“Uma pequena minoria de pessoas acha-se capacitada, por sua constituição, a encontrar felicidade no caminho do amor”. (FREUD, 1914)
"Como
se chama aquele sujeito que se obstina num 'erro', contra tudo e contra
todos, como se tivesse diante de si a eternidade para se 'enganar'? -
Relapso!"
(...) que seja de um amor a outro ou no interior do mesmo amor, não paro de 'recair' numa doutrina interior que ninguém partilha comigo.
Quando o corpo de WERTHER é levado à noite para um canto do cemitério, perto das duas tílias (a árvore do perfume simples, da lembrança e do adormecimento), "nem um só padre o acompanhava" (essa é a última frase do romance).
A religião não apenas condena, em Werther o suicida, mas também, talvez, o amante, o utópico, o desclassificado, aquele que não está 'religado' a nenhum outro ser além dele mesmo.
(...) após discutir o assunto, os cientistas concluíram: os animais não se suicidam... no máximo alguns como cavalos, cachorros - tem vontade de se mutilar.
É entretanto, referindo-se aos cavalos que Werther alude à nobreza que marca todo suicídio: Fala-se de uma nobre raça de cavalos que, quando se sentem terrivelmente acalorados, tem o instinto de eles próprios se abrirem uma veia, com uma dentada, para respirar mais livremente.
É o que acontece muitas vezes comigo: gostaria de me abrir uma veia, para me assegurar a liberdade eterna.
*Fragmentos de Um Discurso Amoroso - Roland Barthes
Ψ Fatima Vieira - Psicóloga Clínica
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