sábado, 26 de março de 2011

Ψ As Plantas Nos Sonhos

imagem: Sergio Surkamp
 















A Floresta:"Menos aberta do que a montanha, menos fluida do que o mar, menos sutil do que o ar, menos árida do que o deserto, menos escura do que a gruta, mas fechada, enraizada, silenciosa, verdejante, sombria, nua, múltipla, e secreta, a floresta de faias é arejada e majestosa; a floresta de carvalhos, nos grandes caos rochosos, é céltica e druídica; a de pinheiros, nas encostas arenosas, evoca um oceano ou origens marítimas. E é sempre a mesma floresta". (Bertrand d’Astorg)
- Entre os Celtas, a floresta era santuário em estado natural.
 - Na floresta de Brocéliande, na Bretanha, os sacerdotes (druidas) reuniam-se para as cerimónias rituais.
 - Os Gregos, com a floresta de Dodona. Na Gália, aliás, os templos de pedra só foram construídos por influência romana, após a conquista.
- Também na Índia os ascetas budistas, nelas procuravam refúgio para meditar e encontrar o repouso necessário às suas práticas religiosas.
- No Japão, as florestas de coníferas são verdadeiros santuários naturais. 

- Na China, a montanha coberta por uma floresta é quase sempre o local de um templo. Mas, à semelhança dos outros símbolos, também a floresta apresenta uma vertente dual: se é local privilegiado de diálogo com os deuses, se é oásis de paz e de silêncio, também pode tornar-se devorador e terrífico, selva virgem onde espreitam mil perigos e armadilhas. 
 - Em termos psicanalíticos, a floresta se encontra entre os grandes símbolos do inconsciente. - Nos contos de fadas, lendas e mitos do mundo inteiro, abundam imagens de florestas que devem ser percorridas, desvendadas nos seus caminhos labirínticos.
 - O terror, que provocam os monstros e os segredos das florestas segundo Jung, seria o nosso medo pressentido, perante as revelações do nosso inconsciente.
 - Só atravessa a floresta o herói que ousar enfrentar os seus medos. No final como recompensa, o tesouro escondido, a Bela Adormecida, o elixir da imortalidade, o Graal...
 A ÁRVORE: Um dos grandes arquétipos da Vida. Na Técnica Projetiva do Desenho - HTP (house, tree, person), ao desenhar a árvore o sujeito estará projetando sua autoimagem. (Os frutos são os filhos, os projetos, os sonhos que deram certo e os que foram frustrados).
- Fala-se: "ele é de boa cepa"!, quando nos referimos a natureza inerente de uma pessoa (caráter). No Teste Projetivo, o indivíduo ao desenhar a árvore projeta tudo que se relaciona a personalidade no tronco e nos galhos.

 - Na Bíblia, refere-se à figueira amaldiçoada que não deu frutos.
- Segundo Buck, o tronco frequentemente, representa a área básica do autoconceito, a força do ego...
- E velhos salgueiros dando flor, quando o filho (fruto), vem já na maturidade. 
- Fala-se da árvore *genealógica e da **árvore da vida. (* laços familiares que compõem uma determinada família/ **uma das árvores especiais que Deus colocou no jardim de éden).
- A árvore representa em todas as tradições e culturas, do ponto de vista simbólico, o intermediário, entre os três níveis do cosmos:
- o nível subterrâneo – já que as suas raízes mergulham no mundo ctoniano;
- o mundo terreno – o tronco ergue-se, verticalmente, convivendo com os demais elementos da natureza;

 - Rosa: famosa pela sua beleza, forma e perfume.

 - Na Índia, a rosa cósmica (Triparasundari), serve de referência à beleza da Mãe Divina, designando perfeição total, uma realização sem defeito. - Como se verá, a rosa simboliza a taça da vida, a alma, o coração e o amor. Pode-se contemplá- la como uma mandala, e considerá-la um centro místico.
 - A rosa é, na iconografia cristã, quer o cálice que recolhe o sangue de Cristo, quer a transfiguração das gotas desse sangue, quer o símbolo das chagas de Cristo.
 - Um símbolo rosa-cruz apresenta cinco rosas: uma no centro e uma sobre cada um dos braços da Cruz. Tais imagens evocam quer o Graal, quer o orvalho celeste da Redenção.
 - A rosa no centro da Cruz (Sagrado Coração), remete também para a rosa mística das litanias cristãs, símbolo da Virgem.
 - A rosa de ouro, outrora abençoada pelo Papa no quarto domingo da Quaresma, era um símbolo de poder e de instrução espirituais. Representando uma metáfora da ressurreição e da imortalidade (a rosa, pela sua relação com o sangue derramado, aparece ainda, como símbolo de um renascimento místico). 
 - As roseiras eram consagradas a Afrodite, bem como a Atena (a deusa que nasce em Rodes, a ilha das rosas), o que parece sugerir os mistérios da iniciação.
- Para os gregos, a rosa era uma flor branca, até que Adónis, protegido de Afrodite, foi ferido de morte. A deusa ao socorrê-lo, picou-se num espinho, e o sangue coloriu as rosas que lhe eram consagradas.
- E Hécate, deusa dos infernos, era por vezes representada com a cabeça cingida por uma grinalda de rosas.

 - A rosa tornou-se, assim, um símbolo do amor, do amor puro.
- O amor paradisíaco será comparado por Dante ao centro da rosa.
 - Na alquimia branca ou vermelha, a rosa é uma das flores prediletas, cujos tratados se intitulam muitas vezes “roseiras dos filósofos”.
 - A rosa branca, ligada à pedra em branco, objetivo da pequena obra, enquanto que a rosa vermelha foi associada à pedra em rubro, objectivo da grande obra.


Referência Bibliográfica: Lévi-Strauss - O Pensamento Selvagem. Campinas,SP: Papirus, 1989.
Jean Chevalier; - Alain Gheerbrant - Dicionário dos Símbolos. Lisboa, Ed. Teorema, 1994.
(Fatima Vieira - Psicóloga Clínica)

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