domingo, 12 de fevereiro de 2012

algo que ocultávamos nos enfraquecia...

Algo que ocultávamos nos enfraquecia, até percebermos que esse algo éramos nós mesmos. (Robert Frost)

Goethe disse que jamais ouvira falar de um crime que ele próprio não fosse capaz de cometer.
Um quietismo estético da vida, pelo qual consigamos que os insultos e as humilhações, que a vida e os viventes nos infligem, não cheguem a mais que a uma periferia desprezível da sensibilidade, ao recinto externo da alma consciente.
Todos temos por onde sermos desprezíveis. Cada um de nós traz consigo um crime feito ou o crime que a alma lhe pede para fazer.
JUNG acreditava que Deus, o Deus Vivo!, só poderia ser encontrado ali onde menos queremos olhar, naquele local que mais temos resistência para explorar.
Esse Deus vivo está entremeado com a nossa própria escuridão e sombra,  entrelaçado com as nossa feridas e complexos, está ligado às nossas patologias.
 Por outro lado, o Deus da Crença  -  aquele Deus remoto, retirado da criação e da vida cotidiana  -  liberta-nos da nossa imperfeição, purifica- nos de toda a contaminação terrena e resolve os aspectos mais difíceis do dilema humano.
- A alquimia é um processo para extrair o Deus vivo dos aspectos mais venais, mais corruptos da vida.
- A psicanalista inglesa Molly Tuby sugere seis outras maneiras pelas quais, mesmo sem saber, encontramos a nossa sombra no dia-a-dia: Nos nossos sentimentos exagerados em relação aos outros ("Eu simplesmente não acredito que ele tenha feito isso!", "Não consigo entender como ela é capaz de usar uma roupa dessas!")
. No opinião negativa que recebemos daqueles que nos servem de espelhos ("Já é a terceira vez que você chega tarde sem me avisar.")
. Nas interações em que continuamente exercemos o mesmo efeito perturbador sobre diversas pessoas diferentes ("Eu e o Sam achamos que você não está sendo honesto com a gente.")
. Nos nossos atos impulsivos e não-intencionais ("Puxa, desculpe, eu não quis dizer isso!")
. Nas situações em que somos humilhados ("Estou tão envergonhada com o jeito que ele me trata.")
. Na nossa raiva exagerada em relação aos erros alheios ("Ela simplesmente não
consegue fazer seu trabalho em tempo!", "Cara, mas ele perdeu totalmente o controle do peso!")
. Em momentos como esses, quando somos dominados por fortes sentimentos de vergonha ou de raiva, ou quando descobrimos que nosso comportamento é inaceitável, é a sombra que está irrompendo de um modo inesperado. E em geral ela retrocede com igual velocidade; pois encontrar a sombra pode ser uma experiência assustadora e chocante para a nossa auto-imagem.
A SOMBRA COLETIVA:  a maldade humana  -  nos encara de praticamente todas as partes:  Ela salta das manchetes dos jornais; Vagueia pelas nossas ruas e, sem lar, dorme no vão das portas;
- Entoca-se nas chamativas sex-shops das nossas cidades; Desvia o dinheiro do sistema de financiamento habitacional; Corrompe os políticos famintos de poder e Perverte o sistema judiciário; Conduz exércitos invasores através de densas florestas e áridos desertos; Vende armamentos a líderes ensandecidos e repassa os lucros a insurgentes reacionários; Por canos ocultos, despeja a poluição em nossos rios e oceanos; Com invisíveis pesticidas, envenena o nosso alimento.
- Não há como evitar o assustador espectro de sombras satânicas mostrado por políticos coniventes, os colarinhos-brancos criminosos e terroristas fanáticos.  Nosso anseio interior por integração - agora tornado manifesto na máquina de comunicação global - força-nos a enfrentar a conflitante hipocrisia que hoje está em toda parte.
- Enquanto a maioria das pessoas e grupos vive o lado socialmente aceitável da vida, outras parecem viver as porções socialmente rejeitadas pela vida. Quando essas últimas tomam-se objeto de projeções grupais negativas, a sombra coletiva toma a forma de racismo, de busca de "bode expiatório" ou de criação do "inimigo".
- O poder hipnótico e a natureza contagiosa dessas fortes emoções ficam evidentes na extensão e universalidade das perseguições raciais, das guerras religiosas e das táticas de busca de bodes expiatórios. E é assim que seres humanos tentam desumanizar outros, num esforço para assegurar que eles são superiores - e que matar o inimigo não significa matar seres humanos iguais a eles.
(Fonte: AO ENCONTRO DA SOMBRA - O potencial oculto do lado escuro da natureza humana - MERLE SCOSS)
Fatima Vieira - Psicóloga Clínica

Nenhum comentário: