domingo, 19 de outubro de 2008

Sobrevivemos



Parabéns a todos os meninos e meninas que sobreviveram aos anos 1930, 40, 50 , 60 E 70! Primeiro, sobrevivemos sendo filhos de mães que fumavam, bebiam, enquanto 'nos esperavam chegar'... Elas tomavam aspirina, e não faziam teste do pezinho ou de diabetes.
E depois do “traumático” parto NORMAL, nossos berços eram pintados com tintas à base de chumbo em cores brilhantes ‘lead-based’ e divertidas.
Não tínhamos tampinhas protetoras para chupetas ou mamadeiras, nem nos frascos de remédios, portas ou tomadas, e quando andávamos nas nossas bicicletas, não usávamos capacetes, isto sem falar dos perigos que corríamos quando pedíamos caronas.
Sendo crianças, andávamos nos carros sem cintos de segurança, 'air-bags' e não ficávamos só nos bancos de trás... E andar no bagageiro ou na carroceria de uma 'pick-up' num dia ensolarado de verão era uma diversão premiada.
Bebíamos água no jardim da mangueira e não de uma garrafa plástica. E era água pura. Compartilhávamos um refrigerante com outros quatro amigos, todos bebendo da mesma garrafa, e ninguém que eu me lembre ficou sequer doente por isso. Comíamos bolos, pão com manteiga e tomávamos refrigerantes açucarados, mas não ficávamos gordos de ficar lesos, simplesmente porque ESTÁVAMOS SEMPRE BRINCANDO NA RUA, NA CALÇADA, NO QUINTAL, NO JARDIM, OU NA PRAÇA.
Saíamos de manhã e brincávamos o dia inteiro, desde que voltássemos antes das luzes da rua se acenderem. Ninguém conseguia falar com a gente o dia todo. E estávamos sempre bem tanto que sobrevivemos...
Passávamos horas construindo carrinhos de caixote para deslizarmos morro abaixo e só quando enfiávamos o nariz em alguma arvore é que nos lembrávamos que precisava ter freios. Depois de alguns arranhões, aprendemos a resolver isto também, por nossa conta...
Não tínhamos 'Playstation', 'Nintendo', 'Arquivos X' , nenhum vídeo game, nem 99 canais de seriados violentos ou novelas peçonhentas, nenhum filme em DVD ou VT ou VHS, nem sistemas de som 'surround sound', muito menos telefones celulares, ou computadores de bolso, ou Internet ou salas de Chat...
A m i g o s... Tínhamos amigos... Íamos lá pra fora e os encontrávamos ou conhecíamos de novo! Caíamos de árvores, nos cortávamos, quebrávamos uma canela, um dente, e ninguém processava ninguém por isso. Eram acidentes.
Inventávamos jogos com paus e bolas de tênis e até minhocas e sapos eram dissecados por nós.
Íamos de bicicleta ou a pé para a casa de algum amigo e batíamos na porta ou tocávamos a campainha ou simplesmente abríamos a porta e entrávamos e ficávamos conversando com eles ou brincando.
As categorias “Dente de Leite” de futebol tinham jogos de teste, mas nem todo mundo passava nem ficava desesperado. Nem os papais interferiam com suas carteiras ou com suas vozes de poder. Tínhamos que aprender a ficarmos decepcionados. Imagine só!
Quebrarmos uma lei ou outra não resultava em castigo nem bronca homérica? Eles até estavam sempre ao lado da lei e da ordem... E agora? Foi essa geração que produziu alguns dos mais aventureiros solucionadores de problemas, inventores e autores de todos os tempos!
Nos últimos 50 anos nós testemunhamos uma explosão de novidades e novas idéias. Tínhamos liberdade, podíamos errar, fracassar, ter sucesso e responsabilidade, e aprendemos que não há nada melhor que ter NASCIDO LIVRES, POIS SÓ ASSIM APRENDEMOS A VIVER E SOBREVIVER!

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