*Mais do que em quaisquer outros tipos de transtornos mentais, a diversidade dos fenômenos esquizofrênicos dificultam uma orientação abrangente.
*Já se tem duvidado de que esta seja sequer possível e de que os vários fenômenos esquizofrênicos tenham o que quer que seja em comum.
*A tantas coisas diferentes aplica-se o rótulo "esquizofrenia" que este nem mesmo serve para fins de prognóstico.
*Há "Episódios Esquizofrênicos" passageiros em pessoas que na aparência estão bem quer antes quer depois dos mesmos, e há psicoses severas que terminam em demência permanente.
*Há que se diferenciar "Episódios Esquizofrênicos" e "Psicoses Processuais Malignas";
*O bebê parte de um estado de "narcisismo primário", aparelho psíquico ainda indiferenciado, ainda não existe objeto, com a descoberta destes coincide a diferenciação do ego.
*Um ego existe na medida em que está diferenciado dos objetos que não são ego.
*O ESQUIZOFRÊNICO regrediu ao narcisismo. Ele separou-se da realidade. O ego do ESQUIZOFRÊNICO colapsou, rompeu-se.
*A ESQUIZOFRENIA e a NEUROSE tem traços em comum mas a etiologia em absoluto diversa, seguem leis patológicas diferentes.
*A irracionalidade do comportamento esquizofrênico impossibilita às vezes a empatia com os pacientes.
*E ainda que se provasse SER ESSENCIALMENTE SOMÁTICA a etiologia da esquizofrenia, ainda seria importante estudar os ASPECTOS PSICOLÓGICOS desta desintegração mental que por forma heterogênea se produz.
*SINTOMAS DE REGRESSÃO NA ESQUIZOFRENIA (fantasias de destruição do mundo): Segundo Freud, a percepção interna da perda de relações objetais produz nos estados iniciais da ESQUIZOFRENIA a fantasia de que o mundo está para acabar.
*Os pacientes que experimentaram sentimentos desta ordem estão corretos, o mundo objetivo de fato, rompeu. Há vezes em que só uma parte do mundo é sentida como tendo perdido a existência.
*Ao se queixar de que o mundo parece "vazio", "sem sentido" ou "monótono", o ESQUIZOFRÊNICO refere de que sua libido se retirou dos objetos.
*Ele sente como se as pessoas fossem imagens fluídas quando afirma que se sente perplexo e abandonado neste novo mundo.
*Expressa-se também de maneira mais localizada pela despersonalização e com mais intensidade no estupor catatônico.
*Muitas ESQUIZOFRENIAS começam com despersonalização e sensações corporais hipocondríacas, aumento do tônus libidinal do corpo.
*Os sintomas corporais na ESQUIZOFRENIA incipiente não tem necessariamente o caráter de sensações intensas.
*É frequente referirem sentimentos de falta de sensações. Certos órgãos, áreas corporais ou o corpo inteiro são percebidos como se não pertencessem à pessoa.
*Tanto o acréscimo quanto o decréscimo dos sentimentos corporais alteram necessariamente a imagem corporal do paciente e fazem-no sentir-se estranho.
*Na despersonalização, o paciente enquanto se observa percebe a ausência de plenitude dos seus sentimentos, tal qual uma criança que percebe a ausência de um nome esquecido tendo-o na "ponta da língua".
*PENSAMENTO ESQUIZOFRÊNICO: Conceitos e palavras obedecem uma lógica própria, não à nossa lógica "normal", a lógica ESQUIZOFRÊNICA é idêntica ao pensamento primitivo mágico, a mesma lógica do inconsciente neurótico, da criança pequena, do homem primitivo e das "pessoas normais" fadigadas. Trata-se do modo arcaico de pensar.
*O que se vê na neurose obsessiva em grau leve encontra-se marcadamente desenvolvido na ESQUIZOFRENIA. O pensamento do esquizofrênico retrocede do nível lógico ao pré-lógico.
*As interpretações dos símbolos que os NEURÓTICOS acham tão difícil aceitar na análise, os ESQUIZOFRÊNICOS fazem-na espontaneamente, como coisa natural.
*Para o ESQUIZOFRÊNICO o pensamento simbólico não é mero processo de distorção é de fato, o tipo arcaico de pensamento que lhes é próprio.
*Nos indivíduos não psicóticos, esta modalidade de pensamento ainda atua no inconsciente, daí a impressão de que, na esquizofrenia, o "inconsciente se tornou consciente".
*IDEIAS DE GRANDEZA: A crença que o indivíduo tem na sua própria onipotência não é mais do que um dos aspectos do mundo animístico-mágico que torna a predominar nas regressões narcísicas.
*O NARCISISTA acredita de fato, nos seus devaneios, que se transformam em delírios, sente-se presidente, Deus... isso resultando da perda do juízo da realidade.
*O conteúdo dos delírios pode analisar-se tal qual se analisam os devaneios dos neuróticos e das pessoas normais.
*Os transtornos esquizofrênicos se caracterizam em geral por distorções fundamentais e características do pensamento e da percepção, e por afetos inapropriados ou embotados.
*Usualmente mantém-se clara a consciência e a capacidade intelectual, embora certos déficits cognitivos possam evoluir no curso do tempo.
*Os fenômenos psicopatológicos mais importantes incluem o eco do pensamento, a imposição ou o roubo do pensamento, a divulgação do pensamento, a percepção delirante, ideias delirantes de controle, de influência ou de passividade, vozes alucinatórias que comentam ou discutem com o paciente na terceira pessoa, transtornos do pensamento e sintomas negativos.
*A evolução dos transtornos esquizofrênicos pode ser contínua, episódica com ocorrência de um déficit progressivo ou estável, ou comportar um ou vários episódios seguidos de uma remissão completa ou incompleta.
*Segundo o Código Internacional de Doenças:
F20.6 - ESQUIZOFRENIA SIMPLES: Transtorno caracterizado pela ocorrência insidiosa e progressiva de excentricidade de comportamento, incapacidade de responder às exigências da sociedade, e um declínio global do desempenho.
*Transtorno caracterizado por um comportamento excêntrico e por anomalias do pensamento e do afeto que se assemelham àquelas da esquizofrenia, mas não há em nenhum momento da evolução qualquer anomalia esquizofrênica manifesta ou característica.
*A sintomatologia pode comportar um afeto frio ou inapropriado, anedonia; um comportamento estranho ou excêntrico; uma tendência ao retraimento social; ideias paranóides ou bizarras sem que se apresentem ideias delirantes autênticas; ruminações obsessivas; transtornos do curso do pensamento e perturbações das percepções; períodos transitórios ocasionais quase psicóticos com ilusões intensas, alucinações auditivas ou outras e idéias pseudodelirantes, ocorrendo em geral sem fator desencadeante exterior. O início do transtorno é difícil de determinar, e sua evolução corresponde em geral àquela de um transtorno da personalidade.
F20.1 - ESQUIZOFRENIA HEBEFRÊNICA: Na HEBEFRENIA, a perda do mundo objetivo, ou de todo interesse nele é de observar-se sem quaisquer outras complicações.
O EGO não realiza atividade alguma a fim de defender-se, mas dominado pelos conflitos "abandona-se". Se o presente é desagradável o EGO recai no passado, se falham novos tipos de adaptação o EGO refugia-se nos tipos infantis de receptividade passiva talvez até nos intra-uterinos.
*Campbell chamou a HEBEFRENIA de "RENDIÇÃO ESQUIZOFRÊNICA", no caso de ser por demais difícil um tipo mais diferenciado de vida, a esta se renuncia em troca de existência mais ou menos vegetativa.
*Forma de esquizofrenia caracterizada pela presença proeminente de uma perturbação dos afetos; as idéias delirantes e as alucinações são fugazes e fragmentárias, o comportamento é irresponsável e imprevisível; existem frequentemente maneirismos. O afeto é superficial e inapropriado. O pensamento é desorganizado e o discurso incoerente. Há uma tendência ao isolamento social. Geralmente o prognóstico é desfavorável devido ao rápido desenvolvimento de sintomas “negativos”, particularmente um embotamento do afeto e perda da volição. A hebefrenia deveria normalmente ser somente diagnosticada em adolescentes e em adultos jovens.
*F20.0 - ESQUIZOFRENIA PARANÓIDE: A esquizofrenia paranóide se caracteriza essencialmente pela presença de idéias delirantes relativamente estáveis, freqüentemente de perseguição, em geral acompanhadas de alucinações, particularmente auditivas e de perturbações das percepções.
*As perturbações do afeto, da vontade, da linguagem e os sintomas catatônicos, estão ausentes, ou são relativamente discretos. Os DELÍRIOS, que são falsos juízos da realidade, baseados na projeção, tem a mesma estrutura da ALUCINAÇÕES limitam-se a sensações perceptuais, ao passo que os delírios se constróem com idéias mais complicadas e sistematizadas.
*Os pacientes que tem ideias persecutórias são sensíveis à crítica e servem-se de percepções de críticas insignificantes reais, como base real do seu delírio que tendem a exagerar e distorcer para servir a este fim.
*Tal qual os "monstros" do sonho podem representar uma "ameaça" da vida cotidiana, assim o monstro do delírio paranóide pode ser um micróbio verdadeiro, falsamente apreendido. O indivíduo paranóico tem sensibilidade particular para perceber o inconsciente dos outros, sente claramente o inconsciente alheio, quando isso o capacita a deixar de ouvir o seu próprio inconsciente.
F20.2 - ESQUIZOFRENIA CATATÔNICA: A esquizofrenia catatônica é dominada por distúrbios psicomotores proeminentes que podem alternar entre extremos tais como hipercinesia e estupor, ou entre a obediência automática e o negativismo. Atitudes e posturas a que os pacientes foram compelidos a tomar podem ser mantidas por longos períodos. Um padrão marcante da afecção pode ser constituído por episódios de excitação violenta.
*Tausk mostrou que inúmeros sintomas esquizofrênicos revivem experiências do período em que o ego, no seu desdobramento, se descobriu a si mesmo e o seu ambiente.
*O modo passivo pelo qual os pacientes experimentam os seus próprios atos, como se de forma alguma atuassem mas fossem obrigados a realizar certos movimentos ou a pensar certas ideias, que sentem "introduzidas" na sua mente, relacionam-se com um estádio primitivo do desenvolvimento do ego.
*Há sintomas , por exemplo, as posturas e movimentos catatônicos que sugerem a possibilidade de ter havido até recorrência de impulsos, originados do período de vida intra-uterina.
*Os movimentos catatônicos estereotipados e certas atitudes esquisitas, ainda se reconhece a intenção proposital original, que falhando, se automatizou pela desintegração da personalidade e pela profunda regressão motora.
*Nos indivíduos 'normais' e nos neuróticos, a expressão facial é maneira decisiva de manifestar sentimentos relativos aos objetos. Que se percam, no entanto, as relações objetais, também a expressão facial perde a sua finalidade e o seu caráter pleno, tornando-se "vazia", enigmática, apenas representando tênue remanescente.
*Jung, em seu trabalho sobre ESQUIZOFRENIA, viu nas estereotipias e nos maneirismos, tentativas mórbidas de recuperar ou manter relações objetais que estão escapando. Muitas estereotipias, maneirismos, atos esquisitos são menos simples sintomas da perda das relações objetais que tentativas ativas de recuperá-las. O "riso desmotivado", caracteriza uma tentativa malograda de recuperar contato.
*F23 - TRANSTORNOS PSICÓTICOS AGUDOS E TRANSITÓRIOS: Grupo heterogêneo de transtornos caracterizados pela ocorrência aguda de sintomas psicóticos tais como ideias delirantes, alucinações, perturbações das percepções e por uma desorganização maciça do comportamento normal.
*O termo “agudo” é aqui utilizado para caracterizar o desenvolvimento crescente de um quadro clínico manifestamente patológico em duas semanas no máximo.
*Para estes transtornos não há evidência de uma etiologia orgânica. Em geral estes transtornos se curam completamente em menos de poucos meses, frequentemente em algumas semanas ou mesmo dias.
*Quando o transtorno persiste o diagnóstico deve ser modificado. O transtorno pode estar associado a um “stress” agudo (os acontecimentos geralmente geradores de “stress” precedem de uma a duas semanas o aparecimento do transtorno).
F25.0 - TRANSTORNO ESQUIZO AFETIVO DO TIPO MANÍACO: Transtorno em que tanto sintomas esquizofrênicos quanto maníacos são proeminentes de tal modo que o episódio da doença não justifica um diagnóstico quer de esquizofrenia quer de episódio maníaco. Esta categoria deveria ser usada tanto para um único episódio, quer para classificar um transtorno recorrente no qual a maioria dos episódios são esquizo afetivos do tipo maníaco.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br/
Fenichel, Otto - Teoria Psicanalítica das Neuroses
Ψ Fatima Vieira - Psicóloga Clínica
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