá algum transtorno mental.
 - As abordagens que consideram o inconsciente como uma parte da psique encaram os sonhos no mínimo como uma “faxina mental”.  E em grande parte, como o melhor retrato (ainda que alegórico) do inconsciente daquele indivíduo. 
Mas nem todos os sonhos são iguais, ou possuem a mesma fonte, basicamente são de três tipos: 1. Sonhos que protegem nosso sono: esse mecanismo existe para que não despertemos sempre que um estímulo em nosso ambiente ou em nosso corpo se apresente, o que seria também um fator de proteção.
2. Sonhos relacionados ao que foi vivido durante o dia, ou à alguma preocupação: esse tipo de sonho é o mais frequente. Quando estamos ansiosos com algo, preocupados, ou pensamos em certa pessoa ou assunto, normalmente esse conteúdo volta durante a noite e é processado, digerido e armazenado. 3. "Os Grandes Sonhos" esses são “enviados” como mensagens do inconsciente e não são tão frequentes. Os místicos os definem como “sonhos enviados pelo divino”. São sonhos com muitos simbolismos e conteúdos arquetípicos. Muitas vezes repetem de formas análogas aos mitos e conteúdos religiosos. Apresentam um alto teor simbólico a pessoa acorda revitalizada e criativa. Podem sugerir respostas que o consciente ainda não havia considerado.
-  E é justamente por isso que trabalhar com sonhos num processo analítico é tão importante. Além de nos trazer entendimento, quando dirigimos uma atenção ao inconsciente, através desse trabalho, expandimos nossa consciência e a “pressão” do lado de lá diminui.
 O mundo interno e o externo tem separações sutis. O inconsciente quer ser conhecido. Ele nos força de várias maneiras (manifestando-se nos sonhos repetitivos, nos sintomas, nos atos falhos).
-  A Psicologia Analítica dá muita importância aos conteúdos dos sonhos, pois são vistos como uma expressão do inconsciente do sonhador. Interpretá-los requer experiência, sensibilidade e um grande conhecimento sobre os mitos, arquétipos, símbolos.
- Considerando como exemplo o sonho sobre PERSEGUIÇÃO: A *sombra está querendo reintegração. A sombra é aquilo que fica oculto atrás de um corpo que recebe luz. A sombra é tudo aquilo que está submerso, esquecido, silenciado. E também o que não se viveu, os projetos frustrados.
- Quando sonhamos o inconsciente tenta tornar consciente todos esses aspectos obscuros negados em vigília. É o outro a nossa sombra. No outro projetamos nossas fraquezas, (tudo o que  se quer é ser do bem, o mal é sempre o outro...). O erro do outro só nos revela a possibilidade de também sermos imperfeitos...
- Aceitar que nem todo mundo precisa gostar de mim. O problema é quando deixamos que nos amem pelo que não somos, o desencanto é sempre maior.
- Eu não preciso violar a minha alma para ser aceita... são todas essas contradições que aparecem nos sonhos como inimigo que persegue...
-  Os sonhos se repetem até que suas mensagens sejam compreendidas e reintegradas à vida. (Whitmont)
- Louise Von Franz, refere que "a dificuldade de interpretar nossos próprios sonhos é que não podemos ver nossas próprias costas, outra pessoa poderá vê-las."
- "Um sonho nunca diz o que você já sabe." (Von Franz)
-  Os pesadelos e os sonhos bizarros, tentam compensar de forma dramática a falta de percepção daquelas características apontadas que não estão sendo integradas na vida vigil do sonhador.
- “Os pesadelos (eles fazem nos acordar gritando), são eletrochoques que a natureza aplica em nós quando quer que despertemos.” (Louise Von Franz)
- Outros pesadelos repetem situações traumáticas, como que para 'forçar' a enfrentá-las, tornando-as conscientes das energias estressoras e assustadoras. (Whitmont )
" (...) não se trata de um 'disfarce' proposital do sonho; é resultado, apenas, da nossa dificuldade de captar o conteúdo emocional da linguagem ilustrada." (Jung)
- Segundo Sanford, quando vistos numa série, a interpretação torna-se mais fácil, (daí a importância do registro dos sonhos).
- Apreciar as artes (poesia, música, artes visuais) é um bom treino para a arte de analisar o sonho.
“ (...) essa abordagem artística da interpretação do sonho se vincula à percepção de fatores similares àqueles que interferem na análise da literatura, pintura ou música". (Whitmont)
- O Sonho é sagrado. É uma das experiências psicológicas mais íntimas produzidas no nosso secreto laboratório alquímico. Ao acordar, cada fragmento lembrado vai fazer parte da Grande Obra Alquímica que é a vida do sonhador.
- Entretanto, muitos sonhos nos apanham de surpresa e mal conseguimos revelar a nós próprios, daí o 'esquecimento'.
- Freud refere que 'esquecemos' porque os sonhos contêm nossos pensamentos e desejos reprimidos, portanto, certos contúdos oníricos  não seriam convenientes lembrá-los de qualquer maneira.
- Diz a lenda, que quando o sonho é de mau agouro, é prudente revelar logo ao acordar,  para quebrar o 'encantamento'...
  • Bibliografia:
 FROMM, Erich. A Linguagem Esquecida, Rio de Janeiro: Zahar, 19866 JOHNSON, Robert. A Imaginação Ativa. SP: Mercuryo, 1989 JUNG, Carl Gustav. Os Tipos Psicológicos. Petrópolis: Vozes, 1991
VON FRANZ, Marie-Louise. O Caminho dos Sonhos. SP: Cultrix, 1993
 http://www.terapiaemdia.com.br/
 Charles Alberto Resende - Psicólogo
(Fatima Vieira - Psicóloga Clínica)

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Ψ INCONSCIENTE - decifra-me ou...

Ψ PSICOTERAPIA ANALÍTICA - JUNG
 “Estuda para ver em que consistes
 E verás então o que existe
 O que estudas, aprendes e és 
nisso justamente tu consistes
Tudo o que há fora de nós 
Há também dentro de nós.  Amém!”                                              (Salomon Trismosin) 
 
O modelo do aparelho psíquico desde  FREUD  já está tão difundido que a aceitação sobre sua existência não encontra mais tanta resistência.
 O inconsciente foi ganhando corpo e respeito através das teorias psicanalíticas e ele abrange basicamente a maior parte de nossos psiquismo.
 Se compararmos nosso psiquismo com  um 'iceberg' o inconsciente seria toda a parte que está abaixo da superfície do mar – enquanto a consciência  apenas o topo da montanha de gelo.
 Através da Psicoterapia Analítica de JUNG, pode-se entender e integrar os conteúdos inconscientes e vivenciar o  processo de individuação, que é justamente o caminho que o  ser humano deve percorrer para fornecer sua resposta a pergunta “Quem sou eu?”
 O processo de INDIVIDUAÇÃO é o que JUNG define como a obra que possibilita a realização da personalidade originária que traz um significado único à existência humana.  Pode ser entendida como a singularidade mais íntima do indivíduo, o si-mesmo, *O SELF.
 A natureza inconsciente anseia pela luz, a qual, no entanto, se contrapõe. Essa tomada de consciência não é tarefa fácil, gera conflitos. Jung reforça a questão de que o processo de individuação é algo espontâneo, e não depende da vontade do ego.  A consciência do ego é apenas uma parte da totalidade vital, e sua existência não representa a realização desse todo.
 O inconsciente dirige esse processo, cabendo ao ego um papel auxiliar. O ego precisa adotar uma atitude semelhante à atitude religiosa (de respeito e obediência aos desígnios do 'Si-mesmo') para que o processo aconteça.
 Jung afirma que essa integração (dos conteúdos inconscientes  se tornarem conscientes)  traz consequências notáveis para o ego.
 Normalmente o ego  se tem em alto valor, mas nquanto não assimilar aquilo que considera mal, pouco valioso, ficará restrito à esfera da *PERSONA.
Quando as partes sombrias e inconscientes da personalidade se tornam conscientes, produz-se não só uma assimilação delas à personalidade do ego, mas também uma transformação de ambas.
O ego se expande, se enriquece e passa a direção da personalidade total ao Si-mesmo.

 “[...] Se, porém, a estrutura do complexo do ego é bastante forte para resistir ao assalto dos conteúdos inconscientes, sem que se afrouxe desastrosamente sua contextura, a assimilação pode ocorrer. Mas, neste caso, há uma alteração não só dos conteúdos inconscientes, mas também do ego. Embora ele se mostre capaz de preservar sua estrutura, o ego é como que arrancado de sua posição central e dominante, passando, assim, ao papel de um observador passivo a quem faltam os meios necessários para impor sua vontade em qualquer circunstância, o que acontece não tanto porque a vontade se acha enfraquecida em si mesma, quanto, sobretudo, porque certas considerações a paralisam. Quer dizer, o ego não pode deixar de descobrir que o afluxo dos conteúdos inconscientes vitaliza e enriquece a personalidade e cria uma figura que ultrapassa de algum modo o ego em extensão e em intensidade. Esta experiência paralisa uma vontade por demais egocêntrica e convence o ego de que, apesar de todas as dificuldades, é sempre melhor recuar para um segundo lugar, do que se empenhar em combate sem esperança, o qual termina invariavelmente em derrota. Deste modo a vontade enquanto energia disponível se submete paulatinamente ao fator mais forte, isto é, à nova figura da totalidade que eu chamei de Self." (JUNG,  A Natureza da Psique).

 O Inconsciente possui linguagem peculiar e revela-se por códigos próprios, aí a importância de um profissional capacitado para ajudar nesta caminhada.
 Pode-se protelar a busca por um tratamento Psicoterapêutico com as mais variadas desculpas, esse processo custa caro... (ainda que gratuito, a resistência continua);  leva  tempo, dinheiro, interesse, perseverança. E ninguém pode fazê-lo em seu lugar.
 A essência interior precisa ser trabalhada, existe uma realidade "desconhecida",  negá-la não significa que ela desapareça. Alguns conteúdos psíquicos quando negligenciados vão fazendo com que o ser humano fique desconectado, alienado das próprias emoções.
Quando as partes sombrias e inconscientes da personalidade se tornam conscientes, produz-se não só uma assimilação delas à personalidade do ego, mas também uma transformação de ambas.
 Negligenciando a *sombra, com o tempo esta atitude faz com a 'psiquê traída', busque alternativas para compensar o descontentamento. Então são desenvolvidos mecanismos para 'chamar a atenção', tais como: pensamentos intrusos, sonhos, chistes, atos falhos, sintomas físicos e outros, (a Psicopatologia explica).
 A 'doença' na concepção analítica é um sinal de alarme para o restabelecimento da Psiquê e consequentemente para a cura. A questão seria não perguntar o 'por que', mas o 'para que' determinado sintoma surge.
 O ser humano é afetado pelo INCONSCIENTE e se este for ativado com  as técnicas certas o alquimista interno se manifestará. Jung enfatiza o  trabalho com os sonhos,  a Imaginação Ativa, Meditação.
 O Inconsciente seria o Alquimista Sábio, às vezes enigmático, comunicando-se por símbolos e outros arquétipos, mas sempre sinalizando, daí a importância da sintonia com um bom Psicoterapeuta.
Iniciando o processo Psicoterapêutico as  *sincronicidades começam a acontecer  em nossas vidas  e cada momento merece uma reverência  e  nunca mais seremos os mesmos! 

 Termos citados:
 * sincronicidade: como "coincidência significativa".
* individuação: processo de desenvolvimento psíquico, que diz respeito à integração do consciente com o inconsciente. É quase como se fosse um caminho para a iluminação.
 * sombra: personificação de aspectos do psiquismo que são rejeitados pelo indivíduo. É aquilo que somos e que não combina com a persona. 
* persona: é a forma como nos apresentamos ao mundo. Podemos dizer que é um personagem, mas nem sempre temos a consciência de que somos mais do que papéis.
 * animus: personificação masculina na mulher, faz a ponte entre o ego e o SELF e *anima o feminino no homem. 
* self  (Si-mesmo): centro organizador da psique, representa a totalidade e a unidade do ser.

 FONTE: FROMM, Erich. A Linguagem Esquecida, Rio de Janeiro: Zahar, 19866
JOHNSON, Robret. A Imaginação Ativa. SP: Mercuryo, 1989
JUNG, Carl Gustav. Os Tipos Psicológicos. Petrópolis: Vozes, 1991
VON FRANZ, Marie-Louise. O Caminho dos Sonhos. SP: Cultrix, 1993

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RESENDE, Charles Alberto – Psicólogo
(Fatima Vieira - Psicóloga Clínica)