quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Dom Paulo Evaristo Arns, o cardeal que desafiou a Ditadura Militar no Brasil

"O valor do homem como pessoa é maior que todo dinheiro do mundo”

"No Brasil, é necessário lutar pelos direitos de todos e pelo fim da exclusão social.”

A miséria degrada o homem na sua dignidade e o degradado parte para a violência, única e desesperada arma de defesa.” 

*Doutor em teologia, filosofia e letras, Arns teve sua trajetória - dentro e fora da Igreja - marcada pela defesa incondicional dos direitos humanos. 

*Foi um dos maiores críticos do regime militar que assolou o Brasil a partir de 1964.

*Além de lutar contra a ditadura, defendeu perseguidos políticos, sindicalistas, apoiou campanhas contra o desemprego e participou do movimento pelas eleições diretas no início da década de 80.

*Desafiou frontalmente o regime militar ao celebrar ato ecumênico em memória de Vladimir Herzog, uma semana depois do jornalista ser morto pela ditadura.

*Em torno de oito mil pessoas se reuniram na Catedral da Sé, centro de São Paulo, para a celebração que foi comandada por ele, pelo rabino da Confederação Israelita Paulista, Henry Isaac Sobel, e pelo reverendo Jaime Nelson Wright, pastor presbiteriano.

(...) Os estudantes da USP me procuraram em 1973 quando um colega [Alexandre Vannucchi Leme] foi assassinado pelos órgãos de segurança.

*Os estudantes se reuniram, uns 10 mil, e mandarem representantes à minha casa, à noite, para que eu fosse lá falar aos alunos.

*Eu disse que era melhor reunir os estudantes, mas não dava para fazer no campus da universidade, porque ele estava cercado por policiais e oficiais do Exército. 

(...) Então, decidi fazer na catedral. Eu disse: 'Na catedral, nós falamos o que queremos, e nós falaremos aos estudantes. Encham a catedral de estudantes e de povo, que nós diremos a verdade'.

*E foi o que eles fizeram. Às 15h, eu fui lá, fiz aquele ato solene em favor do estudante e celebrei a missa para o falecido.

*Fiz o sermão sobre o 'não matarás!', o mandamento central dos 10 mandamentos. Foi sobre isso que eu falei para eles, e eles participaram, vivamente, da missa e de toda manifestação religiosa posterior.

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