quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Pesquisa Sobre Células Tronco Vence o Nobel de Medicina - 2012

 O britânico John Gurdon (79), e o japonês Shinya Yamanaka (50),  receberam o Prêmio Nobel de Medicina deste ano por suas pesquisas com células-tronco.

Gurdon, que nasceu na pequena cidade de Dippenhall, no sul da inglaterra, é professor na Universidade de Cambridge e coordena o Instituto Gurdon, antigo Instituto de Células Biológicas e Câncer, que mudou de nome em 2004 como reconhecimento ao britânico.

Em 1962, o Gurdon fez seu estudo com sapos, ao substituir o núcleo de uma célula imatura no óvulo de fêmeas pelo núcleo de uma célula madura do intestino de um girino. Esse óvulo modificado acabou se desenvolvendo em um girino normal, apesar de o DNA da célula madura conter toda a informação necessária para desenvolver cada uma das células do indivíduo.

A descoberta de Gurdon, que é PhD e em 1995 foi condecorado com o título de cavaleiro (Sir) do Império Britânico pela rainha Elizabeth II, foi recebida inicialmente com desconfiança pela comunidade científica, mas foi aceita após ser confirmada por outros pesquisadores, que conduziram experimentos com clonagem de vacas, porcos e a famosa ovelha Dolly.

 Uma das descobertas de Yamanaka, por exemplo, foi como criar células-tronco pluripotentes induzidas a partir de células comuns, já especializadas. Os cientistas descobriram, em trabalhos separados por 44 anos de distância, que células adultas podem ser "reprogramadas" para se tornar imaturas e pluripotentes, ou seja, capazes de se especializar em qualquer órgão ou tecido corporal – como nervos, músculos, ossos e pele.

Na natureza, todos os animais se desenvolvem a partir de óvulos fertilizados. Nos primeiros dias após a concepção, o embrião é composto por células imaturas, que acabam virando vários tipos de células durante a formação e o amadurecimento do feto.

 Assim, cada grupo se especializa e adquire a capacidade de desempenhar uma função específica. Até então, essa transformação era considerada unidirecional, sem possibilidade de volta.

 Mas os dois cientistas mudaram o destino delas, ao "atrasar o relógio" responsável pelo crescimento celular. Isso indica que, apesar de o genoma sofrer mudanças com o passar do tempo, essas alterações não são irreversíveis.

Imagem de neurônios derivados de células-tronco pluripotentes é divulgada pela Universidade de Kyoto, onde Yamanaka trabalha (Foto: Center for iPS Cell Research and Application/Kyoto University/Reuters)





A Importância das pesquisas: Os resultados obtidos por Gurdon e Yamanaka revolucionaram o entendimento sobre como as células e os organismos se desenvolvem e segmentam.

 Isso tornou possíveis estudos mais aprofundados sobre doenças e novos métodos de diagnóstico e tratamento.

Os dois trabalhos também trouxeram avanços à área de medicina regenerativa, ao estabelecer as bases para a reprogramação de células adultas em células-tronco.

Até então, os cientistas acreditavam que esse caminho não poderia ser revertido, ou seja, transformar uma célula madura em imatura. Com a descoberta, células-tronco agora podem ser cultivadas em grande quantidade em laboratório.

O assunto, porém, tem sido motivo de amplas discussões sobre segurança – mas tem o lado positivo de não entrar na questão ética envolvida nas células-tronco embrionárias, que acabam destruindo embriões para serem usadas.

Segundo o Comitê do Nobel, durante a apresentação nesta segunda, é a sociedade que precisa discutir se as células adultas devem ou não ser aplicadas em pessoas doentes no futuro.

 Além disso, espera-se que, quando for viável o uso terapêutico das células iPS, elas não causem rejeição nos pacientes porque são geneticamente compatíveis com a pessoa, o que facilitaria a reconstrução de órgãos e tecidos.

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