BORDERLINE - São diferentes dos mecanismos NEURÓTICOS os mecanismos ESQUIZOFRÊNICOS.
- Há neuróticos, que sem desenvolver PSICOSE completa, possuem tendências psicóticas, ou usam esses mecanismos sempre que ocorrem frustrações.
- Pode-se falar que são pessoas esquizofrênicas em potencial, quer dizer que "ainda não romperam com a realidade", ainda que apresentam certos sinais de que estão iniciando esta ruptura e em condições desfavoráveis de vida podem evoluir para a PSICOSE.
- Pode-se falar ainda de pessoas que "canalizaram" a sua disposição esquizofrênica: Os excêntricos que são loucos em certa área mais ou menos circunscrita, e no geral conservam o contato com a realidade.
- Ideias de REFERÊNCIA ABORTIVA, quando começam a desenvolver-se, ou, em personalidades esquizóides, de maneira contínua, permanecem às vezes, sujeitas à crítica do paciente. "Sinto como se todo o mundo estivesse olhando para mim, como se todos soubessem o que eu estou pensando; claro que não é verdade. Tive uma ideia maluca de que alguém pode por um microfone na sala, a fim de descobrir o que estou pensando."
- Há NEURÓTICOS OBSESSIVOS que sofrem da ideia obsessiva de haver perpetrado um assassinato e são obrigados, apesar de lhe perceberem a extrema irrealidade, a provar a si mesmos a falsidade da obsessão, isso sendo muito diferente da idéia de ter matado um homem.
- Há porém, "NEURÓTICOS COMPULSIVOS ESQUIZÓIDES" nos quais a fantasia se apresenta, às vezes, como o aspecto da obsessão; outras vezes, de delírio; em geral com o aspecto de obsessão; mas de delírio, quando existe certa tensão mental.
- Um paciente que estava mais próximo da ESQUIZOFRENIA que da NEUROSE OBSESSIVA, certa vez saiu de casa muito agitado, após brigar com a mãe. Pôs-se a cismar que a surrara até matá-la, o que era de suas frequentes idéias obsessivas. Desta vez, repentinamente sentiu que, de fato, praticara o ato. Foi à polícia e declarou que havia assassinado a mãe. Depois que os policiais que haviam sido mandados a sua casa retornaram e lhe disseram que não era verdade, o paciente "lembrou-se" de que, realmente, não cometera o assassinato declarado.
- Carlos Paz realiza uma experiência psicanalítica no tratamento do transtorno borderline e encontra:
- Transtornos na relação com a realidade, na qual ha alterações grosseiras ainda que transitórias, sem perda do juízo da realidade.
- Transtornos do pensamento sob a forma de idéias de referência e paranóia; - Transtornos no controle dos impulsos com explosões de raiva, violência e agressão;
- Transtornos da sexualidade com fantasias sexuais sadomasoquistas, atividade masturbatórias com fantasias eróticas perversas, promiscuidade e, eventualmente, impotência.
- Presença de ansiedades confusionais;
- Vínculo com o terapeuta característico, com viscosidade, aderência e manipulação.
- Nos casos mais graves esses fenômenos de transferência problemática são bastante primitivos e intensos, chamados por alguns autores de “transferência delirante”, ou ainda de “transferência psicótica.
- Há pessoas, simpáticas e agradáveis aos outros, que se comportam de maneira totalmente diferente com as pessoas de sua intimidade. São explosivas, agressivas, intolerantes, irritáveis, com tendência a manipular pessoas.
- Outros conseguem ser desarmônicos dentro e fora do lar; podem ser os Sociopatas.
- A patologia borderline é, sem dúvida, uma problemática psicossocial importante, já que frequentemente se associam a quadros de drogadicção, alcoolismo e violência.
- Certos autores comparam ao paciente borderline atual com os histéricos do final do século XIX e princípios do século XX. Consideram as patologias equivalentes e não sem uma boa dose de razão, considerando a histeria dita de caráter.
- Segundo o Código Internacional de Doenças, os critérios diagnósticos para F60.31 - TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE, caracterizaria por um padrão invasivo de instabilidade dos relacionamentos interpessoais, auto-imagem e afetos e acentuada impulsividade, que começa no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos, esforços frenéticos para evitar um abandono real ou imaginado.
- Um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos, caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização;
- Relações interpessoais: não suportam a solidão e o abandono, necessitam do outro em tempo integral, a todo o momento, são francamente dependentes, masoquistas e manipuladores.
- Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e resistente da auto-imagem ou do sentimento de self; Afetividade: depressão, raiva, ansiedade e desespero;
Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente prejudiciais à própria pessoa (ex., gastos financeiros, sexo, abuso de substâncias, direção imprudente, comer compulsivamente).
- Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento automutilante; Impulsos e ações: atitudes impulsivas, drogadição, álcool, auto-agressão, promiscuidade, bulimia; Instabilidade afetiva devido a uma acentuada reatividade do humor
(ex., episódios de intensa disforia, irritabilidade ou ansiedade geralmente durando algumas horas e apenas raramente mais de alguns dias).
- Sentimentos crônicos de vazio; Raiva inadequada e intensa ou dificuldade em controlar a raiva (ex., demonstrações freqüentes de irritação, raiva constante, lutas corporais recorrentes), eventuais surtos psicóticos: normalmente breves, reativos e pouco severos.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: Ballone GJ- Personalidade Borderline- in. PsiqWeb, disponível em www.psiqweb.med.br/, revisto em 2005.
- Grinker RR Sr.- Diagnosis of borderlines: a discussion, Schizophr Bull. 1979;5(1):47-52
- Gunderson JG, Kolb JE, Austin V - The diagnostic interview for borderline patients, Am J Psychiatry 1981; 138:896-903 - Mahler MS - Significance of the separation and individuation process for the evaluation of borderline phenomena, Psyche (Stuttg). (Fatima Vieira - Psicóloga Clínica)
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