quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Ψ "A Luta Entre Eros e Tanatos se decide dentro de nós a cada instante." (Freud)

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                          Sergey Ignatenko
*O que diz a mitologia: Na mitologia grega, Eros é o deus do amor. Thanatos a personificação da morte.
*Eros, o mais belo dos deuses, com seu arco e flecha do amor atinge homens, mulheres e deuses.
*Um belo dia Eros adormeceu numa caverna, embriagado por Hipno (deus do sono, irmão de Tânatos).
*Enquanto sonhava suas flechas se espalharam pela caverna, misturando-se às flechas da morte.
*Ao acordar, Eros sem querer levou algumas flechas que pertenciam a Tanatos. Desde então Eros passou a portar flechas de amor e morte.
            *Freud se apropria do mito e cria o conceito de pulsão de vida: Eros e pulsão de morte: Tanatos, (abordados em "Mais além do princípio do prazer" e "Mal-estar na civilização").

*Eros teria a função de amalgamar partículas fragmentadas da substância viva e criar unidades cada vez mais complexas, buscando preservar o organismo vivo e a espécie.

*O instinto de vida garante a autopreservação das espécies, a sobrevivência e reprodução do indivíduo.

*Eros inclui tudo que visa o prazer (como o contato físico, alimentação, energia, movimento, alegria).

*A energia psíquica de Eros é referida como libido ou o impulso vital como um dos instintos primários principais que determinam o comportamento humano, ao lado da morte.

*No entanto, a pulsão de vida não atua de forma isolada. Por isso a existência no ser humano de uma ambivalência em tudo que ele pensa, faz e sente.

*Onde há amor deve haver ódio, toda sexualidade necessita de um grau de agressividade, em proporções variadas. Essas polaridades são os cernes dos conflitos psíquicos.
 *A pulsão de morte também está presente e age de forma silenciosa.

*É o que Freud define como o mal-estar intrínseco a cultura: a destrutividade do ser humano, voltada para si mesmo ou para os outros -  esse algo que existe e que foge a norma e a criação de sentidos.

*Dostoiévski refere que tememos o fato de que secretamente sabemos da existência de um demônio oculto, que habita todo homem.

*A Sombra é um dos conceitos mais importantes da teoria junguiana. O mal, na psicologia profunda, pode ser associado ao arquétipo da sombra que representa o lado escuro e desconhecido do Si Mesmo.

*A sombra é tudo aquilo que eu desconheço ou não aceito em mim.

*Nela está contida toda a potencialidade inconsciente, aspectos altamente construtivos ou destru0tivos.

*Reconhecê-la é o primeiro passo para a ampliação da consciência e para um melhor relacionamento com si mesmo e com o mundo.

*Pois toda sombra tende a ser projetada e, consequentemente, as projeções geram mau humor, intolerância e dificuldades para os diversos tipos e níveis de relacionamentos.

*Com isso podemos concluir que todas as doenças - físicas, psíquicas, sociais ... são projeções sombrias que precisam ser conscientizadas e integradas na consciência.

“Vergonha, culpa, orgulho, medo, ódio, inveja, carência e avidez são subprodutos inevitáveis da construção do ego. Eles estimulam a polaridade entre o sentimento de inferioridade e a vontade de poder. Eles são os aspectos da sombra da primeira emancipação do ego." (Edward C. Whitmont)
     
*A vida se mostra, faz barulho, é conflito.

*Já a morte é taciturna, quase invisível.

*Trabalhando para Eros, a pulsão de morte pode ser intensamente criativa.
                                                                                                                               Klimt
 *Garcia-Roza (1995), refere que a partir do destruição causada pela pulsão de morte é que se pode ir em busca do diferente, do novo.

*A agressividade humana pode e deve ser canalizada em prol da vida.

*É preciso que conheçamos esse “demônio oculto” e que o coloquemos para trabalhar a nosso favor.

*Quando Freud (1920), constrói a hipótese da pulsão de morte ele amplia conceito de pulsão, que passa a ser compreendido como um impulso inerente à vida, algo anterior à sexualidade, anterior a representação psíquica, algo que não é visível, nem dizível.

*A pulsão de morte está para além do princípio do prazer, além do aparelho psíquico e só se mostra quando ligada à pulsão de vida.

*Tanatos entendido como pulsão de destruição é pura dispersão, potência dispersa.

*Por isso Freud irá afirmar que ela é uma pulsão por excelência.

*A pulsão de vida seria algo já capturado pelo psíquico, cujo objetivo também seria conduzir o organismo à morte, mas a própria morte, preservando a vida para que ela morra ao seu próprio modo. (Freud, 1920)

Fonte: JUNG, C. G. A Natureza da Psique, Petrópolis, Vozes, 1984.
JUNG, C. G. O Eu e o Inconsciente, Petrópolis, Vozes, 1984.
Rodrigues M., Samara - Psicóloga Mestranda  Universidade Estadual de Maringá. Eros e Tanathus - Nossas Porções de Vida e Morte
Freud, S. (1920). Além do princípio de prazer. In: Escritos sobre Psicologia do Inconsciente, vol. II. (Luiz Alberto Hanns, trad). Rio de Janeiro: Imago, 2006.
Freud, S. (1923) O Eu e o Id. In: Escritos sobre Psicologia do Inconsciente, vol. III. (Luiz Alberto Hanns, trad). Rio de Janeiro: Imago, 2007.
Freud, S. (1930) O Mal estar na Cultura. (Renato Zwick, trad). Porto Alegre: 2011. 
Ψ Fatima Vieira - Psicóloga Clínica

5 comentários:

Adriano Zuba Braga disse...

Meus parabéns!! Vc atende em telepsicologia?

psique disse...

Oi Adriano Suba Braga... obrigado ... só atendo presencial... abraço Fátima Vieira

DantesPeak Universe disse...

Viva thanos

Erika caldeira disse...

Eu atendo! @erikacaldeirapsicanalise

Anônimo disse...

Excelente explanação acerca da batalha entre a vida e a morte, a favor da vida nessa luta está a psicologia.