segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Hitler e o Rebanho

O crítico de arte judeu-húngaro Eugen Kolb perguntou a Jung, em 1945, como poderia a psiquiatria classificar o “paciente” Hitler. 


A resposta de Jung:
"Hitler era um histérico. Mais precisamente, sofria de pseudologia fantástica, também conhecida como mitomania. Hitler era um mentiroso patológico, apaixonado por suas próprias ideias. 
'Acreditava' que suas ações eram benéficas para a humanidade, ou ao menos para a sua nação e partido. Jamais consideraria seus objetivos como fruto do egoísmo.
Não é fácil, para a maioria das pessoas, reconhecer esse tipo de psicopatia. Hitler parecia absolutamente convicto, contagiando muitos dos seus contemporâneos. Pelo contágio psíquico muitos foram enganados. Verificou-se uma epidemia psíquica que atuou como uma avalanche na Alemanha e em outros países.
Vale ressaltar que esse contágio psíquico funcionou porque existia em muitas pessoas um desejo secreto a realizar. Hitler de algum modo captou o complexo de inferioridade e os sonhos secretos (compensatórios) de poder daqueles que influenciava. Reuniu, assim, um exército de desajustados sociais, ressentidos, psicopatas e criminosos. Exército do qual ele também fazia parte.
Conseguiu engajar igualmente um grande número de pessoas normais, mas profundamente ingênuas. Pessoas que sempre se consideram inocentes, mas na verdade são inconscientes e muito influenciáveis.
Ocorreu um fenômeno de rebanho, envolvendo imensas parcelas da população. 
Como poderíamos prevenir ou tratar essa patologia? A solução é educar para uma consciência mais plena, evitando a formação de rebanho e a consequente manipulação desse rebanho".
(Jung, C. G. The Collected Works of C. G. Jung. London: Routledge and Kegan Paul, 1968)

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