sábado, 4 de agosto de 2012

Ψ o nosso sonho do dia a dia

Ψ “Aquilo que não fazemos aflorar à consciência aparece em nossas vidas como destino.” Carl G.  Jung

 - Normalmente os sonhos são produzidos na fase *REM (rapid eye moviment) do sono, que é a mais profunda e dura cerca de 1/4 do tempo em que estamos dormindo.
- Nesta fase temos uma baixa atividade corporal e uma alta atividade onírica. É como se nossos corpos se desligassem para evitar qualquer movimento.
- Estudos científicos apontam que uma pessoa quando privada do sono principalmente na fase REM, provavelmente terá algum transtorno mental.
 - As abordagens que consideram o inconsciente como uma parte da psique encaram os sonhos no mínimo como uma “faxina mental”.  E em grande parte, como o melhor retrato (ainda que alegórico) do inconsciente daquele indivíduo. 
Mas nem todos os sonhos são iguais, ou possuem a mesma fonte, basicamente são de três tipos: 1. Sonhos que protegem nosso sono: esse mecanismo existe para que não despertemos sempre que um estímulo em nosso ambiente ou em nosso corpo se apresente, o que seria também um fator de proteção.
2. Sonhos relacionados ao que foi vivido durante o dia, ou à alguma preocupação: esse tipo de sonho é o mais frequente. Quando estamos ansiosos com algo, preocupados, ou pensamos em certa pessoa ou assunto, normalmente esse conteúdo volta durante a noite e é processado, digerido e armazenado. 3. "Os Grandes Sonhos" esses são “enviados” como mensagens do inconsciente e não são tão frequentes. Os místicos os definem como “sonhos enviados pelo divino”. São sonhos com muitos simbolismos e conteúdos arquetípicos. Muitas vezes repetem de formas análogas aos mitos e conteúdos religiosos. Apresentam um alto teor simbólico a pessoa acorda revitalizada e criativa. Podem sugerir respostas que o consciente ainda não havia considerado.
-  E é justamente por isso que trabalhar com sonhos num processo analítico é tão importante. Além de nos trazer entendimento, quando dirigimos uma atenção ao inconsciente, através desse trabalho, expandimos nossa consciência e a “pressão” do lado de lá diminui.
 O mundo interno e o externo tem separações sutis. O inconsciente quer ser conhecido. Ele nos força de várias maneiras (manifestando-se nos sonhos repetitivos, nos sintomas, nos atos falhos).
-  A Psicologia Analítica dá muita importância aos conteúdos dos sonhos, pois são vistos como uma expressão do inconsciente do sonhador. Interpretá-los requer experiência, sensibilidade e um grande conhecimento sobre os mitos, arquétipos, símbolos.
- Considerando como exemplo o sonho sobre PERSEGUIÇÃO: A *sombra está querendo reintegração. A sombra é aquilo que fica oculto atrás de um corpo que recebe luz. A sombra é tudo aquilo que está submerso, esquecido, silenciado. E também o que não se viveu, os projetos frustrados.
- Quando sonhamos o inconsciente tenta tornar consciente todos esses aspectos obscuros negados em vigília. É o outro a nossa sombra. No outro projetamos nossas fraquezas, (tudo o que  se quer é ser do bem, o mal é sempre o outro...). O erro do outro só nos revela a possibilidade de também sermos imperfeitos...
- Aceitar que nem todo mundo precisa gostar de mim. O problema é quando deixamos que nos amem pelo que não somos, o desencanto é sempre maior.
- Eu não preciso violar a minha alma para ser aceita... são todas essas contradições que aparecem nos sonhos como inimigo que persegue...
-  Os sonhos se repetem até que suas mensagens sejam compreendidas e reintegradas à vida. (Whitmont)
- Louise Von Franz, refere que "a dificuldade de interpretar nossos próprios sonhos é que não podemos ver nossas próprias costas, outra pessoa poderá vê-las."
- "Um sonho nunca diz o que você já sabe." (Von Franz)
-  Os pesadelos e os sonhos bizarros, tentam compensar de forma dramática a falta de percepção daquelas características apontadas que não estão sendo integradas na vida vigil do sonhador.
- “Os pesadelos (eles fazem nos acordar gritando), são eletrochoques que a natureza aplica em nós quando quer que despertemos.” (Louise Von Franz)
- Outros pesadelos repetem situações traumáticas, como que para 'forçar' a enfrentá-las, tornando-as conscientes das energias estressoras e assustadoras. (Whitmont )
" (...) não se trata de um 'disfarce' proposital do sonho; é resultado, apenas, da nossa dificuldade de captar o conteúdo emocional da linguagem ilustrada." (Jung)
- Segundo Sanford, quando vistos numa série, a interpretação torna-se mais fácil, (daí a importância do registro dos sonhos).
- Apreciar as artes (poesia, música, artes visuais) é um bom treino para a arte de analisar o sonho.
“ (...) essa abordagem artística da interpretação do sonho se vincula à percepção de fatores similares àqueles que interferem na análise da literatura, pintura ou música". (Whitmont)
- O Sonho é sagrado. É uma das experiências psicológicas mais íntimas produzidas no nosso secreto laboratório alquímico. Ao acordar, cada fragmento lembrado vai fazer parte da Grande Obra Alquímica que é a vida do sonhador.
- Entretanto, muitos sonhos nos apanham de surpresa e mal conseguimos revelar a nós próprios, daí o 'esquecimento'.
- Freud refere que 'esquecemos' porque os sonhos contêm nossos pensamentos e desejos reprimidos, portanto, certos contúdos oníricos  não seriam convenientes lembrá-los de qualquer maneira.
- Diz a lenda, que quando o sonho é de mau agouro, é prudente revelar logo ao acordar,  para quebrar o 'encantamento'...
  • Bibliografia:
 FROMM, Erich. A Linguagem Esquecida, Rio de Janeiro: Zahar, 19866 JOHNSON, Robert. A Imaginação Ativa. SP: Mercuryo, 1989 JUNG, Carl Gustav. Os Tipos Psicológicos. Petrópolis: Vozes, 1991
VON FRANZ, Marie-Louise. O Caminho dos Sonhos. SP: Cultrix, 1993
 http://www.terapiaemdia.com.br/
 Charles Alberto Resende - Psicólogo
(Fatima Vieira - Psicóloga Clínica)

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