imagem: Roberto Urbano
(...) mas, da mãe é preciso se ter a distância necessária, observar a expressão: 'não é bom ficar agarrado na barra da saia da mãe'.
A “boa mãe” é aquela da qual se pode separar, aquela que acolhe o sujeito em sua subjetividade, e lhe permite decidir da significação de seu desejo, mas justamente porque não está toda ali.
Lacan articulou em 1938 a face Real da mãe, estabelecendo uma ligação entre a mãe e a morte, a pulsão de morte.
Trata-se, diz Lacan, “não de uma associação mórbida, mas genérica”. Na medida em que essa separação não ocorre, "a imago materna salutar em sua origem mostra toda virulência, transformando-se em fator de morte".
imagem: projeto evilbookLacan refere que a representação materna é uma assimilação perfeita da totalidade do ser... "reconhecemos as nostalgias da humanidade: o abismo místico da fusão afetiva, a utopia social de uma tutela totalitária, todos saídos da obsessão com o paraíso perdido de antes do nascimento e da mais obscura aspiração à morte" ... “em seu abandono à morte, o sujeito procura reencontrar a imago da mãe”, mencionando que isso é o que vemos inclusive na prática do sepultamento cujo sentido é o de retorno ao seio materno.
Fonte: LACAN, Jacques (1938) - Os complexos familiares na formação do indivíduo. In: Outros Escritos.
𝚿 Fatima Vieira
Nenhum comentário:
Postar um comentário