sábado, 21 de junho de 2014

"O Anjo Mudo"

"Quando o vento se levanta e passa, tua cabeça adormecida põe-se a brilhar. 

Em redor dela um halo de sombra onde a minha mão entra, vagarosamente, pedindo-te um Sinal.

 Procuro o rosto com os dedos afiados pelo desejo. 


(...)  Ouvimos o mar, como se tivéssemos encostado a cabeça ao peito um do outro.

Mas não há repouso nesta paixão.

 (...)  Nada podemos fazer.


 (...)  A noite cerca-nos, devora-nos.


Estamos definitivamente sozinhos. 

Começamos, então, a imitar a vida um do outro.

E, abraçados, amamo-nos como se fosse a ultima vez... 

O tempo sempre esteve aqui, e eu passei por ele quase sempre sozinho. 


No entanto, recordo: deixaste-me sobre a pele um rasgão que já não dói. 

Mas quando a memória da noite consegue trazer-te intacto, fecho os olhos, o corpo e a alma latejam de dor.

Antes, o olhar seduzia e matava outro olhar. Agora, odeio-te por não me pertenceres mais.

(...) Se fugias, perseguia-te.

E  o pior é que o tato também esqueceu, rapidamente, a sensualidade da pele...


Não devo perder tempo com o ciúme.


A paixão desgastou-me.


E nunca houve mais nada na minha vida - paixão ou ódio..." (Al Berto)                                                                                             
Ψ Fatima Vieira - Psicóloga Clínica

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