O homem moderno teme a solidão porque se enojou de si mesmo e porque se desaprendeu de si e sente-se impotente quando está só, sem a explicação moral do todo, refém do instinto da obediência, sem a paz do rebanho, sem a resposta da massa, sem o pressuposto do bem-estar e da felicidade eterna. Padronizado sob o estalão da coletividade, nivelado sob a pseudo-virtude da igualdade, o homem moderno teme a si mesmo e foge. Longe da moral do ovil e de sua laicizada versão moderna da administração da produção e do consumo (o fenômeno da massa capitalista), ele não sabe quem é. Sujeitado, rende-se ao todo e passa a formular e obedecer às regras morais que apregoam a igualdade no lugar da singularidade, o rebaixamento no lugar da grandeza, a banalidade no lugar da criatividade, a democracia e a escravidão no lugar da aristocracia.
Esta inversão dos valores, conseqüência do predomínio da moral de rebanho, é o território para o qual é enviado o novo filósofo, como um espírito livre ao qual exige-se probidade intelectual, que significa desconfiança em relação às suas próprias idéias e pensamentos, reconhecendo-os tão só como mais uma máscara e interpretação, gerada na solidão, plasmada no isolamento. O filósofo, aquele que aprende a viver sozinho. “Para viver sozinho, é preciso ser um animal ou um deus – diz Aristóteles. Falta ainda a terceira alternativa: é preciso ser os dois ao mesmo tempo – Filósofo”. ( Nietzsche)
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