sábado, 13 de outubro de 2012

outros fragmentos...

Ribeirão da Ilha - Florianópolis
(...) o que sinto é uma saudade que não sei de que, de um tempo esquecido, ido, sem esperança.

- É assim: normalmente é no final da tarde vou ficando aflita, quieta, recolhida. Mas eu suporto bem as noites, até as longas noites de inverno!

- Mas amanhã é outro dia tudo passa, e haverá novamente o final de tarde e eu com saudades de não sei o que...

Ribeirão da Ilha - Florianópolis - imagem: J. Vargas 

- O que temo mesmo é não me cumprir, seja lá o que isso quer dizer.

- Se prometi que seria forte mesmo que o mundo me cortasse todas as pequenas esperanças e quando até a mão divina se fechasse para mim... Que ainda assim eu seguiria sem reclamar, ou daria algum depoimento de 'superação'. Sinto muito, desfaço o pacto.

- Pago impostos não sei prá que, pago o que devo e o que não devo e até votei. Mas não consigo ser feliz numa sociedade injusta.


- Vou seguir desencantada, ao menos por enquanto não tenho vontade de sorrir, nem de  ser boazinha, nem ruim, nem nada.

                                                  Lagoa da Conceição - Florianópolis

- No momento 'prá ser sincero' (como diria *os engenheiros ...), sinto-me como um ser jogado no mundo à revelia, sem serventia.
*engenheiros do hawaii  banda brasileira de rock and roll, formada em 1984.

- Já que não devo nada a ninguém, quero trabalhar em paz, minha última obrigação social e isso continuo fazendo com carinho,  pois só tenho paciência com meus pacientes.

- Claro que coloquei algumas condições: não vou ser mais uma no rebanho, quero  ser eu com minhas inquietações e pecados.

 - E não aceito ser privada da minha liberdade, que é a minha alma ... Isso nunca,
 e considero meu inimigo quem tentar me fazer menos livre.


                   Ponte Hercílio Luz  - Florianópolis

- É a liberdade tudo que resta ao ser humano quando tudo lhe é tomado.

  - A natureza é meu recanto sagrado, decididamente a vida em sociedade não deu muito certo, assumo definitivamente: sou bicho do mato, mané da ilha.

 - Mas esse é o meu gozo: retiro-me de mansinho, levemente feliz.

 - Caí no mundo por descuido e por "sorte" aqui na "ilha da magia", nisso Deus foi justo comigo, que assim seja, amém!

(Fatima Vieira - Psicóloga Clínica, in: Fragmentos dos Cinquenta Minutos que Valeram à Pena).

Nenhum comentário: