domingo, 28 de agosto de 2016

Brasileiros Foram Feitos de Palhaços: Luis Fernando Veríssimo

*28 de Agosto de 2016 - A tragicomédia brasileira de 2016, em que a presidente honesta é afastada por políticos corruptos, por meio de um golpe parlamentar, foi retratada pelo escritor Luis Fernando Verissimo, no artigo "Ri, palhaço".
 "Depois da provável cassação da Dilma pelo Senado, ainda falta um ato para que se possa dizer que la commedia è finita: a absolvição do Eduardo Cunha.
Nossa situação é como a ópera “Pagliacci”, uma tragicomédia, burlesca e triste ao mesmo tempo...
"O Eduardo Cunha pode ganhar mais tempo antes de ser julgado, tempo para o corporativismo aflorar, e os parlamentares se darem conta do que estão fazendo, punindo o homem que, afinal, é o herói do impeachment.

*Foi dele que partiu o processo que está chegando ao seu fim previsível agora. Pela lógica destes dias, depois da cassação da Dilma, o passo seguinte óbvio seria condecorarem o Eduardo Cunha. Manifestantes: às ruas para pedir justiça para Eduardo Cunha!"

*Verissimo faz ainda um lembrete: "evite olhar-se no espelho e descobrir que, nesta ópera, o palhaço somos nós."

*Neste fim se semana, Le Monde e New York Times ridicularizam o Brasil.
                                            No NYT, Dilma é devorada por ratos.
                                                      http://www.brasil247.com
No jornal francês, o impeachment foi chamado de golpe ou farsa:
http://www.brasilpost.com.br/2016/08/27/editorial-le-monde_n_11738986.html
Fonte: Brasil 247

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Ψ Amor... Outros Fragmentos

"No verdadeiro amor é a alma que abraça o corpo." (Nietzsche)

*Entretanto, conhecer o espírito de alguém é bem mais difícil do que lhe conhecer o corpo.

*Manuel Bandeira assim refere: Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo. Porque corpos se entendem; mas almas, nem sempre". Diz Adélia Prado: "Erótica é a alma”

*Amar a si mesmo: A primeira onda de amor tem que ser em torno de si mesmo. Refere Osho: "É como atirar uma pedra em um lago silencioso. As primeiras ondulações se formam ao redor da pedra e depois vão se espalhar para as praias distantes". 

*A existência é um mistério, e está disponível para quem está disposto a se apaixonar e dançar com a vida.

*Porém, não é possível imaginar uma vida repleta até a borda de felicidade...

*O vazio e a dor dentro de cada ser também  anseiam por expressão.... é possível que em algumas pessoas a dor seja a sua parte mais expressiva.

"É importante beber profundamente a taça da vida, e assim vamos descobrir que as coisas mais profundas desta vida são agridoces.

*Pois é preciso lembrar: somos luz e sombra.

*É preciso coragem para ir até o lado ‘mau’ de nós mesmos, e considerar que pode ter um papel construtivo a desempenhar na nossa vida. É preciso coragem para olhar diretamente a fragmentação de nossos desejos e ansiedades. Um lado parece dizer sim, enquanto o outro diz não, com veemência. Um lado da minha psique pede relacionamento, segurança e estabilidade. O outro quer partir para as heroicas cruzadas, anseia grandes aventuras em lugares exóticos, viajar... Já uma outra personalidade quer construir um império e consolidar seus sistemas de poder. Por vezes, essa discussão parece não ter solução e nos sentimos dilacerados pelos conflitos entre desejos, deveres e obrigações.” (Johnson)

*Só derrotando o medo da solidão é que você vai ser capaz de estar inteiro numa relação. "E quando o amor é mais profundo, o medo desaparece; O amor é a luz, o medo é escuridão."


*O amor é como a respiração consciente, é  preciso estar inteiro no momento presente. 

*O amor é a maior força de cura, trata o corpo, a mente e a alma. Se você ama e sente-se  amado,  o seu fardo fica mais leve.

"O amor não pode existir como um monólogo só é possível dialogando.
"Mas vale lembrar: "os verdadeiros momentos de amor são silenciosos".

*O  amor cria em torno de si um brilho que expressa tudo o que você não pode dizer.

*A maior pobreza é a ausência de amor. Mas o apego é seu pior inimigo.

"O amor é o vôo de sua consciência para além da matéria". O amor só existe em liberdade. 

*O homem que não desenvolveu a capacidade de amar vive em seu próprio inferno particular.

"Um homem cheio de amor está nos céus".
Pois o amor já é a oração.

*Fonte: Osho nasceu na Índia, Kuchwada, em 11 de dezembro, 1931. Tocou a vida de milhões de pessoas em todo o mundo com seus discursos e seu trabalho de renovação na dimensão da meditação. Como ele mesmo disse: "Minha mensagem não é uma doutrina, ou uma filosofia: é certamente uma alquimia, a ciência da transformação ". 
Ψ Fatima Vieira - Psicóloga Clinica 

sábado, 13 de agosto de 2016

Ψ A Carta Não Lida

Liebster Vater,
Querido pai, 
"Tu me perguntaste recentemente por que afirmo ter medo de ti. Eu não soube, como de costume, o que te responder, em parte justamente pelo medo que tenho de ti, em parte porque existem tantos detalhes na justificativa deste medo, que eu não poderia reuní-los no ato de falar de modo mais ou menos coerente. E se procuro responder-te aqui por escrito, não deixará de ser de modo incompleto, porque também no ato de escrever o medo e suas consequências me atrapalham diante de ti e porque a grandeza do tema ultrapassa de longe minha memória e meu entendimento... "

*Franz Kafka (1919), insatisfeito com a fria recepção paterna diante do anúncio de seu noivado com Julie Wohryzek, escreveu ao pai, o comerciante judeu Hermann Kafka, uma longa carta  mais de cem páginas manuscritas, que nunca chegou ao destinatário.

Kafka tinha então 36 anos, uma vida pessoal acanhada – nunca se casara ou constituíra família –, uma carreira mediana de funcionário burocrático e uma ambição literária ainda longe de estar realizada.  

*Casar, dar origem a uma família, criar e orientar os filhos representava para ele a maior conquista de um homem, para a qual se via despreparado. Confessa sua incapacidade espiritual para tanto. 

*Em uma longa auto-análise através da carta mostra como, a seu ver, o jugo paterno minou-lhe a auto-estima, condenando-o a uma personalidade fraca e assustada. 

*Um pai ausente que quando estava em casa, a regra era clara para todos – façam o que o pai manda ainda que nem ele mesmo siga o que diz. 

 (...) “Por favor, pai, me entenda bem, esses pormenores teriam sido totalmente insignificantes em si; eles só me oprimiam porque o homem que de maneira tão grandiosa era a medida de todas as coisas não atendia ele mesmo aos mandamentos que me impunha." 

"Você sempre me reprovou (isoladamente ou na frente dos outros, uma vez que você não tem nenhum sentimento pela humilhação e assuntos de seus filhos foram sempre público)."

"Isso foi apenas um pequeno começo, mas este sentimento de ser nada, que muitas vezes me domina é certo, vem em grande parte de sua influência."

"E isso é uma característica que ainda hoje, você realmente só me incentiva em quando você mesmo está envolvido, quando o que está em jogo é o seu próprio senso de auto-importância." 

"O que foi sempre incompreensível para mim foi a sua total falta de sentimento para o sofrimento e vergonha que você provoca em mim com suas palavras e julgamentos."

"Você abusa de ameaças e isso se aplica a mim também. Que terrível para mim foi, por exemplo, quando disse: 'eu vou rasgar você como um peixe'...

*Põe a nu toda a sua mágoa em relação ao pai autoritário, que ele chama, alternadamente, de "tirano", de "regente", de "rei" e de "Deus". 

*Em uma longa auto-análise através da carta mostra como, a seu ver, o jugo paterno minou-lhe a auto-estima, condenando-o a uma personalidade fraca e assustada. 

*Desde o começo da carta fica claro que o relacionamento entre pai e filho bastante conflitivo. 

*O pai, nas palavras de Kafka, era uma força opressora intensa, autoritária.

*Exigia que nenhuma opinião que não a sua fosse ouvida e que os filhos seguissem a conduta que ele acreditava ser a correta. Causando em Franz uma sensação triste de que o pai não o amava e não o respeitava. 

*Tudo isso transformou Franz em uma criança introvertida, tímida, temerosa de dar opiniões e mostrar que pensava por si própria. Medo é o que mais sentia Kafka, não exclusivamente pelo seu pai, como fica evidente na carta, mas medo do estranho, do sonho, do pesadelo, de não se encaixar em si mesmo, de ser julgado, oprimido, contestado e não conseguir se livrar de todas essas agonias.

*E na carta ao pai, o escritor mostra a viva e dolorosa relação familiar, que deixa nas entrelinhas a gigantesca influência do pai em toda a sua obra.

*A carta segue uma linha cronológica que mostra desde a infância de Kafka à vida adulta. E sempre com a presença autoritária do pai, um sujeito grande e forte, com o próprio filho o descreve, com a voz forte, imponente e tão diferente de si. 

“É que eu já estava esmagado pela simples materialidade do teu corpo. Recordo-me, por exemplo, de que muitas vezes nos despíamos juntos numa cabine. Eu magro, fraco, franzino, tu forte, grande, possante. Já na cabine eu me sentia miserável e na realidade não apenas diante de ti, mas diante do mundo inteiro, pois para mim tu eras a medida de todas as coisas.” 

*A carta foi uma tentativa de exorcizar essa pressão que Kafka parecia continuar sentindo por ser algo que ele não era e sabia que, pelos padrões do pai, deveria ser.

*Sendo o pai de Kafka a “medida de todas as coisas”, é fácil imaginar o tamanho do sofrimento do garoto que, através do pai, via também o mundo todo, o que o transformou num homem medroso, tímido, retraído, como ele mesmo se descrevia. Além 

 *Além desse medo “corporal” de Kafka, as atitudes agressivas do pai também o incomodavam, apesar do pai nunca ter utilizado da força física em seus filhos, a violência psicológica sofrida por Kafka foi imensa. 

(...) "Mas os gritos, a maneira como seu rosto ficou vermelho, o desfazer precipitado dos suspensórios... É como se alguém vai ser enforcado. Se ele realmente é enforcado, então ele está morto e está tudo acabado. Mas se ele tem que passar por todas as preliminares para ser enforcado e ele aprende de seu indulto somente quando a corda está pendurada diante do seu rosto, ele pode sofrer com isso a vida toda."

*Entre a Culpa e a inocência, como duas mãos indissoluvelmente entrelaçadas; uma teria que cortar carne, sangue e ossos para separá-las. Ao longo da carta Kafka insiste que ambos são inocentes, eles são o que são... e no final da carta, ele coloca toda a culpa em si mesmo. Através de seu pai, ele chama a si mesmo de "insincero, parasita obsequioso". 

 *Assim refere: (...) "Naturalmente as coisas não podem, na realidade, se encaixarem da forma como quero em minha carta; a vida é mais do que um quebra-cabeça chinês".

*Kafka encaixa as peças de sua carta em conjunto de tal forma que ele condena a si mesmo e seu pai juntos em uma díade indissolúvel; ele faz isso tão explícita como uma sentença de morte. 

 *Na verdade, este pai, a quem o autor endereça as suas recriminações, a quem dá a oportunidade de objetar, a quem responde de novo, não será finalmente um sintoma de si mesmo, isto é, algo que é a sua coisa mais familiar (íntima) e estranha ao mesmo tempo?

*Talvez por isso a carta – que foi escrita e reescrita – não tenha sido nunca enviada, uma vez que o remetente coincidia, afinal, com o seu destinatário. O pai é um outro nome do sintoma-Kafka.

*Deixando de se queixar do pai, (não enviando a carta) Kafka teria enfim de confrontar-se consigo mesmo. 

 *Por que Franz não conseguia cortar a dominação do pai? Em meio a tantos fatores intersubjetivos por ele alinhavados, um fator salta à vista e parece responder a questão: a atitude da mãe. Aliada do marido, ela impede o corte. Franz entrega a carta à mãe.

*Para romper com a relação conflitiva teria que ser pela violência? pela subversão? seria preciso fugir de casa? (...) "supondo-se que tivesse existido capacidade de decisão e força para tanto e minha mãe, por seu lado, não tivesse trabalhado contra por outros meios...”

*Ora, um menino que não conta com a amizade e a confiança do pai nele, que não conta com um espaço afetivo por parte do pai a ponto de não ser visto por ele em sua individualidade, não pode abrir mão do apoio da mãe. Se o fizesse, estaria totalmente sozinho e não teria condição emocional de seguir em frente, enfrentando o novo. 

 *A influência de um pai sobre a vida de um menino pode ser decisiva, especialmente quando a criança internaliza os traumas repetidos, que resulta em dor e sofrimento na idade adulta. E, infelizmente para Kafka essa relação foi fatal. O autor morreu sozinho internado em um sanatório aos 41 anos. 

Kafka, Franz. Carta Ao Pai. 
 Ψ Fátima Vieira

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Ψ Leve a Sua Criança Interior Para Um Passeio

*Sob as aparências exteriores de cada adulto, ainda há uma inocência infantil - a essência interior pura, uma luz interior. 

*Sua natureza mais íntima é livre de culpa, e sempre espiritualmente digna.

*Leve sua criança interior para um passeio. 

*Se você quer amar, seja gentil e amoroso com você mesmo. Seja modesto o suficiente para amar a si mesmo.

*Assim deixe brilhar a sua luz interior e nada vai ficar no seu caminho de romance e outras conexões  profundas. 

*Seja natural e despretensioso por reconectar-se com a sua pureza inocente, que você irá se conectar com um novo amor ou novas amizades.

*Remova definitivamente velhas feridas. O seu eu mais profundo e mais natural não é o culpado por por tanto sofrimento autoimposto ou vindo de outras fontes. 


*Lutas nos relacionamentos ocorrem por você reativar consciente ou inconscientemente as velhas feridas.

*Faça da sua mente uma tela em branco, deixando que as coisas surjam naturalmente.

*Se conservarmos a mente aberta e livre, como se fosse uma tela em branco, conseguiremos obter uma perspectiva cósmica e compreender a natureza do bem e do mal.  

*Seja Inocente como um jardineiro na primavera, ele não precisa ajudar a flor a crescer ela floresce naturalmente. O jardineiro  já fez a sua parte agora sem esforço ele admira sua obra.

*Inocência ... assim como nos  sonhos, é importante voar e parar na porta da percepção, sem julgamento ou apego a um resultado.

*A inocência em sua essência é uma força poderosa para criar o que se quer, por isso deve ser tratada com respeito. Com inocência deixamos caminho livre para o que é genuíno, inesperado, espontâneo.

*Permanecer em contato com esta essência é o que vai trazer quem você ama.

*Inocência pede-lhe para manter a mente aberta para que o criativo possa levá-lo em direção a um ambiente que é benéfico para você.


*Esteja presente. Fique atento. Cada interação que compreende um relacionamento é o seu próprio destino. 

*Honre a pessoa que está compartilhando o momento com você.

*Coloque sua atenção total nesta pessoa. O amor é feito para a partilha. 

*Não lute. Abaixe suas armas. Se uma pessoa especial julga você, isso é só a opinião dela. E as pessoas mudam de opinião de acordo com suas expectativas.

*Mas você não está  no mundo para preencher tantas expectativas. 

*Como refere a Gestalt: "Eu sou eu, você é  você,  não estou neste mundo pra preencher as suas expectativas, nem você as minhas ... Se por acaso nos encontrarmos vai ser lindo, do contrário,  não  há nada a fazer."

*Ninguém perde o que verdadeiramente lhe pertence, nem mesmo se o joga fora. Assim, não é necessário que se angustie.

*Deve cuidar somente de permanecer fiel à sua própria essência, e não dar ouvidos a outros. Não dê ouvidos a boatos. Não fique preocupado. 

*Mude a sua atenção para o que já é perfeito: O seu verdadeiro eu é puro ouro. Não se deixe desmoronar por opiniões alheias.

*Problemas dissolvem quando não estão travados. 

*A inocência está isenta de idéias preconcebidas ou antecipações sobre o que virá adiante. Isso causa ansiedade a não deixa você viver plenamente o momento presente.

*Perdemos a inocência quando olhamos para trás, para frente, para os lados. 

*Quando fazemos isso, estamos tentando nos proteger de possíveis resultados negativos ou queremos nos congratular com o sucesso obtido ou ainda nos compararmos com os outros.

*Quando a dúvida surge, devemos nos retirar para um estado mental "Vazio" e dispersar as energias negativas presentes.

*Para manter a inocência devemos permitir que as mudanças aconteçam. 

*Uma vez que não possuímos mais a inocência natural da infância, precisamos nos empenhar em manter uma espécie de inocência consciente. 

*Quando todas as estradas parecem bloqueadas, podemos ver a saida. No auge da tempestade, podemos nos lembrar do arco-íris. Tudo depende de nossa mente aberta, e do pensamento positivo. 

*Se, no entanto, ficarmos presos a idéias preconcebidas e defesas ultrapassadas, nossas reações criativas e inocentes não surgirão. 

*Ser inocente é ser puro de coração. É  bom lembrar: "Somente os puros herdarão o reino do céu."

*Ou seja, é preciso tentar manter essa pureza, evitando empregar métodos errados para alcançar nossos objetivos. Pois o reino do céu  é manter o nosso coração em paz.

Fonte: Wu Fang; I Ching
Ψ Fatima Vieira - Psicóloga Clinica 

Ψ O Arquétipo da Criança Ferida

*O arquétipo da criança ferida sugere a experiência de algum tipo de ferida iniciática na história de vida pregressa.

*O ferimento inicial cria uma lacuna no indivíduo. A Sombra torna-se uma abertura para o sofrimento recorrente. 

*A criança ferida pode ter sido intimidada por irmãos ou colegas de escola. Ter perdido os pais ou um adulto de confiança por morte ou alguma outra separação, negligenciada ou abandonada. Ter sido gravemente ferida. Ter sofrido abuso sexual ou assédio emocional. Ou ter testemunhado um evento traumático. 

*A dor desta ferida sofrida na infância vai repetir-se na vida adulta até o trauma ser ressignificado ou curado, só assim a criança interior madura irá desenvolver os dons que são inerentes ao arquétipo criança ferida.
                                                                      Margaret Keane
*A criança ferida evoca sentimento de desespero, inutilidade e tristeza. Temas de rejeição, fracasso, indignidade e saudade são predominantes neste padrão arquetípico.

 *Padrões possiveis: profundo medo da mudança; sentindo-se mal compreendido;
não abrir mão da dor sofrida. Identificação com ferimentos ou doenças. Sentindo-se quebrado ou inútil. Sensibilidade e compaixão pelos outros. Propensos à depressão. Atraídos para dor, tragédia ou sofrimento.

*Se foi intimidado na escola ou na família, vai continuar a sentir-se intimidado como um adulto por colegas de trabalho, amigos. Inclusive criando situações que correspondam a estes padrões do passado. 

*As  reações a essa percepção irá coincidir com a maneira como lidou com o abuso ou assédio moral quando criança. Se foi abusado sexualmente pode perceber o seu cônjuge ou parceiro através da lente altamente distorcida do seu próprio abuso sexual. 

*A criança ferida vai reproduzir a dinâmica experimentada na infância com o parceiro como vítima. Se sofreu uma desvantagem como criança precisando de cuidados constantes vai recriar a dinâmica de inválido e zelador em um dos seus relacionamentos pessoais.

*Preste atenção ao "isso sempre acontece comigo".

*A sombra da criança ferida vai se vitimizar ou ferir outros na vida adulta.

*A Criança Ferida está sempre olhando para traz em uma melancolia dolorosa. 

*Ela assim refere: Se meus pais me amassem eu poderia ser um pai melhor. Se ao menos eu tivesse nascido saudável, eu não estaria deprimido. Se eu tivesse sido tratado com respeito eu não seria tão irritado. Se eu não fosse abandonado eu teria um relacionamento saudável. Se eu não tivesse estado naquele acidente de carro eu poderia prosseguir a vida que sonhei. Se a minha inocência não fosse violada eu poderia ter uma vida sexual saudável... 

*Há um profundo medo da mudança porque a criança ferida sabe que se curar as suas feridas sua vida vai mudar. Mudança é igual a perda. Perda é insuportável.

*Eles sentem que perderam algo profundo e intrínseco e temem deixar de lado uma antiga identidade, soltar seus filhos ou cônjuge, deixar de lado sua raiva e ressentimento, deixar a tristeza ou o papel de vítima...

*A Criança Ferida tende a levar as coisas pessoalmente também ao internalizar situações e relacionamentos, ao serem atraídos para o sofrimento e tragédias de outras pessoas.

*Isso pode acontecer através da autocomiseração, isolamento, raiva, estoicismo, carência, depressão, ressentimentos e vingança. 

*A criança Ferida tem uma intensa necessidade de ter o sofrimento validado.

*Sob essa necessidade compulsiva de validação há um desejo e esperança de cura. Assim criam uma história de vida que os mantém como vítimas, esperando que os outros tenham pena delas.

*Ela espera que alguém ou alguma coisa lá fora, vai ser a resposta para sua dor.

 *Uma das experiências mais comuns para a criança ferida é a depressão. 

*A depressão age como um amortecedor para a intensidade da dor, anulando-a e tornando-a mais suportável.

*A depressão em si torna-se entrelaçada no tecido da ferida até que ela torna-se um reforço de indignidade e falta de esperança.

*Na depressão sabe que algo está errado com ela, com os outros ou com o mundo e que não pode ser corrigido. 

*Isso configura o desespero que reforça e fortalece a história da ferida mantendo o indivíduo aprisionado.

*Eu quero ser amado é a história da criança ferida. Eu quero ser valorizado e importante. Quero que alguém se importe e eu seja digno.

*Querem doar-se aos outros, mas sentem-se impedidas, pois a ferida impede e ficam presas em um ciclo de miséria e empobrecimento emocional.

*Sobre o Perdão: O perdão é o que acontece quando você para de rejeitar o que acredita ser a causa de seu sofrimento. 

*Segundo Susana Barlow, "Perdoar significa abrir espaço para mais". Ou seja, quando estou implacável em rejeitar a coisa ruim que aconteceu eu não permito que ela seja uma parte de mim. 

*Perdão ou a necessidade de perdoar é um tema para a criança ferida. O perdão abre espaço para entender a dor e as perdas e assim acaba com a resistência. O perdão é um paradoxo, pois, deixando ir você também está abracando.

*Elas são como homens da montanha que conhecem um terreno particular e pode ser um guia para outras pessoas que estão de passagem.

*Mas esta montanha é o lugar onde a criança ferida vive e tem feito as pazes. 

*Sofrimento, dor, tristeza e depressão são lugares que a criança ferida foi e não tem medo de voltar. Aprendem que algumas feridas não são destinadas a serem curadas, mas serem compreendidas

*Após o Perdão Vem A Capacidade de Amar os Outros - Com o arquétipo constelado e ressignificado, observa-se que o amor incondicional fará parte da criança ferida esclarecida e ela estará cheia de carinho e compaixão pelos outros. Ela aprendeu que dar é  receber. Desenvolveu forte capacidade de entender os outros profundamente de coração aberto e sem julgamento. 

*Entender os outros é a chave para entender a si mesmas. A Criança Ferida resolvida tem um coração terno e aberto, cheio de ternura e compaixão. 

*A capacidade de chegar perto de dor dos outros, se preservando, torna-os grandes curandeiros, médicos, enfermeiros, terapeutas e outros nas artes da cura. Através do perdão emoções intensas são liberadas e por isso servem de canal para os outros liberarem sua dor. 

*Dar amor permite que a criança ferida sente e recebe o amor dos outros livre e incondicionalmente porque aprenderam a amar quem eles são o suficiente para compartilhar esse amor com os outros.

*Quando transformado a partir da sombra para a luz o arquétipo criança ferida é um poderoso exemplo da resiliência do espírito humano. 

*Sua experiência de vida lhes ensinou que a dor uma vez dominada, é a fonte de sua compaixão, profundidade e sabedoria.

Fonte: Susanna Barlow
Ψ Fátima Vieira - Psicóloga  Clinica 

sábado, 6 de agosto de 2016

"Sem música a vida seria um erro.” (Nietzsche)

“E os que foram vistos dançando foram julgados insanos pelos que não conseguiam ouvir a música.”  (Friedrich Nietzsche)