"Eles estão jogando o jogo deles.
Eles estão jogando de não jogar um jogo.
Se eu lhes mostrar que os vejo tal qual eles estão,
quebrarei as regras do seu jogo
e receberei a sua punição.
O que eu devo, pois,
é jogar o jogo deles,
o jogo de não ver o jogo que eles jogam.
Eles não estão se divertindo.
Eles não estão se divertindo.
E se eles não se divertem eu também não me divirto.
Somente se eu puder levá-los a se divertir
poderei divertir-me juntamente com eles.
Mas não é nada divertido levá-los a divertir-se;
pelo contrário, é trabalho muito árduo.
Quem sabe, eu talvez me divertisse
se descobrisse por que não se divertem.
Mas não fica nada bem que me divirta procurando
saber o porquê não se divertem.
Ainda assim é um pouco divertido o ato de fingir
que não encontro diversão em descobrir
o motivo por que não se divertem.
Vamos nos divertir?
Vamos nos divertir?
- convida a garotinha
que surge de repente não sei donde.
E contudo divertir-me é perder tempo,
já que me divertir
não contribui para mostrar
o motivo porque não se divertem.
Como podes tu te divertir
Como podes tu te divertir
se Jesus na cruz morreu por ti?
Achas acaso que na cruz
Jesus se divertia?"
"Lúcio sofre
por achar
que Lúcia acha que ele a faz sofrer
porque (ele) sofre
por achar
que ela acha que ele a faz sofrer
por fazê-la achar que é culpa
dela fazê-lo sofrer
porque (ela) acha
que ele a faz sofrer
porque (ele) sofre
por achar que ela acha que ele a faz sofrer
pelo fato de que...
da capo sine fine."
NOTA BIOGRÁFICA: Ronald David Laing, renomado e controvertido psiquiatra, conferencista e autor de vários livros, rebelou-se contra a psiquiatria ortodoxa e buscou um novo método de tratamento da loucura. Nasceu em Glasgow, Escócia, em 7 de outubro de 1927, e faleceu em 1989. Teve uma infância de sofrimento, por apanhar surras de seu pai, tormentos que superava refugiando-se em "um ponto no espaço sem qualquer dimensão"; então leu intensamente desde a Bíblia até os filósofos e cientistas de renome.
Após formar-se em medicina na Universidade de Glasgow em 1951, Laing serviu um período no exército e na sua prática convenceu-se de que um comportamento "maluco" pode ter um efeito salutar se for permitido o seu curso sem supressão por meio de drogas e choque elétrico, o que caracterizaria a linha existencialista trazida à psiquiatria.
Após um período como psiquiatra no exército britânico, Laing trabalhou no Royal Medical Hospital de Glasgow e lecionou no Deparatmento de Psicologia Médica da Universidade até 1956, quando submeteu-se a treinamento de psicanálise no Tavistock Institute of Human Relations, em Londres.
Seu primeiro livro, The Divided Self ("O Eu dividido") foi completado em Tavistock em 1957 e publicado em 1960; o livro despertou as respostas contraditórias com que todos os seus livros foram depois recebidos nos meios científicos.
De 1962 a 1965 Laing empreendeu inúmeras experiências com uma nova abordagem da doença mental: a do EXISTENCIALISMO.
Após um período como psiquiatra no exército britânico, Laing trabalhou no Royal Medical Hospital de Glasgow e lecionou no Deparatmento de Psicologia Médica da Universidade até 1956, quando submeteu-se a treinamento de psicanálise no Tavistock Institute of Human Relations, em Londres.
Seu primeiro livro, The Divided Self ("O Eu dividido") foi completado em Tavistock em 1957 e publicado em 1960; o livro despertou as respostas contraditórias com que todos os seus livros foram depois recebidos nos meios científicos.
De 1962 a 1965 Laing empreendeu inúmeras experiências com uma nova abordagem da doença mental: a do EXISTENCIALISMO.
Em Reason & Violence: A Decade of Sartre's Philosophy (1950-1960) ("Razão e violência, uma década da filosofia de Sartre"), de 1964, Laing analisa aspectos da filosofia de Jean-Paul Sarte contidos em Critique de la Raison Dialectique (1960) daquele filósofo. Nestes anos dirigiu a Langham Clinic, em Londres e começou também experimentos com drogas estimulantes do pensamento como meio de acelerar viagens transcendentais ao Eu interior. Ele e outros fundaram uma comunidade terapêutica em Kingsley Hall em Londres em 1965; a utópica clínica faliu cinco anos depois, mas centros semelhantes apareceram em vários pontos dentro e fora de Londres. No início da década de 70 estudou com mestres budistas e hindus em Ceilão, Índia e Japão, e fez conferências nos Estados Unidos.
Principais obras: The divided self, 1960; The politics of experience and the bird of paradise, 1967; Self and others, 1969; Knots, 1970; The Politics of Family, 1971; Reason & Violence: A Decade of Sartre's Philosophy (with D.G.Cooper), 1964; Do You Love Me?: An Entertainment in Conversation and Verse, 1976; Intervista sul folle e il saggio, 1979; The Voice of Experience, 1982; Wisdom, Madness and Folly: The Making of a Psychiatrist, 1985.
2 comentários:
Texto maravilhoso!
Vamos divulgar esse grandes gênios. Eles podem contribuir para com o nosso desenvolvimento.
Regina Andrade
Oi Andrade Viotti
Na década de 60, Laing começou a examinar a comunicação e interação de seus pacientes de uma perspectiva fenomenológica, tentando avaliar os fatos a partir da subjetividade do paciente. Refere que a psiquiatria tradicional atua como meio de controle social. *Laing estava convencido de que a doença mental é uma resposta sensata a um mundo insano. "A esquizofrenia não pode ser compreendida sem entender o desespero".
"A sociedade tem em alta estima os homens normais. Educa as crianças para se perderem e se tornarem seres absurdos, e assim 'normais'!"
Um Abraço Fatima Vieira
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