sábado, 23 de abril de 2011

Eu Te Amo! Não Basta!

imagem: Rodin



 
 
















- Passada a primeira confissão, o "eu te amo" não quer dizer mais nada, retoma ao seu modo enigmático, ou repete-se sem nenhuma pertinência.
- Eu-te-amo não é uma frase: não transmite um sentido, mas prende-se a uma situação-limite: "aquela em que o sujeito está suspenso numa relação especular com o outro", é uma holofrase.
- Não há mais nenhuma informação além do seu dizer imediato.
- Apesar de dito milhões de vezes, eu-te-amo não está no dicionário, é uma figura cuja definição não pode exceder o título.
Não pertence à linguística, talvez seria próximo à música, o desejo é gozado. O gozo não se diz; mas ele fala e diz: eu-te-amo.
- Ao eu-te-amo diferentes respostas mundanas: eu não, não acredito... mas a verdadeira rejeição é: "não há resposta" !!!
- Sou anulado se sou rejeitado, e pior, sou rejeitado como sujeito falante, "não há resposta", estou expulso do poder de questionar, estou como que morto, para sempre
EU TAMBÉM! não é uma resposta perfeita: é preciso que o amado diga: EU TAMBÉM TE AMO!
- A Fera - retida encantada em sua feiúra - ama a Bela; esta evidentemente não ama a Fera, no final, já vencida (pelas conversas?), ela lhe diz a palavra mágica: "Eu A Amo Fera"... e um novo sujeito aparece.
Roland Barthes - Fragmentos de Um Discurso Amoroso
(Fatima Vieira - Psicóloga Clínica)

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