"Não é bastante ter
ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também
que haja silêncio dentro da alma." (Alberto Caeiro)
*Fernando Pessoa refere que a fala tem duas partes: As palavras que são ditas (a letra) e a melodia que se faz ouvir nos intervalos da fala (a música).
*O poeta continua (...) a letra não tem importância, não é nela que se encontra aquilo que importa escutar. Pede até ao poeta que pare de falar porque a fala dele atrapalha ouvir a melodia.
*O que a Psicanálise denomina Inconsciente é a música do corpo.
*A letra é coisa do consciente, cerebral. A música é coisa do corpo, inconsciente.
*O discurso sem alma é mera informação.
*A voz monótona dos serviços de alto-falantes dos aeroportos é uma expressão sensível desse ideal desumano. É possível imaginar um diálogo de amor com esta fala indiferente?
*Esse é o enigmático segredo da escuta: é preciso não escutar o que se diz para se poder ouvir o não dito, a música.
*É na música que mora a verdade daquele que fala.
*A melodia é o desejo que exprime a falta, que o discurso tagarela tenta calar!
"... e quando tentamos negligenciar a falta, vem o desejo implacável, e escreve no corpo, pela via do sintoma suas mais duras verdades..." (Barthes)
( Ψ Fatima Vieira - Psicóloga Clínica)
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