quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Ψ O Que Uma "Criança Normal" Gosta?

               entre o cobertorzinho e o brinquedo - aconchego e proteção
"O que uma criança normal gosta? Será que ela apenas precisa se alimentar, crescer e sorrir docemente? Não. A criança normal, se ela tem confiança na mãe e no pai, enfrenta todas as paradas. Com o tempo ela usa o seu poder para amar, destruir, para assustar, para desgastar, perder, enganar, se apropriar. ... por isso no início do seu desenvolvimento ela precisa necessariamente viver em um círculo de amor e força (com a consequente tolerância), ... para que ela não tenha medo de seus próprios pensamentos e de suas imaginações e assim fazer progresso em seu desenvolvimento emocional." (Winnicott, privação e Delinquência)
"É  no espaço entre o mundo interior e exterior, que também é o espaço entre as pessoas - o espaço de transição - que as relações íntimas e criatividade ocorrem."

*Para Winnicott a criança nasce indefesa. É um ser desintegrado, que percebe de maneira desorganizada os diferentes estímulos provenientes do exterior.

*O bebê nasce também com uma tendência para o desenvolvimento.

*A tarefa da *mãe é oferecer  suporte adequado para que as condições inatas alcancem um desenvolvimento ótimo.

*Assim refere Winnicott: "não existe essa coisa chamada bebê".... ou seja, não há criança sem uma mãe e esta não precisa ser necessariamente a que deu à luz.

*"Colo" é o somatório de aconchego, percepção, proteção, dado por aquela ou aquele cuja percepção - consciente ou inconsciente - atenta para as necessidades do bebê criando um ambiente adequado, e o levando a responder adequadamente aos diferentes estágios do seu desenvolvimento.

*O movimento da psique entre o mundo das coisas e as fabricações da mente é uma atividade "transicional", adjetivo fundamental na obra de Winnicott.

*O conceito mais conhecido é o de "objeto transicional", representado classicamente pelo cobertorzinho a que muitos pequenos se agarram numa determinada fase.

"Esse objeto é ao mesmo tempo uma coisa objetiva - existe num mundo compartilhado - e subjetiva - para seu dono, ele faz parte de uma fantasia, possui vida própria", refere Bogomoletz.

"Os educadores devem no ambiente escolar dentro do possível, tratar cada aluno de acordo com a sua necessidade. O termo "inclusão", se levado a sério, indica uma atitude de acolhimento. O acolhimento adequado pode, portanto, ajudar uma criança regida por um self falso - geralmente boazinha e obediente - a se tornar mais espontânea.

 "No entanto, é preciso que a escola aceite as temporadas de 'mau comportamento'.

"Trata-se de adotar sempre uma postura tolerante e criar condições para que a criança desfrute de liberdade.
Nada mais importante, nesse sentido, do que o papel da brincadeira - fundamental para Winnicott, não apenas na infância, por misturar e conciliar o manejo do mundo objetivo e a imaginação. "Brincar pressupõe segurança e criatividade"

"Crianças com problemas emocionais graves não brincam, pois não conseguem ser criativas."

 "A fantasia é realmente a marca do humano", diz Bogomoletz. "Já a objetividade é uma habilidade que se aprende, como uma segunda língua."

"A escola tem a obrigação de ajudar a criança a completar essa transição do modo mais agradável possível, respeitando o direito de devanear, imaginar, brincar", prossegue o psicanalista. O respeito que os pequenos terão pela objetividade será incorporado por eles, jamais imposto de fora para dentro.

*Quando livre para criar, a criança, segundo Winnicott, vê nos estudos um modo de exercitar o poder de invenção. Se, no entanto, o ambiente escolar não for aberto à brincadeira, "os recreios serão tanto mais selvagens quanto as aulas forem mais opressoras ou supostamente sérias".

Fonte: https://psicologado.com/abordagens/psicanalise/winnicott-principais-conceitos © Psicologado.com

Donald Woods Winnicott (1896 - 1971). Ao entrar na faculdade de Medicina, foi convocado para servir como enfermeiro na Primeira Guerra Mundial, na qual fez as primeiras observações sobre o comportamento humano em situações traumáticas. Especializou-se em pediatria. Foi presidente da Sociedade Britânica de Psicanálise. 

 Ψ Fatima Vieira - Psicóloga Clínica 

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