segunda-feira, 24 de março de 2014

Ψ Um Método Perigoso

Resenha do Filme: "Um método perigoso" - Direção - David Cronenberg.
 












*O filme se desenvolve no final do séc. XIX e início do séc. XX.

- Trata-se da relação de Carl Jung com Sigmund Freud. Inicialmente uma relação de admiração de Jung por Freud, que no decorrer da história vai se mostrando frágil e interrompida devido às diferenças na forma de pensar de ambos. 

 - FREUD, mais pragmático segue com a Psicanálise e JUNG, revolucionário rompe com o mestre  e estabelece também a sua teoria, tendo se tornado um dos maiores Psicoterapeutas da história.


- Um dos conflitos entre os dois refere-se à "libido", o embate acontece pois Jung não concorda com  a prevalência da sexualidade no desenvolvimento do ser humano e propõe pesquisar outros pressupostos para explicar a psique. 

- Freud não aceitava que Jung se enveredasse por um campo místico, analisando fenômenos parapsicológicos e outros.


- O filme enfatiza também as diferentes interpretações que Jung e Freud tinham da psicanálise.

- No Filme: SABINA SPIELREIN é uma paciente internada no sanatório de Zurich, com diagnóstico de histeria.

- Sabina é uma mulher perturbada e uma das primeiras pacientes curadas por Jung, e mais tarde torna-se psicanalista e psiquiatra. 

- O filme salienta ainda, a inconstância de Jung quanto a sua postura ética em relação à paciente Sabine, com a qual teve um caso  amoroso no decorrer do tratamento.

- O caso entre os dois é incentivado por Otto Gross, um psiquiatra psicótico, vivido por Vincent Cassel, em uma pequena participação na trama.

- A causa da histeria na abordagem psicanalítica está relacionada ao desenvolvimento psicossexual infantil causando problemas na sua vida futura.

- Na abordagem com Sabine também ficou claro outra premícia, a existência do ID, EGO e SUPEREGO.

- Ou seja, vê-se o SUPEREGO como uma força moral que regula o EGO e impede de viver somente sob o princípio do prazer do ID e também do SUPEREGO.

- Se não houver equilíbrio destas funções psíquicas, o paciente adoece. No caso de Sabine, ela reprime (mecanismo de defesa) aquilo que o inconsciente quer trazer à tona, seus instintos sexuais.

Ψ SOBRE A TRANSFERÊNCIA E A CONTRATRANSFERÊNCIA
“Lidar com a transferência é uma cruz.”
(carta de Freud para Oskar Pfister - 1910).
*FREUD - " (...) desejos do passado, reprimidos ou não satisfeitos, tendem a se transferir para um novo objeto, isto é, para o analista".  Inicialmente FREUD denominou como meras repetições neuróticas, porém, mais tarde percebeu a utilidade da transferência na cura, pois reativava os desejos e experiências reprimidas na infância e assim conduzia ao âmago da neurose.

*FERENCZI -  As tentativas em conquistar um absoluto estado de franqueza fizeram com que Ferenczi, por vezes, ‘trocasse’ de posição com seus pacientes, deixando-se analisar por eles e permitindo-lhes um contato físico mais aprofundado, incluindo beijos recíprocos.

- Tão logo travou conhecimento da técnica daanálise mútua’, Freud escreveu uma longa carta a Ferenczi, (1931)  - “Percebo que as divergências entre nós atingem seu ponto culminante a partir de um detalhe técnico que vale a pena ser examinado. Você não faz segredo do fato de que beija seus pacientes e permite que eles também o beijem. 
 (...) Até o momento sustentamos, dentro da nossa técnica, a conclusão de que os pacientes não devem ter satisfações eróticas”.

*JUNG - Considerava a visão de FREUD limitada e unilateral, preocupou-se não apenas com a causa, mas também pelo SIGNIFICADO da transferência, incluindo elementos arquetípicos do INCONSCIENTE COLETIVO. Para JUNG na PSICOLOGIA ANALÍTICA utiliza-se a "palavra transferência" como termo técnico para as projeções que ocorrem no relacionamento PACIENTE X ANALISTA. 


*ZIMERMAN (2004) - A CONTRATRANSFERÊNCIA caracteriza-se como uma resposta emocional do analista aos estímulos que provêm do paciente tais como medo, dúvidas, excitação, confusão, tédio...

-  Antes de ser Psicoterapeuta ele deve ter a honestidade de reconhecer esses sentimentos, para que não se transformem em uma contratransferência patológica, que ocorre quando ele transmite ao paciente sua "neurose particular", podendo ocorrer abusos e injustiças.

- LACAN  (1960) - Diante dos engodos relacionados ao ‘ser’, Lacan nos ensinou a prescindir da contratransferência, remetendo-nos às implicações do analista na transferência e deslocando o operador lógico do tratamento: do ser ao desejo.

-  Foram as discussões sobre o ser do analista que fizeram com que Lacan se ocupasse do desejo do analista na prática clínica.

“Sou possuído por um desejo mais forte”, diz Lacan ao discutir os sentimentos do analista diante do analisando e acrescenta: “Ele está autorizado a dizê-lo enquanto analista, enquanto produziu-se, para ele, uma mutação na economia de seu desejo". 

  Ψ Fatima Vieira - Psicóloga Clínica

Um comentário:

psique disse...

Oi Paola Sánchez, eu também gosto da série, agradeço sua visita e comentário,
um abraço Fatima Vieira